Destas mãos que falam, saem gritos d'alma, gemidos de dor, às vezes, letras com amor, pedaços da vida, por vezes sofrida, d'um quase iletrado escritor. Saem inquietações, também provocações, com sabor, a laranjas ou limões. Destas mãos que falam, saem letras perdidas, revoltas não contidas, contra opressões, das nossas vidas! (Alberto João)

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Vasco Lourenço sabe do que fala


"A convulsão social está em marcha"


- Vasco Lourenço -



«O capitão de Abril Vasco Lourenço diz que a convulsão social é inevitável, porque as políticas estão a pôr "cidadãos contra cidadãos", acrescentando ter esperança que os militares consigam "ter calma" e ser um "esteio no meio da perturbação".

"Venho alertando há muito que ou se alterava o rumo dos acontecimentos ou se assistiria à 'revolta dos escravos'. É com grande preocupação que assisto [ao que está a acontecer em Portugal e na Europa], mas também não é surpresa nenhuma", disse à Lusa o coronel, que preside à Associação 25 de Abril.

Para Vasco Lourenço, as políticas dos últimos anos são "inaceitáveis" porque "estão a pôr-se cidadãos contra cidadãos, funcionários [públicos] contra trabalhadores do setor privado, estão a criar-se divisões artificiais que podem dar lugar a confrontos e situações complicadas em Portugal".

O coronel, que foi um dos protagonistas da Revolução do 25 de Abril de 1974, diz que o problema é a falta de "ideias políticas para resolver os problemas" já que os dirigentes nacionais e internacionais estão a tentar solucioná-los "com as mesmas medidas que deram origem à crise".

"É evidente que a contestação social teria de ser um facto. A convulsão está em marcha e vem aí. Não vale a pena meter a cabeça na areia, que é aquilo que se anda a fazer há muito anos. Portugal não é excepção. Por muito bons costumes que tenhamos, por muito que tenhamos a mania que somos pacíficos, a minha convicção é que a convulsão social será um facto", afirmou.

"A minha esperança é que os militares consigam ser um esteio no meio da perturbação e consigam ter a calma suficiente para não entrar na própria convulsão de forma anárquica e possam, em último caso, evitar perturbações maiores", disse ainda.

Mas o coronel espera também "que os políticos em Portugal olhem para as Forças Armadas como um sustentáculo do Estado e não como uma coisa que se pode deitar fora, que é o que tem sido feito de há bastantes anos a esta parte".

Vasco Lourenço referiu-se, a este propósito, ao caso da Grécia, que mudou recentemente as chefias militares: "Não sei bem o que se terá passado lá. Aquela mudança cheirou-me um bocado a encenação. Mas se havia alguma coisa em marcha não é a demissão dos generais e de uns quantos oficiais que vai resolver o problema".

Sobre as manifestações de funcionários públicos e militares convocadas para sábado, em Lisboa, Vasco Lourenço diz que "fazem parte da situação, dessa convulsão que vai aumentando".

"As pessoas têm direito de se manifestar, espero que o façam de forma ordeira, pacífica, vincando as suas posições, e espero que os políticos saibam ler os sinais que daí vêm. Agora, se se manifestarem e ficar tudo na mesma ou ainda pior, é evidente que virão novas manifestações e a seguir outras atitudes menos corretas", acrescentou, considerando a seguir que "a 'revolta dos escravos' pode depois transformar-se numa revolução" para "alterar as regras do jogo", ou seja, "a exploração que o capital faz aos trabalhadores, as desigualdades que vêm aumentando".

Vasco Lourenço sublinhou estar a fazer "apenas uma análise" e não "a defender que se faça isto ou aquilo".»



in DN online, 07-11-2011



Notas do Zorate:
Vasco Lourenço é, sempre foi, um homem moderado. Um verdadeiro democrata.
Não é o doido e inconsequente Otelo.
Os senhores do poder que se cuidem!
Vasco Lourenço sabe do que fala.

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"Horta do Zorate" é o blogue pessoal de Alberto João (Catujaleno), cidadão do mundo em autoconstrução desde 1958.