O maestro que adorava lingerie de senhora, charutos e andar de balão
Miguel Graça Moura foi acusado do crime de peculato por apropriação indevida de bens. Durante os 11 anos dirigiu a Orquestra Metropolitana de Lisboa o total dos fundos públicos indevidamente gastos a título pessoal ascende a 720 mil euros.
"Para estimar o total de 720 mil euros, o Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa considerou despesas efectuadas pelo maestro, indistintamente com cartões de débito e crédito, próprios e da AMEC, de 1996 a 2001. Entre elas estavam a renda e gastos relativos à casa do maestro, estadias em estâncias de luxo, passagens aéreas em primeira classe - em nome do maestro e de terceiros, alheios à associação -, viagens de balão e helicóptero, limusinas, artigos de decoração, vestidos, charutos cubanos, jóias e até lingerie." CM
Se houvesse dúvidas em relação ao uso tresloucado da batuta pelo maestro Graça Moura, elas diluem-se facilmente depois destes números: viagens em seu nome e não só- 214.377 euros, com destinos como os Estados Unidos, Argentina, México, Tailândia e Singapura (muitas em 1ª classe). Entre 1996 e 2002, o maestro apresentou gastos em refeições superiores a 80 mil euros. Em CD e livros apresentou despesas de 52.542 euros. Quanto a compras diversas, desde aparelhagens áudio, gravadores, jóias, vinhos, mobiliário e obras de arte, Graça Moura terá gasto mais de 240 mil euros.
Cada um gasta o que quer e ninguém tem nada a ver com o assunto. E eu acho que é de louvar que alguém gaste o dinheiro que tanto lhe custou a amealhar em passeios de balão e de helicóptero se é um sonho ou ambição antiga. O assunto aqui só começou porque o maestro Graça Moura fazia uma certa confusão entre o dinheiro dele e o dos fundos públicos que geria, o que é lamentável. E vai daí desatou a comprar cuequinhas e soutiens com o dinheiro que supostamente seria para a Orquestra. Ora como a Orquestra que se saiba nunca actuou em lingerie levantou-se um problema. Quem usava as cuequinhas de renda? Quem bebia o vinho? Quem andava no balão? E o que para o maestro durante algum tempo deve ter sido um enorme prazer acabou por se tornar numa grande chatice.
Em relação a este senhor eu só tenho a dizer uma coisa. Caso se prove, e não parecem restar grandes duvidas, de que foram usados fundos públicos num montante obsceno durante anos de forma leviana e para seu uso privado e descarado, espero que pelo menos durante o mesmo número de anos vá dirigir a orquestra sinfónica do Estabelecimento Prisional do Linhó. E se entender que os músicos detidos devam actuar em cuequinhas de renda força, desde que as pague do seu próprio bolso.
Texto e imagem in Expresso online, 17-01-2011
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