Fawziya Ammodi lutou pela vida durante os três dias que durou o trabalho de parto. Acabou por se esvair em sangue até à morte num hospital do Iémen, revelou a Seyaj, uma Organização de Protecção das Crianças. O bebé também morreu.
"Embora a causa da morte tenha sido a falta de cuidados médicos, na verdade o problema é a falta de educação no Iémen e o facto de continuarem a casar crianças", disse o presidente da Seyaj, Ahmed al-Qureshi, em declarações à CNN.
Nascida numa família pobre de Hodeidah, a quarta maior cidade do Iémen, Fawziya foi retirada da escola e casada à força com um homem de 24 anos, no ano passado, disse al-Qureshi.
Segundo um estudo da Universidade de Sanaa, capital do Iémen, mais de metade das mulheres imenitas casa antes dos 18 anos, frequentemente com homens mais velhos e com mais de uma esposa.
Numa sociedade empobrecida, o casamento significa um alívio financeiro e moral para os pais, que deixam de se preocupar com a virgindade e a reputação da filha. Alguns conseguem o compromisso dos maridos de esperar até que a criança seja mais velha antes de consumar o casamento.
Não foi, como é evidente, o que sucedeu com Fawziya, muito menos com Nujood Ali, a menina cujo drama trouxe para os jornais do Ocidente a questão dos casamentos entre homens adultos e crianças, em 2008.
Aos 10 anos, Nujood Ali foi retirada da escola e obrigada a casar com um homem mais velho que a violou e espancou repetidamente. Para escapar, Nujood apanhou um táxi - pela primeira vez na vida - e refugiou-se num tribunal, exigindo ser recebida por um juiz. O interesse dos média pelo julgamento garantiu-lhe o divórcio.
Em Fevereiro, o parlamento do Iemen tentou aprovar uma lei a fixar os 17 anos como idade mínima para casar. Uma intenção que se esfumou, dado que muitos dos deputados consideram que violaria a Lei Islâmica, a sharia, que não estipula uma idade mínima para contrair matrimónio.
in JN online, 15-9-2009
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