terça-feira, 11 de março de 2008

Roseira, botão de gente



A força
Que eu tive no momento
Tecendo o teu corpo
A primeira vez
Está agora no teu ventre
Em movimento
No filho que a gente fez


Depois irá pouco a pouco
Ficando maior
Por dentro de ti
E o teu corpo me segreda
Quando toco
Que o meu filho está ali


Eu fui a semente
Tu és o canteiro
Dum cravo de carne
Que tem o meu cheiro
Eu fui o arado
Tu és a seara
Seara de trigo sem fim
Seara lavrada por mim


O que um homem sente
Quando a companheira
Dá flor no presente
Para a vida inteira
É como se o sangue
Fosse uma fogueira
Roseira, botão de gente
Rosa da minha roseira


A vida que tece outra vida
É vida parida
É vida maior
Tens agora a palpitar
A minha vida
No teu ventre, meu amor


Depois
O sangue dos dois
Será vida nova
Será uma flor
Flor de carne a despontar da primavera
Do teu ventre, meu amor



José Carlos Ary dos Santos



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