Destas mãos que falam, saem gritos d'alma, gemidos de dor, às vezes, letras com amor, pedaços da vida, por vezes sofrida, d'um quase iletrado escritor. Saem inquietações, também provocações, com sabor, a laranjas ou limões. Destas mãos que falam, saem letras perdidas, revoltas não contidas, contra opressões, das nossas vidas! (Alberto João)

sábado, 16 de dezembro de 2023

QUANDO A CASA DOS AVÓS SE ENCERRA



 

Um dos momentos mais tristes da nossa vida é quando a porta da casa dos nossos avós se fecha para sempre.
Uma vez fechada aquela porta, não haverá mais tardes felizes com tios, primos, sobrinhos, pais, irmãos e irmās.
Vocês ainda se lembram disso?
Não precisávamos de ir ao restaurante aos domingos.
Íamos para a casa dos nossos avós.
No Natal, toda a família junta.
A mesa era muito longa e sempre farta, cabiamos lá todos, mesmo quando a fome e pobreza faziam parte da família.
Hoje a casa está fechada e só resta a poeira.
Uma placa de venda.
Ninguém quer aquela casa.
Ela é antiga.
Tem que ser remodelada.
É muito caro...
Vocês sabem o que vale a casa dos nossos avós.
A casa dos nossos avós não tem valor para os outros.
E assim passam os anos.
Não há mais presentes para desembrulhar.
Fritos para comer...
Quando a casa dos nossos avós se fecha, nós nos encontramos adultos sem perceber quando deixámos de ser crianças.
Claro que para os avós, sempre seremos pequenos e indefesos.
Sempre.
Os avós sempre tinham café pronto.
Um pão fresco.
O vinho.
Os doces...
Depois tudo acaba.
Não há mais músicas.
Não se faz mais massa caseira...
Vocês foram embora cedo demais...
Fica a saudade e as boas recordações.
Obrigado Avô e Avó por tudo quanto nos ensinaram e pelo bom exemplo.

(autor desconhecido)

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"Horta do Zorate" é o blogue pessoal de Alberto João (Catujaleno), cidadão do mundo em autoconstrução desde 1958.