Destas mãos que falam, saem gritos d'alma, gemidos de dor, às vezes, letras com amor, pedaços da vida, por vezes sofrida, d'um quase iletrado escritor. Saem inquietações, também provocações, com sabor, a laranjas ou limões. Destas mãos que falam, saem letras perdidas, revoltas não contidas, contra opressões, das nossas vidas! (Alberto João)

quarta-feira, 12 de março de 2008

Pedro Barroso - Menina dos Olhos de Água




Menina em teu peito sinto o Tejo

e vontades marinheiras de aproar

menina em teus lábios sinto fontes

de água doce que corre sem parar


menina em teus olhos vejo espelhos

e em teus cabelos nuvens de encantar

e em teu corpo inteiro sinto o feno

rijo e tenro que nem sei explicar


se houver alguém que não goste

não gaste - deixe ficar

que eu só por mim quero-te tanto

que não vai haver menina p'ra sobrar


aprendi nos "Esteiros" com Soeiro

aprendi na "Fanga" com Redol

tenho no rio grande o mundo inteiro

e sinto o mundo inteiro no teu colo


aprendi a amar a madrugada

que desponta em mim quando sorris

és um rio cheio de água levada

e dás rumo à fragata que escolhi


se houver alguém que não goste

não gaste - deixe ficar...

que eu só por mim quero-te tanto

que não vai haver menina p'ra sobrar

(música e letra de Pedro Barroso, in álbum "Cantos da borda d'água" 1985)

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"Horta do Zorate" é o blogue pessoal de Alberto João (Catujaleno), cidadão do mundo em autoconstrução desde 1958.