Destas mãos que falam, saem gritos d'alma, gemidos de dor, às vezes, letras com amor, pedaços da vida, por vezes sofrida, d'um quase iletrado escritor. Saem inquietações, também provocações, com sabor, a laranjas ou limões. Destas mãos que falam, saem letras perdidas, revoltas não contidas, contra opressões, das nossas vidas! (Alberto João)

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Miséria humana em nome de Alá

Uma menina de 12 anos, que foi casada à força no ano passado, morreu durante o parto. O bebé também não resistiu.

Fawziya Ammodi lutou pela vida durante os três dias que durou o trabalho de parto. Acabou por se esvair em sangue até à morte num hospital do Iémen, revelou a Seyaj, uma Organização de Protecção das Crianças. O bebé também morreu.

"Embora a causa da morte tenha sido a falta de cuidados médicos, na verdade o problema é a falta de educação no Iémen e o facto de continuarem a casar crianças", disse o presidente da Seyaj, Ahmed al-Qureshi, em declarações à CNN.

Nascida numa família pobre de Hodeidah, a quarta maior cidade do Iémen, Fawziya foi retirada da escola e casada à força com um homem de 24 anos, no ano passado, disse al-Qureshi.

Segundo um estudo da Universidade de Sanaa, capital do Iémen, mais de metade das mulheres imenitas casa antes dos 18 anos, frequentemente com homens mais velhos e com mais de uma esposa.

Numa sociedade empobrecida, o casamento significa um alívio financeiro e moral para os pais, que deixam de se preocupar com a virgindade e a reputação da filha. Alguns conseguem o compromisso dos maridos de esperar até que a criança seja mais velha antes de consumar o casamento.

Não foi, como é evidente, o que sucedeu com Fawziya, muito menos com Nujood Ali, a menina cujo drama trouxe para os jornais do Ocidente a questão dos casamentos entre homens adultos e crianças, em 2008.

Aos 10 anos, Nujood Ali foi retirada da escola e obrigada a casar com um homem mais velho que a violou e espancou repetidamente. Para escapar, Nujood apanhou um táxi - pela primeira vez na vida - e refugiou-se num tribunal, exigindo ser recebida por um juiz. O interesse dos média pelo julgamento garantiu-lhe o divórcio.

Em Fevereiro, o parlamento do Iemen tentou aprovar uma lei a fixar os 17 anos como idade mínima para casar. Uma intenção que se esfumou, dado que muitos dos deputados consideram que violaria a Lei Islâmica, a sharia, que não estipula uma idade mínima para contrair matrimónio.

in JN online, 15-9-2009

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"Horta do Zorate" é o blogue pessoal de Alberto João (Catujaleno), cidadão do mundo em autoconstrução desde 1958.