Destas mãos que falam, saem gritos d'alma, gemidos de dor, às vezes, letras com amor, pedaços da vida, por vezes sofrida, d'um quase iletrado escritor. Saem inquietações, também provocações, com sabor, a laranjas ou limões. Destas mãos que falam, saem letras perdidas, revoltas não contidas, contra opressões, das nossas vidas! (Alberto João)

terça-feira, 11 de março de 2008

Roseira, botão de gente



A força
Que eu tive no momento
Tecendo o teu corpo
A primeira vez
Está agora no teu ventre
Em movimento
No filho que a gente fez


Depois irá pouco a pouco
Ficando maior
Por dentro de ti
E o teu corpo me segreda
Quando toco
Que o meu filho está ali


Eu fui a semente
Tu és o canteiro
Dum cravo de carne
Que tem o meu cheiro
Eu fui o arado
Tu és a seara
Seara de trigo sem fim
Seara lavrada por mim


O que um homem sente
Quando a companheira
Dá flor no presente
Para a vida inteira
É como se o sangue
Fosse uma fogueira
Roseira, botão de gente
Rosa da minha roseira


A vida que tece outra vida
É vida parida
É vida maior
Tens agora a palpitar
A minha vida
No teu ventre, meu amor


Depois
O sangue dos dois
Será vida nova
Será uma flor
Flor de carne a despontar da primavera
Do teu ventre, meu amor



José Carlos Ary dos Santos



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"Horta do Zorate" é o blogue pessoal de Alberto João (Catujaleno), cidadão do mundo em autoconstrução desde 1958.