domingo, 10 de agosto de 2008

Morreu Mahmud Darwich, poeta dos palestinos...

"A obra de Mahmoud Darwich é um exemplo não apenas do conflito entre as diferenças, mas também não nos faz esquecer a impressão geral de fazer de sua poesia uma filha de seu tempo. A poesia de Darwich é um eco do estado de urgência em que se encontra o povo palestino face à interrogação sobre as referências coletivas, sejam elas jurídicas, morais ou culturais. É exemplar enquanto abre espaço para a reflexão sobre a necessidade de compreender a diferença cultural como produção de identidades, para a reflexão de como o escritor imigrante/exilado expressa através de sua obra os “entre-lugares” e de como a sua escrita ultrapassa fronteiras, sejam elas culturais, geográficas, políticas ou sociais. Sua obra leva também à reflexão sobre o mundo contemporâneo e o papel do poeta como intelectual representativo de uma coletividade, a Palestina, no exílio. Colocado neste “entre-lugar”, como mediação entre culturas tão diversas e, ao mesmo tempo, aproximadas pelas trocas que caracterizam o mundo contemporâneo, o escritor faz incidir sobre sua escrita a reflexão tão atual sobre o papel e o lugar da literatura num mundo dividido e contraditório como o nosso, bem como o papel do intelectual, no dizer de Edward Said, como aquele que faz a opção por uma condição de exilado". "


Alexandra Silva Montes


"Mahmud Darwich, considerado por muitos como o poeta dos palestinos, morreu, este sábado, aos 67 anos, num hospital dos EUA. A Autoridade Palestina declarou três dias de luto nacional pela morte deste poeta.

Um dos maiores poetas do mundo árabe, por muitos considerado como o poeta dos palestinos, Mahmud Darwich, morreu, este sábado, aos 67 anos, num hospital de Houston, nos Estados Unidos, devido a problema cardíacos.

Darwich, tornou-se famoso em particular pelo seu poema «Identidade», de 1964, que falava da obrigatoridade do preenchimento de um formulário israelita e que se transformou num hino rpetido por todo o mundo árabe.

Este poeta, que estava em estado crítico na sequência de intervenção cirúrgica, nasceu na Galileia, em 1941, numa altura em que o território, agora parte do Estado de Israel, estava sob administração britânica.

Darwich, que fugiu para o Líbano após a sua aldeia ter sido arrasada na sequência da guerra israelo-árabe em 1948, escolheu o exílio nos anos 70, tendo partido para Moscovo e depois para o Cairo, onde estudou.

Mahmud Darwich aderiu depois à Organização de Libertação da Palestina voltou a ser obrigado ao exílio quando se encontrava em Beirute ao serviço da OLP durante o Verão de 1982.

Em 1993, demitiu-se da OLP em protesto contra os acordos de Oslo, tendo voltado a território israelita pela primeira vez após o seu exílio apenas em Maio de 1996.

Em particular, Darwich criticou a «mentalidade israelita de guetto» e a política israelita que, na sua opinião, impediu a criação de Estado palestino viável.

A Autoridade Palestina anunciou, entretanto, três dias de luta nacional pela morte de Darwich, cuja obra testemunhou os dramas do exílio e ocupação vividos pelo seu povo.

O presidente palestino, Mahmud Abbas, considerou que o poeta «incarnou a vontade palestina de liberdade e independência» e mostrou-se triste pela «perda de estrela que brilhva no firmamento cultural árabe»."
in TSF, 10-8-2008

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