"Hoje já não o faria", diz Raul Solnado ao relembrar a abertura inaugural do Teatro Villaret, a 10 de Janeiro de 1965. O primeiro e até ao momento único actor português a mandar construir de raiz um teatro – satisfazendo assim um sonho antigo – admite que a aventura não foi fácil."Foram 11 anos duros, 11 anos de grande loucura e hoje já não teria energia para me meter noutra. Mas devo acrescentar que ter erguido – e gerido – o Villaret foi, também, uma experiência que me trouxe momentos de grande felicidade." Até porque, diz, no seu caso a gestão não é incompatível com a arte: "Sou muito mandão! Que o diga a minha empregada", graceja.Esta noite, e ao fim de meses de obras, o Teatro Villaret reabre ao público com novo visual: nova plateia, foyer remodelado, equipamento de segurança instalado como manda a lei. Na reabertura, e logo a seguir à estreia da peça ‘A Gorda’, de Neil LaBute (ver caixa), o actor vai ser homenageado, numa cerimónia que promete surpresas. No entanto, Solnado não aguentou a expectativa e já foi deitar o olho ao novo rosto do Villaret. "Fui ver se está tudo de acordo com o projecto original, do Daciano Costa, e achei-o lindo. Está como novo e espero que lá se faça um bom trabalho", comenta. O comediante, que acompanhou a gestão que a UAU fez naquele espaço, pretende igualmente seguir de perto os cinco anos que o Teatro D. Maria II assegurou.O conhecido actor deseja boa sorte ao director Carlos Fragateiro, acrescentando que "em teatro nunca se sabe". "É inútil contratar vinte economistas para gerir um teatro: a intuição é que vale. Em teatro não há balizas, não há regras. É preciso é coragem", conclui Raul Solnado."
Correio da Manhã online, 25-3-2008
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