Eu sou português aqui em terra e fome talhado feito de barro e carvão rasgado pelo vento norte amante certo da morte no silêncio da agressão.
Eu sou português aqui mas nascido deste lado do lado de cá da vida do lado do sofrimento da miséria repetida do pé descalço do vento.
Nasci deste lado da cidade nesta margem no meio da tempestade durante o reino do medo. Sempre a apostar na viagem quando os frutos amargavam e o luar sabia a azedo.
Eu sou português aqui no teatro mentiroso mas afinal verdadeiro na finta fácil no gozo no sorriso doloroso no gingar dum marinheiro.
Nasci deste lado da ternura do coração esfarrapado eu sou filho da aventura da anedota do acaso campeão do improviso, trago as mãos sujas do sangue que empapa a terra que piso.
Eu sou português aqui na brilhantina em que embrulho, do alto da minha esquina a conversa e a borrasca eu sou filho do sarilho do gesto desmesurado nos cordéis do desenrasca.
Nasci aqui no mês de Abril quando esqueci toda a saudade e comecei a inventar em cada gesto a liberdade.
Nasci aqui ao pé do mar duma garganta magoada no cantar.
Eu sou a festa inacabada quase ausente eu sou a briga a luta antiga renovada ainda urgente.
Eu sou português aqui o português sem mestre mas com jeito. Eu sou português aqui e trago o mês de Abril a voar dentro do peito.
Poesia in 'Eu sou português aqui' - Obras de José Fanha - Ulmeiro – 1995
'Grândola, Vila Morena', canção composta e cantada por Zeca Afonso, foi escolhida pelo Movimento das Forças Armadas (MFA) para ser a segunda senha de sinalização da Revolução dos Cravos. A canção refere-se à fraternidade entre o povo de Grândola, vila do Alentejo. Às zero horas e vinte minutos do dia 25 de Abril de 1974, a canção foi transmitida pelo programa independente 'Limite' através da Rádio Renascença como sinal para confirmar o início da revolução. Também por esse motivo, transformou-se em símbolo da revolução, assim como do início da democracia em Portugal.
"E Depois do Adeus" foi a canção que serviu de primeira senha à revolução de 25 de Abril de 1974.
Com a transmissão de "E Depois do Adeus", pelos Emissores Associados de Lisboa às 22h55m do dia 24 de Abril de 1974, era dada a ordem para as tropas se prepararem e estarem a postos.
Com letra de José Niza e música de José Calvário, a canção foi escrita para ser interpretada por Paulo de Carvalho na 12.ª edição do Festival RTP da Canção, do qual sairia vencedora.
Parabéns, Sandro! smile emoticon Obrigado por seres o Filho, o Irmão, o Neto, o Primo, o Amigo e, sobretudo, o Grande Pai que és! heart emoticon Obrigado, Donzília, por me teres dado e educado o Grande Ser Humano que é o nosso Filho! heart emoticon
"Penso em Eanes quando penso na minha candidatura"
(Sampaio da Nóvoa em entrevista ao Jornal de Notícias)
Ora, veio-me à memória aquele dia do ano de 1980 em que Mário Soares decidiu retirar o apoio à recandidatura de Eanes à Presidência da República.
Como a vontade dos restantes membros do Secretariado (Zenha, Constâncio, Guterres, entre outros, que ficaram para sempre conhecidos como membros do ex-Secretariado) do Partido Socialista - Sede Nacionalera contrária à sua, Soares abandonou o cargo de Secretário-Geral do partido.
Também me veio à memória que Eanes não resistiu à tentação de criar, a partir do Palácio de Belém, um partido político, o PRD, que obteve 17,92% nas Legislativas de 1985, que dividiu o eleitorado Socialista, e valeu a maior humilhação eleitoral do PS (20,77%), com Almeida Santos a dar a cara como "candidato" a primeiro-ministro.
Quando pensa em Eanes, Nóvoa estará a pensar em repetir aquela proeza?
O que é feito da memória de Mário Soares?
O que é feito da memória colectiva do Partido Socialista?
Se a pretensão de qualquer Presidente da República é estar acima das querelas partidárias e ser Presidente de TODOS os Portugueses, porque razão há candidatos que procuram ser apoiados por partidos políticos, e estes decidem, enquanto partidos, apoiá-los, em vez de deixarem o povo escolher livremente?