Destas mãos que falam, saem gritos d'alma, gemidos de dor, às vezes, letras com amor, pedaços da vida, por vezes sofrida, d'um quase iletrado escritor. Saem inquietações, também provocações, com sabor, a laranjas ou limões. Destas mãos que falam, saem letras perdidas, revoltas não contidas, contra opressões, das nossas vidas! (Alberto João)

domingo, 9 de agosto de 2009

Vem aí o Partido Nulo...

Promotores do movimento defendem o voto nulo como o mais seguro e mais eficaz para combater a crise de "representatividade" no actual sistema político português. Ideia inicial partiu do escritor Rui Zink.



Em Setembro, antes da abertura da campanha para as legislativas, um novo partido vais ser apresentado aos portugueses. Chama-se Partido Nulo, mas não se trata, afinal, de um partido: é um movimento que pretende "pôr as pessoas a pensar sobre a falta de representatividade democrática" e combater a abstenção.

E qual é a arma deste movimento para conseguir os seus objectivos? É o voto nulo, um acto de protesto "mais forte e mais seguro que o voto branco", refere Manuel João Ramos, um dos promotores do movimento. E a abstenção, que chega a ultrapassar os 40% em certos actos eleitorais, é a "mais fraca voz de protesto": não altera em nada a proporcionalidade.

Manuel João Ramos, até há dois meses vereador na Câmara de Lisboa, eleito no Movimento Cidadãos por Lisboa, lembra que, por exemplo o presidente da autarquia lisboeta, António Costa, foi eleito em 2007 "por um cada dez eleitores". Ou seja, a abstenção, mesmo quando é elevada, não é capaz de regenerar os partidos. Já o voto nulo, que o seu movimento defende, é uma forma de os"responsabilizar".

A ideia de Partido Nulo, como forma criativa por uma nova prática política, partiu do escritor Rui Zink. Segundo o manifesto que o movimento já divulgou, "ao votar nulo, pedimos coerência e renovação; pedimos o fim da bastardização da democracia; pedimos que se considere a possibilidade de encarar novos caminhos políticos".

O Partido Nulo já existe noutros países. No Canadá, por exemplo, o partido apresenta os seus candidatos às eleições, mas, se forem eleitos, "não ocupam os lugares", diz Manuel João Ramos. Em Portugal, "para já não é um partido oficial, é um movimento para pretende pôr as pessoas a reflectir" sobre a saúde da nossa democracia.

Com o voto nulo, lê-se no manifesto do movimento, "é possível ser-se minimalista (basta estender uma perna da cruz para fora de um quadrado), figurativo, poético, e também insultuoso, surrealista". E esse voto será a expressão "do nosso contributo para a recriação da vida política".



Texto in DN online, 9-8-2009

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"Horta do Zorate" é o blogue pessoal de Alberto João (Catujaleno), cidadão do mundo em autoconstrução desde 1958.