quinta-feira, 2 de setembro de 2010

José Régio tão actual em 1969, como hoje...


Sátira ao prometido aumento de vencimentos em Janeiro de 1969
(em memória de Aurélio Cunha Bengala)



Surge Janeiro frio e pardacento,
Descem da serra os lobos ao povoado;
Assentam-se os fantoches em São Bento,
E o Decreto da fome é publicado.

Edita-se a novela do Orçamento;
Cresce a miséria ao povo amordaçado;
Mas os biltres do novo parlamento
Usufruem seis contos de ordenado.

E enquanto à fome o povo se estiola,
Certo santo pupilo de Loyola,
Mistura de judeu e de vilão,

Também faz o pequeno "sacrifício"
De trinta contos, - só! - por seu ofício,
Receber, a bem dele... e da nação.
.


Em 1969 no dia de uma reunião de antigos alunos, assino este soneto
José Régio


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