Isabel do Carmo, a conhecida endocrinologista que esteve recentemente internada com Covid-19 usa e recomenda – e isto poucos dias depois de a Organização Mundial da Saúde, noticiava a Reuters, também ter aconselhado a sua utilização “para que se possa identificar se algo em casa está a correr mal e se será melhor ter cuidados hospitalares”, conforme explicou Margaret Harris, porta-voz daquela instituição. Este aparelho de que agora todos falam chama-se oxímetro e é extremamente simples de usar: deve ser colocado na ponta do dedo e, em alguns segundos, exibe os valores de oxigénio no sangue e a frequência cardíaca.
A sua relação com a pandemia? Normalmente, os pacientes de Covid-19 apresentam desconforto no peito, dor ao respirar e outros problemas respiratórios. No entanto, em alguns casos, pode conduzir a uma condição chamada “hipóxia alegre” ou “hipoxia silenciosa” e que se caracteriza pelo facto de os doentes se sentirem bem, apesar de correrem risco de vida devido a uma diminuição drástica de oxigénio no sangue.
“Os meus doentes há muito que o usam e tem, de facto, essa grande vantagem de recolher com rapidez uma informação essencial que pode salvar vidas”, reconhece o pneumologista Filipe Froes, coordenador do gabinete de crise para a Covid-19 da Ordem dos Médicos, a propósito desse dispositivo indicador de uma situação que, em regra, “obriga a referenciação para serviço de urgência”. Isto porque “antecipa a baixa de oxigénio” numa altura em que o paciente ainda não tem sintomas e por isso não se apercebeu da sua condição – daí aquele especialista considerar que a sua utilização pode beneficiar sobretudo “os que estão em fase inicial da doença”.
Contraindicações? Os dados conhecidos sugerem que pode dar leituras erradas no caso de as unhas estarem pintadas (porque o verniz interfere na leitura do sensor) e também pode não dar a indicação correta no caso de utentes não caucasianos. A boa notícia? Em breve, esta leitura tão preciosa para evitar doença grave – e eventual morte – de uma forma silenciosa poderá estar no pulso de muitas mais pessoas. “Os smartwatches já o fazem, mas em breve será um método que se vai generalizar para quem tem um diagnóstico de Covid-19…”, prossegue Filipe Froes, ciente de que isso permitirá também ultrapassar outro problema, que é a escassez do dispositivo no mercado.
Novo sistema a caminho
Desde o ano passado, o Instituto Superior Técnico (IST) está a desenvolver um sistema para facilitar a vida dos médicos que fazem o acompanhamento de doentes com Covid-19 em casa. Segundo conta João Miguel Sanches, professor do IST, onde é coordenador do curso de engenharia biomédica e Investigador do Instituto de Sistemas e Robótica, a intenção é criar um método que simplifique todo o processo – uma aplicação que o doente instala no telemóvel e onde depois anota os valores do oxigénio, que serão, por sua vez, automaticamente enviados para a Trace Covid, a plataforma médica de monitorização da doença no nosso País.
“Habitualmente, esse acompanhamento é feito ao telefone. Mas se a leitura puder ser feita e enviada automaticamente uma plataforma médica, caso o valor seja fora do normal, dava logo o alarme”, diz ainda aquele que é um dos responsáveis do projeto. “Ao ser automático, permite ao doente fornecer dados rigorosos sobre o seu estado de saúde e ainda facilitar a vida aos médicos, ajudando-os a obter essa informação de uma forma bem mais rápida e eficiente”.
Depois de ter sido apresentado ao Ministério da Saúde, o protótipo da aplicação criado pelo projeto e-Covid aguarda agora a autorização de patente para poder ser descarregado para os telemóveis dos utentes – mas, entretanto, está já a ser testado num lar, em Castelo Branco. Como assinala o responsável do projeto, João Mguel Sanches, “nos lares, ter a funcionar um dispositivo que lance o alerta, no caso de doença silenciosa, pode efetivamente fazer toda a diferença”.
Fonte: Visão
Sem comentários:
Enviar um comentário