segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

SONHO




Com o corpo coberto por cetim
Vieste ter comigo de madrugada
Fizeste despertar o desejo em mim
Ó minha febricitante e doce amada
O vento agreste, quase gelado da rua
Empurrou-te para mim, caminheira
Quando o cetim vermelho deslizou ficaste nua
Ficámos ambos nus frente à lareira
Fizemos amor até ao romper da aurora
O bolero de Ravel tocou vezes que nem sei
Eu não queria, tu não querias, ir embora
Foi quando, agitado, entretanto, acordei.



Alberto João Catujaleno,
Muge, 30 de dezembro de 2019


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