Em Setembro, antes da abertura da campanha para as legislativas, um novo partido vais ser apresentado aos portugueses. Chama-se Partido Nulo, mas não se trata, afinal, de um partido: é um movimento que pretende "pôr as pessoas a pensar sobre a falta de representatividade democrática" e combater a abstenção.
E qual é a arma deste movimento para conseguir os seus objectivos? É o voto nulo, um acto de protesto "mais forte e mais seguro que o voto branco", refere Manuel João Ramos, um dos promotores do movimento. E a abstenção, que chega a ultrapassar os 40% em certos actos eleitorais, é a "mais fraca voz de protesto": não altera em nada a proporcionalidade.
Manuel João Ramos, até há dois meses vereador na Câmara de Lisboa, eleito no Movimento Cidadãos por Lisboa, lembra que, por exemplo o presidente da autarquia lisboeta, António Costa, foi eleito em 2007 "por um cada dez eleitores". Ou seja, a abstenção, mesmo quando é elevada, não é capaz de regenerar os partidos. Já o voto nulo, que o seu movimento defende, é uma forma de os"responsabilizar".
A ideia de Partido Nulo, como forma criativa por uma nova prática política, partiu do escritor Rui Zink. Segundo o manifesto que o movimento já divulgou, "ao votar nulo, pedimos coerência e renovação; pedimos o fim da bastardização da democracia; pedimos que se considere a possibilidade de encarar novos caminhos políticos".
O Partido Nulo já existe noutros países. No Canadá, por exemplo, o partido apresenta os seus candidatos às eleições, mas, se forem eleitos, "não ocupam os lugares", diz Manuel João Ramos. Em Portugal, "para já não é um partido oficial, é um movimento para pretende pôr as pessoas a reflectir" sobre a saúde da nossa democracia.
Com o voto nulo, lê-se no manifesto do movimento, "é possível ser-se minimalista (basta estender uma perna da cruz para fora de um quadrado), figurativo, poético, e também insultuoso, surrealista". E esse voto será a expressão "do nosso contributo para a recriação da vida política".
Texto in DN online, 9-8-2009
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