Destas mãos que falam, saem gritos d'alma, gemidos de dor, às vezes, letras com amor, pedaços da vida, por vezes sofrida, d'um quase iletrado escritor. Saem inquietações, também provocações, com sabor, a laranjas ou limões. Destas mãos que falam, saem letras perdidas, revoltas não contidas, contra opressões, das nossas vidas! (Alberto João)

sábado, 19 de maio de 2012

Depois disto Miguel Relvas tem condições para continuar no Governo?


«Uma jornalista do PÚBLICO que tem acompanhado o caso das secretas foi alvo de uma pressão por parte do ministro dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, que a direcção do PÚBLICO considerou inaceitável e que motivou um protesto da direcção do jornal, apresentado esta sexta-feira pela directora do PÚBLICO, Bárbara Reis. O ministro pediu em seguida desculpa ao jornal.





Num telefonema à editora de política do jornal, na quarta-feira, Miguel Relvas ameaçou fazer um blackout noticioso do Governo contra o jornal e divulgar detalhes da vida privada da jornalista Maria José Oliveira, de quem tinha recebido nesses dias um conjunto de perguntas relativas a contradições nas declarações que prestara, no dia anterior, na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias.

O PÚBLICO perguntou ao ministro Miguel Relvas se apagara as mensagens electrónicas que recebera do antigo director do SIED, Silva Carvalho. Perguntou também porque é que tinha dito ter recebido um clipping de uma notícia sobre uma viagem de George W. Bush ao México, uma vez que Bush já não era presidente dos Estados Unidos à data em que o ministro dos Assuntos Parlamentares disse ter conhecido Silva Carvalho (depois de 2010). E ainda por que razão Silva Carvalho lhe enviara um SMS com propostas de nomeações para os serviços secretos e qual a data destas mensagens.

Estes factos tinham sido já noticiados na edição impressa do jornal. A informação nova em relação aos factos já conhecidos era apenas uma: o ministro não aceitou responder.

Por isso, a direcção entendeu que não havia matéria publicável e que o trabalho seria continuado no sentido de procurar novos factos. Essa foi também a avaliação de três editores, do online e do papel, sem terem comunicado entre si, antes de o ministro Miguel Relvas ter telefonado à editora de política.

Até hoje nenhuma notícia sobre o caso das secretas deixou de ser publicada e nenhum facto relevante sobre esta matéria deixou de ser do conhecimento dos leitores. O PÚBLICO tem dado ao tema um destaque particular, com inúmeras manchetes.

Foi no seguimento da investigação jornalística do PÚBLICO que o envio de um e-mail e de SMS de Jorge Silva Carvalho, ex-chefe do SIED, foi conhecido, o que resultou na convocação de Miguel Relvas para prestar esclarecimentos no Parlamento.

A posição do PÚBLICO, ao longo dos anos, tem sido a de não reagir ou denunciar publicamente a ameaças ou pressões feitas a jornalistas. Não se trata de desvalorizar essas pressões. Esta prática foi seguida sempre que estivemos sob fortes pressões, como aconteceu recentemente no caso do Sporting. É devido ao debate público entretanto gerado que a Direcção do jornal faz hoje esta nota.

As excepções à regra de não divulgação das pressões apenas devem ser consideradas quando existam violações da lei. A direcção consultou o advogado do jornal, Francisco Teixeira da Mota, que considerou não ser esse o caso.

A Direcção»



in Público online, 18-5-2012
Título do post de Zorate







«O Conselho de Redação do "Público" acusa o ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, de ter ameaçado o jornal - e a jornalista Maria José Oliveira - a não publicar uma notícia sobre o caso das "secretas".

Depois da audição de Relvas na Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais, na terça-feira, Maria José Oliveira questionou o ministro sobre uma série de "incongruências" sobre o seu depoimento.

O número 2 do Governo terá contatado a editora de política do "Público" telefonicamente e, de acordo com o comunicado do Conselho de Redação, "terá dito que, se o jornal publicasse a notícia, enviaria uma queixa à ERC, promoveria um black out de todos os ministros em relação ao 'Público' e divulgaria, na Internet, dados da vida privada da jornalista."

 

Conselho de Redação acusa direção de ter falhado


A direção do jornal foi informada da situação, mas, até à data, não tomou qualquer posição - e não publicou a notícia em questão. A editora de política diz que a decisão da não publicação já teria sido tomada antes das alegadas ameaças de Miguel Relvas. A diretora Bárbara Reis, citada pelo comunicado, esclarece que o assunto tem de ser tratado com calma e não "a quente".

O Conselho de Redação acusa a direção do jornal de ter falhado "ao não repudiar imediata e publicamente a inaceitável atitude de pressão daquele que é considerado o número 2 do Governo da República. O 'Público' não pode nunca aceitar, calado, tal tipo de pressões e é lamentável que o tenha feito."

Os elementos do Conselho de Redação - Bruno Prata, Clara Viana, João D'Espiney, João Ramos de Almeida, Luís Francisco, Luís Miguel Queirós, Ricardo Garcia e Rita Siza - dizem que irão "estudar o caso com o advogado do jornal e com o Sindicato dos Jornalistas para definir acções futuras junto das entidades competentes."»

in Expresso online, 18-5-2012

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"Horta do Zorate" é o blogue pessoal de Alberto João (Catujaleno), cidadão do mundo em autoconstrução desde 1958.