Destas mãos que falam, saem gritos d'alma, gemidos de dor, às vezes, letras com amor, pedaços da vida, por vezes sofrida, d'um quase iletrado escritor. Saem inquietações, também provocações, com sabor, a laranjas ou limões. Destas mãos que falam, saem letras perdidas, revoltas não contidas, contra opressões, das nossas vidas! (Alberto João)

quarta-feira, 12 de maio de 2021

63 anos de vida. Um hino. Um desígnio.




CÂNTICO NEGRO
“Vem por aqui”- dizem-me alguns com olhos doces,
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: “vem por aqui”!
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos meus olhos, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali…
A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
—Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre a minha Mãe.
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos…
Se ao que busco saber nenhum de vós responde,
Por que me repetis: “vem por aqui”?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
a ir por aí…
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas, e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?…
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos…
Ide! tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátrias, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios.
Eu tenho a minha Loucura!
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios…
Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: “vem por aqui”!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou…
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
—Sei que não vou por aí!
(José Régio)

CONVENTO DE JERICÓ – SÃO BACO

Esta tarde visitei o Convento de Jericó.



O Convento de Jenicó ou Jericó, como é conhecido o Convento de Nossa Senhora da Piedade de Salvaterra de Magos era masculino, e pertencia à Ordem dos Frades Menores da Província da Arrábida e situa-se nas imediações da vila de Benavente e Salvaterra de Magos, Portugal.
Este era construído no sopé de uma pequena elevação, onde em 1626 foi construído um novo edifício de que hoje apenas restam algumas ruínas. Desta segunda construção, ainda podemos ver os seus muros exteriores, o arranque de arcarias e uma pequena capela, dedicada a São Baco.



O Convento de Frades Arrábidos, era construído segundo os preceitos da Ordem Religiosa a que pertenciam. A construção obedeceu a critérios de pobreza e não tinha quaisquer elementos de ostentação; possuía um só dormitório no piso superior, oficinas e uma capela. No piso inferior, tinha a casa de habitação do Infante e um pequeno claustro, cujos lados eram formados por dois arcos que assentavam numa coluna de jaspe. Nesta construção, existiam painéis de azulejos, que foram retirados e aproveitados para revestir as paredes da actual Igreja da Misericórdia de Benavente.



 

Destruído pelo terramoto de 1858, são ainda visíveis as ruínas do antigo convento quinhentista. Este Convento de Frades Arrábidos foi criado pelo Infante D. Luís em 1542, grande devoto de S. Baco, do qual há uma escultura na capela privativa do Infante.
Esta capela, dedicada a São Baco, é dos poucos pormenores que ainda restam, e pode ser visitada todas as quartas-feiras, das 8 às 17 horas.
Localização:
Este convento situa-se a quase 4 quilómetros a norte de Benavente e a cerca de 1800 metros a sudoeste de Salvaterra de Magos.

O SEU A SEU DONO


Sou sócio do Sporting e militante do Partido Socialista.
Contrariamente ao que é habitual (neste país somos useiros e vezeiros a atacar os rivais e adversários, esquecendo de atacar os nossos erros), sinto necessidade de expressar publicamente a revolta que senti durante toda a noite passada ao ver a forma irresponsável como milhares de adeptos do meu clube comemoraram a conquista do título de Campeão Nacional.
Senti vergonha daquilo que vi pela TV, até às 4h30 da madrugada.
Também não posso deixar de constatar que, mais uma vez, ficou provado que o meu país não tem um Ministro da Administração Interna à altura do difícil momento que atravessamos.




 

terça-feira, 11 de maio de 2021

SPORTING CAMPEÃO - 19 ou 23 TÍTULOS?


O autocarro panorâmico que irá transportar os jogadores e equipa técnica do meu Sporting pelas ruas de Lisboa para festejar o título de campeão nacional (pode acontecer hoje, se o meu clube vencer o Boavista) já está pronto para a festa.
Nas inscrições do autocarro destaco a frase "Eu sou campeão" e a alusão ao 23.º título nacional.
Ora, a Federação Portuguesa de Futebol reconhece apenas 18 títulos de campeão ao Sporting, mas o meu clube conta, além dos 18, os quatro campeonatos de Portugal que conquistou entre 1921 e 1940.



 

MEMÓRIAS - VIVER E MORRER EM NOME DAS FP-25



 

Esta manhã estive cerca de 4 horas agarrado a este livro.
Desde o seu lançamento, em 2005, foi a terceira ou quarta vez que o fui buscar à estante.
A leitura das suas 355 páginas não é nada fácil para quem conheceu e foi amigo de muitos dos intervenientes na coisa.
Não, não fiz parte das FP-25, mas... participei na fundação da OUT (Organizão Unitária de Trabalhadores), que foi a componente legal do Projeto Global que, para além da OUT (mais tarde FUP - Frente de Unidade Popular), tinha outras componentes. Uma dessas componentes era a ECA (Estrutura Civil Armada) que eu soube, através deste livro, usou publicamente, nas suas ações armadas, a designação de Forças Populares 25 de Abril.
Ou seja, andei perto do "lume" e só não me queimei porque, depois de participar em meia-dúzia de reuniões, tive a intuição que havia ali algo que estava errado e saltei fora.
Resumindo: num vida repleta de erros, algumas vezes tive a sorte do meu lado. 🙂

segunda-feira, 10 de maio de 2021

António Barreto: 'A justiça do antigo regime era mais séria que a de agora'


 

Percurso político de António Barreto:

Foi militante do Partido Comunista Português entre 1963 e 1970, aderindo, após o 25 de abril de 1974, mais precisamente em dezembro desse ano, ao Partido Socialista.

Eleito deputado à Assembleia Constituinte, no ano seguinte, em 1975, seria membro do VI Governo Provisório (Pinheiro de Azevedo), como Secretário de Estado do Comércio Externo, e do I Governo Constitucional (Mário Soares), como Ministro do Comércio e Turismo, primeiro, e da Agricultura e Pescas, depois.

Fruto da sua passagem governativa como Ministro da Agricultura ficaria com o seu nome associado à alteração legislativa preparada no seu gabinete — a «Lei Barreto». Essa alteração pretendia redefinir o caminho da Reforma Agrária, procurando contrariar o modelo de expropriação e concentração que vinha sendo seguido pela extrema-esquerda e pelo PCP, desde o 25 de abril.

Afastou-se do PS para apoiar o projeto da Aliança Democrática, liderado por Francisco Sá Carneiro, com o efémero Movimento dos Reformadores, criado com José Medeiros Ferreira e Francisco Sousa Tavares, em 1978.

 Em 1985, apoiou Mário Soares, no MASP I (Primeiro Movimento de Apoio Soares à Presidência) para as eleições presidenciais portuguesas de 1986.

Na legislatura de 1987 a 1991, foi de novo deputado à Assembleia da República, pelo PS, estrutura da qual se afastou definitivamente na década de 1990.



Curiosidades curiosamente curiosas


Sabias que junto à Assembleia da República, no nº. 294 da Rua de São Bento, em Lisboa, existe uma loja (Rádio São Bento – O Barateiro da Casa Amarela), que vende Tachos, Panelas e Penicos?




 

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"Horta do Zorate" é o blogue pessoal de Alberto João (Catujaleno), cidadão do mundo em autoconstrução desde 1958.