Destas mãos que falam, saem gritos d'alma, gemidos de dor, às vezes, letras com amor, pedaços da vida, por vezes sofrida, d'um quase iletrado escritor. Saem inquietações, também provocações, com sabor, a laranjas ou limões. Destas mãos que falam, saem letras perdidas, revoltas não contidas, contra opressões, das nossas vidas! (Alberto João)

terça-feira, 21 de junho de 2022

Lembrei-me de António Costa e... COMPREI UM BURRO!



Farto destes incríveis e escandalosos aumentos dos combustíveis, vendi o carro velho que o meu amigo Toni proibiu de entrar em Lisboa, e cuja proibição foi mantida por Medina e Moedas, e deixei de andar de Táxi, Metro e outros transportes públicos, que também se aproveitam para aumentar os seus preços.

Coloquei uma manjedoura na garagem onde guardava o "chaço" e comprei um BURRO.
Em segunda mão, com a pelagem já um pouco russa e com os dentes muito desgastados, mas que anda muito bem.
Mesmo na sua mais louca velocidade não corro o risco de ficar sem a carta de condução.
Aliás, nem é preciso carta de condução, inspeção, seguro e IUC (Imposto Único de Circulação).
Arranjo sempre lugar para estacionar e nunca nenhum fiscal da EMEL me incomodou por não lhe ter colocado na testa o bilhete do parquímetro.
Anda sempre, mesmo quando já não tem favas, milho, cevada, aveia, trigo, cenouras e feno na barriga.
Nunca me deixou parado no meio de uma subida, obrigando-me a andar quilómetros para lhe ir buscar favas.
Passei a chegar a horas ao "Ai se eu te pego".
Não anda tão depressa como um chaço velho, muito menos que um Ferrari, mas, tal como o meu amigo Toni demonstrou em 1993 (na sua candidatura à Câmara de Loures), chega mais depressa.
Rio-me dos engarrafamentos.
O BURRO esgueira-se lindamente por entre os carros parados e por cima dos passeios.
Até sobe e desce escadas, onde não existe acesso para pessoas com mobilidade reduzida.
E é completamente ecológico.
Não consome gasolina, gasóleo nem óleo, mas produtos inteiramente biológicos e degradáveis, como favas, cenouras, cevada e outros ferrejos (verduras).
Quando o estaciono em jardins ou relvados, autoabastece-se automaticamente.
E aquilo que sai pelo seu tubo de escape não polui o ar nem faz buracos no ozono.
As suas bostas são do melhor fertilizante que há para a agricultura e, consequentemente, a minha horta fica muito agradecida.
Estou a treiná-lo para dar coices em situações de Burro-Jacking.
Em Salvaterra de Magos, onde moramos os dois, quando ele zurra todos dizem (ou pensam!):
"Olha! Lá está o Burro do Alberto a zurrar!"



 

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"Horta do Zorate" é o blogue pessoal de Alberto João (Catujaleno), cidadão do mundo em autoconstrução desde 1958.