Esta pergunta foi-me dirigida em 1992 por um simpático taxista que me transportou do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro/Galeão (agora António Carlos Jobim) para o Copacabana Palace, na zona sul do Rio.
Quando entrei no táxi perguntei ao condutor se podia fumar. Com um sorriso nos lábios, e trabalhando para a caixinha (gratificação/gorjeta), aquele prontamente me respondeu: "Amigo, a partir do momento que você entrou no táxi, ele é seu. Quem manda aqui, agora é você!"
Gostei da simpatia, puxei por um puro e comecei a degustá-lo enquanto ia matando saudades da paisagem carioca. Havia já dois anos que ali não ia.
Nos 30/40 minutos que durou a viagem, falei com o simpático taxista sobre o calor imenso que estava naquele dia, sobre a cotação do dólar, falta de segurança, etc...
Prestes a chegar a Copacabana, ali nas imediações do Canecão - já o taxista sabia o meu nome e eu o dele - após alguns momentos de silêncio, sou surpreendido com esta pergunta do meu amigo Edson: "Alberto, você me parece um cara inteligente. Mas há uma coisa que não consigo entender: porque é que você fuma?"
Reagi com uma espontânea gargalhada e, sinceramente, já não me lembro o que lhe respondi.
Entretanto, chegados ao Palace, isso lembro-me bem, gratifiquei-o consideravelmente. Lembro-me de ele ter ficado 'hipnotizado' a olhar para as 'verdinhas' (dólares), e de me ter dito: "Mas...Alberto, eu não ganho este dinheiro numa semana a trabalhar". Dei-lhe uma palmadinha nas costas e despedi-me dele como se fosse um grande amigo.
Após a instalação no hotel, estava eu a deliciar-me com um soberbo duche, quando de repente se fez luz na minha cabeça: "Ai que aquele filho da mãe chamou-me burro e eu gratifiquei-o que nem um Lord"
Passaram quase 20 anos. Deixei de fumar há quase 2 anos. Gostaria de um dia voltar a ver o meu amigo Edson. O tal taxista que, não obstante o seu papel de beneficiador de uma eventual gratificação, não hesitou em 'chamar (com classe) o boi pelo nome', salvo seja!
Obrigado, Edson!
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