Edite Estrela, em entrevista ao DN, 31-7-2011
domingo, 31 de julho de 2011
Freiras do Convento de Santana viviam em ambiente de luxo
«Vivia-se num ambiente misto de luxo e devoção no convento de Santana em Lisboa, no século XVII, concluíram investigadores que encontraram peças raras de elevado valor nas escavações feitas no local.
Investigadores em Arqueologia da Universidade Nova de Lisboa descobriram em escavações do antigo Convento de Santana, em Lisboa, um conjunto vasto de artefactos, muitos ainda intactos, que revelam o nível social das freiras que habitavam aquele equipamento religioso, assim como o dia a dia de todos os residentes.
De referir que as ossadas de Luíz Vaz de Camões, que se encontram no Mosteiro dos Jerónimos, foram retiradas de um túmulo junto a este convento, embora subsistam dúvidas sobre se serão mesmo do autor de "Os Lusíadas", já que não foi encontrado no local qualquer inscrição que o indicasse.
Numa fossa detrítica encontravam-se inúmeras peças, muitas de faiança portuguesa, porcelana chinesa (da dinastia Ming), peças espanholas e italianas. Tudo peças de grande valor e a que apenas famílias nobres teriam acesso.
"Pelas peças que encontrámos percebemos que as freiras eram de famílias ricas, levavam os seus enxovais, os seus dotes, viviam no convento como se vivessem em suas casas, com criadas", explica a investigadora e docente Rosa Varela Gomes.
Peça única no mundo
Paralelamente aos objectos que mostram a existência de luxo, foram encontradas variadíssimas peças de uso quotidiano, como escovas, pentes, mas também artigos de uso religioso, de entre os quais se destaca um anel de martírio, mas também cruzes e medalhas.
A apresentação dos investigadores Rosa Varela Gomes e Mário Varela Gomes, intitulada "Devoção e Luxo no Convento de Santana de Lisboa" (Séculos XVI e XVII) menciona artigos raríssimos, nomeadamente uma peça de origem vietnamita, e uma taça de porcelana chinesa, com motivos pornográficos, única conhecida no mundo até ao momento.
As escavações arqueológicas tiveram início em 2002, e terminaram em 2010, no local onde estão a ser construídos equipamentos da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova, onde existia o edifício do Instituto Bacteriológico Câmara Pestana, ao Campo Santana.
Nas escavações feitas no antigo Convento de Santana, onde chegaram a viver cerca de 300 pessoas, em 1702, das quais 130 religiosas, foi encontrado também um conjunto de 35 sepulturas.»
in JN online, 31-7-2011
Notas do Zorate:
E nos dias de hoje, a maioria do clero, a começar por Bento XVI, contrariando os princípios básicos de Jesus Cristo, não vive em ambiente de luxo?
sábado, 30 de julho de 2011
Paquete “Funchal” faz 50 anos, renova-se e dá descontos a quem nasceu em 1961
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Notas do Zorate:
Um pouco cansado de viajar pelo ar e por terra, em Agosto de 2000 resolvi navegar nas águas dos mares Atlântico e Mediterrâneo, a bordo do Paquete Funchal.
Cruzeiro de sonho!
Dias inesquecíveis!
Aconselho vivamente.
O paquete "Funchal", ao serviço da CIC Cruises, faz 50 anos e, além de ter passado o ano a ser renovado, tem descontos especiais para os nascidos no seu ano: 1961. Os passageiros que tenham a sua idade estão convidados a integrar o cruzeiro comemorativo, a 29 de Agosto, por metade do preço.
Quinquagenário, é um ícone dos cruzeiros lusos. Ao longo da sua vida, o "Funchal" viu o mundo dos cruzeiros mudar radicalmente, viu nascer novos e imensos navios por todo o mundo mas, ainda assim, mantém-se em operações, com renovações sazonais e, este ano, com uma grande renovação, para obedecer aos critérios de segurança e para modernizar-se.
O paquete tem estado no Cais da Matinha, em Lisboa, e, inicialmente, a viagem de regresso a operações deveria ocorrer esta semana. Atrasos nas remodelações, que um pequeno incêndio ainda perturbou mais, levaram a que a reinauguração ficasse marcada para Agosto.
O regresso dá-se com um cruzeiro de cinco noites, de 29 de Agosto a 3 de Setembro, com partida e meta em Lisboa e passagens pelo Funchal e Porto Santo. A viagem reserva-se desde €499, valor que inclui alojamento, refeições, divertimentos e espectáculos, seguro, taxas, gratificações a bordo e ainda transferes de/para Porto e Coimbra. Não estão incluídas bebidas e excursões opcionais. O grande bónus é para quem nasceu em 1961, data em que foi lançado ao mar o "Funchal": 50 por cento de desconto.
Texto e primeira imagem de cima, in Público online, 15-7-2011
Restantes três imagens in Google
Notas do Zorate:
Um pouco cansado de viajar pelo ar e por terra, em Agosto de 2000 resolvi navegar nas águas dos mares Atlântico e Mediterrâneo, a bordo do Paquete Funchal.
Cruzeiro de sonho!
Dias inesquecíveis!
Aconselho vivamente.
sexta-feira, 29 de julho de 2011
Acidente do Airbus A330 da Air France: Erros de pilotagem e de sondas condenaram voo 447
«O acidente do voo 447 da Air France, que fazia a rota Rio de Janeiro-Paris, em 2009, deveu-se ao congelamento das sondas Pitot, perda brusca de velocidade e erro de um co-piloto, divulgou hoje o jornal Le Figaro.
O jornal francês diz que o relatório produzido pelo Escritório de Investigações e Análise (BEA, na sigla em francês), que analisou os dados e gravações das caixas-pretas, informa que o acidente foi causado pelo congelamento das sondas Pitot, perda brusca de velocidade da aeronave e erro de um co-piloto.
Segundo o diário, o relatório assegura que a tripulação não conseguiu entender os problemas registados no avião e que foi incapaz de resolver a situação a tempo de evitar a tragédia.
De acordo com o relatório, o copiloto menos experiente não teria recebido formação para lidar com perda de velocidade da aeronave.
O diário descreveu o que ocorreu na cabine de comando depois de o comandante ter deixado o cockpit para descansar. Um co-piloto experiente sentou-se no lado esquerdo da cabine do Airbus, o outro co-piloto, o menos experiente, ocupou o assento do lado direito do avião.
Logo após o piloto automático ter sido desligado, devido ao congelamento das sondas externas, o copiloto da direita puxou os controlos, levantando o nariz da aeronave e subindo até aos 37.500 pés.
O relatório vai sustentar que esta manobra "é incompreensível", pois o procedimento correto no caso seria desacelerar a aeronave.
Ainda de acordo com o Le Figaro, o relatório aponta que o copiloto da esquerda terá perdido segundos preciosos ao tentar chamar o comandante através de um alarme, ao invés de lidar com a avaria.
Quando o comandante regressou ao cockpit, os co-pilotos informaram que não estavam a perceber o que estava a acontecer e também o comandante "foi incapaz de analisar a situação".
O voo AF 447 da Air France (Airbus A330), que fazia a rota Rio de Janeiro-Paris, sobrevoava o Oceano Atlântico quando desapareceu dos radares na noite de 31 de maio de 2009 com 228 pessoas a bordo.
Cento e cinquenta e quatro corpos foram encontrados entre os destroços do avião e retirados do mar, após o acidente, em missões de resgate. Entre as vítimas de 32 nacionalidades, estão 59 brasileiros e 72 franceses.
As duas caixas negras, que registaram os parâmetros do voo e as conversas na cabine dos pilotos, foram resgatadas do fundo do mar no início de maio, após passarem 23 meses a 3,9 mil metros de profundidade no Oceano Atlântico.»
in DN online, 29-7-2011
quinta-feira, 28 de julho de 2011
Carlos Feijó, o ministro angolano que estuda profundamente os interesses económicos de José Eduardo dos Santos
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"Nós estudámos profundamente o programa que a troika negociou com o Governo português, estudámos profundamente o programa de Governo do partido que venceu as eleições e estudámos profundamente o programa de privatizações que Portugal pretende implementar num curto período de tempo".
Carlos Feijó, o ministro de Estado e chefe da casa civil da Presidência angolana, confirmou ontem o interesse do governo angolano pelo processo de privatizações em curso em Portugal. Diário Económico, 28/07/2011, reproduzido no Expresso online.
Imagem in Google
Título do post de Zorate
quarta-feira, 27 de julho de 2011
Teresa Caeiro, a peixeira de serviço no Jornal das 9 da SIC Notícias
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Vídeos in YouTube, 26-7-2011
Passos Coelho mentiu e o Estado de Direito sentiu!
«1. Voltamos hoje ao caso Bairraogate. Razão: a extraordinária e esclarecedora investigação levada a cabo pelo Expresso sobre (a real) justificação do afastamento de Bernardo Bairrão do elenco governativo. Afinal, é verdade que Passos Coelho utilizou um relatório dos serviços de informação da República Portuguesa para apurar eventuais negócios menos transparentes do ex-administrador da TVI. Com uma diferença face aquilo que aqui já escrevemos: o relatório foi elaborado ainda na era do governo José Sócrates - e não por encomenda originária de Passos Coelho. Confirma-se, além disso, a omnipresença da - quem mais? - Ongoing em mais um processo que é altamente censurável.
2. Mas será que este caso é marginal? Pouco relevante num momento em que o país se confronta com questões muito delicadas do ponto de vista económico-financeiro? Sim, caro leitor, as questões financeiras do país são vitais para o nosso futuro - mas não devem (não podem!) absorver tudo o resto da discussão política. O caso Bairraogate constitui uma ameaça aos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos e deve ser - categoricamente! - denunciada. O que se passa é o seguinte: os serviços de informação portugueses - que têm como função legal investigar ameaças à segurança e soberania nacionais - investigaram as relações económicas de um cidadão português (no caso, Bernardo Bairrão) com empresários africanos. Ora, o que está aqui em causa é a intromissão abusiva de uma entidade administrativa - é esta a natureza jurídica dos serviços de informação - na esfera privada de um cidadão. O estabelecimento de relações económicas e financeiras com empresários estrangeiras integra o conteúdo essencial da liberdade de iniciativa privada e económica, que é um direito fundamental previsto na Constituição da República Portuguesa. A afectação de um direito fundamental - pelo menos, a definição do seu quadro jurídico - tem de ter uma intervenção mínima da Assembleia da República (nem que seja a autorização para o executivo legislar). Pois bem, os serviços de informação secreta estão sob a dependência direta do Primeiro-ministro - o que significa que, caso deixemos que o campo de intervenção do SIS seja arbitrário, o Primeiro-ministro pode a seu belo prazer mandar investigar qualquer um de nós. Sem critério. Apenas por conveniência pessoal ou política. Não nos podemos deixar vergar perante violações dos nossos direitos fundamentais - são eles a nossa defesa perante o poder político. Caso contrário, será o fim do Estado de Direito. O caso Bairraogate é mais um episódio negro da nossa democracia: as secretas foram usadas - mesmo! - para investigar a vida profissional de um cidadão. Se se suspeitasse da prática de algum crime, seriam os órgãos de investigação criminal (nomeadamente, a polícia) que teria de atuar, respeitando as vinculações legais constante do Código de Processo Penal e da Constituição. Utilizar as secretas para investigar Bairrão constituiu um desvio de poder (ou seja, exercer os poderes que a lei reconhece a certas entidades administrativas para um fim diferente do legalmente pretendido) e uma inconstitucionalidade flagrante na nossa perspectiva.
3. Que dizer quanto à decisão de Passos Coelho? Respeitamos que tenha querido afastar Bairrão para não criar suspeitas sobre o executivo e desgastá-lo objectivamente com casos do passado dos seus membros. Todavia, recorreu a um relatório do SIS que, a nosso ver , é ilegal e inconstitucional para fazer um juízo negativo sobre Bairrão. O que, convenhamos, não lhe fica bem. Em segundlo lugar, Passos Coelho mentiu - e mentir é muito feio - quando negou a utilização dos serviços de inteligência para obter informações sobre Bairrão.
4. Por último, lá voltamos nós à Ongoing. É impressionante como neste país de brandos costumes , considere-se normal que o ex-diretor dos espiões seja contratado para uma empresa privada para utilizar informações que recolheu no exercício das suas anteriores funções públicas. Isto é a promiscuidade pura entre o público e o privado! Eu já nem vou ao ponto de pedir um bocadinho de ética e de sentido de respeito pelas funções públicas que exerceu (já para não dizer descaramento) a Jorge Silva Carvalho. Para nós, seria inconcebível aceitar um cargo na Ongoing para divulgar a uma empresa privada informações confidenciais. mas, enfim, cada um sabe as linhas por que se cose. Julgamos que, no entanto, deveria existir um impedimento legal - claro e expresso - que proibisse este tipo de migrações laborais muito suspeitas. Um dos aspectos que iremos verificar com muita atenção é a pressão (e a influência) que a Ongoing exercerá sobre este governo de Passos Coelho...Estou curioso...»
por João Lemos Esteves, Expresso online, 27-7-2011
terça-feira, 26 de julho de 2011
Passos e Portas distribuem Tachos na Caixa Geral de Depósitos
«São muitas as linhas por onde se cose a nova administração da CGD, ou como o banco público serve de laboratório da coligação.
Eduardo Paz Ferreira, Pedro Rebelo de Sousa e Álvaro Nascimento, todos advogados, farão parte da comissão de auditoria da nova comissão executiva da Caixa Geral de Depósitos (CGD) em regime de não exclusividade. Pedro Rebelo de Sousa continuará deste modo a trabalhar no seu escritório de advogados, que representa empresas como a italiana ENI, accionista da Galp e que chegou a negociar a venda desta participação, negócio onde a Caixa Geral de Depósitos mantém uma palavra a dizer.
As escolhas para a CGD continuam envoltas em polémica. Primeiro, foi noticiado que António Nogueira Leite iria ser presidente da Caixa, intenção contrariada pouco depois pelo “Jornal de Negócios”, que o confirmava como vice-presidente da comissão executiva, presidida por José Agostinho de Matos. Na sexta-feira à noite, a CGD acabou por divulgar os 11 membros do novo conselho de administração – o anterior tinha sete –, sem diferenciar os executivos dos não executivos. Só amanhã ficará definido oficialmente o novo modelo de gestão do banco estatal.
Certo é que a comissão executiva será presidida por José Agostinho de Matos, por indicação do ministro das Finanças, e Nogueira Leite será o seu vice, por escolha do primeiro-ministro. O facto de Nogueira Leite ter trabalhado durante alguns anos no grupo Mello e de a saúde ser uma das áreas a alienar pelo banco público causou também algum desconforto no sector.
Outra entrada inesperada na CGD foi a de Nuno Fernandes Thomaz, para administrador-executivo, defendida por Paulo Portas, que assim garante a representação do CDS/PP nos órgãos do banco estatal.
Recorde-se que Nuno Fernandes Thomaz, que foi secretário de Estado dos Assuntos do Mar no governo de Santana Lopes, chegou a defender, durante a campanha de 2005, um Museu da Bíblia no Norte e a construção de um parque temático como a Eurodisney no Sul de Portugal. Ontem, vendeu a sua posição na ASK e pediu a demissão dos cargos que desempenhava.
Como membros da mesa da assembleia-geral da CGD foram eleitos pelo accionista Estado para o mandato 2011-2013, Manuel Lopes Porto, presidente, Rui Machete, vice-presidente, e José Soares, para secretário.
Faria de Oliveira mantém-se na empresa, mas agora como chairman, sendo os restantes vogais Norberto Rosa, Jorge Tomé, Rodolfo Lavrador e Pedro Cardoso.
Fricção Nos meandros deste processo estão outros enquadramentos mais complexos, como seja o primeiro sinal de que Paulo Portas está atento à defesa dos interesses do CDS/PP na coligação com o PSD. Segundo o i apurou, Portas não gostou que o primeiro-ministro tivesse chamado a si a tutela de repensar a diplomacia económica. Para tal, Passos Coelho convidou o ex-ministro de Cavaco Silva, Braga de Macedo, o ex-ministro das Finanças de Sócrates Campos e Cunha e o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros de Santana Lopes, António Monteiro, que têm 45 dias para criar um novo modelo, mais eficaz, para captar investimento estrangeiro para Portugal.
Recorde-se que a diplomacia económica nunca esteve sob a alçada do primeiro-ministro. O projecto foi delineado pelo executivo de Durão Barroso, quando Martins da Cruz era ministro dos Negócios Estrangeiros.
Na altura, os embaixadores foram convidados a fazer menos política do croquete e mais negócios nos países onde representavam Portugal, tendo havido inclusive uma coordenação activa com as delegações do ICEP no mundo.
António Monteiro continuou com a iniciativa durante o governo de coligação PSD-CDS/PP, embora até hoje não tenha sido feito nenhum levantamento quantitativo ou qualitativo sobre os resultados práticos desta nova diplomacia.
Agora Passos quer um novo modelo de interligação entre os vários serviços de captação do investimento estrangeiro, tendo chamado a si a tutela da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), que no governo socialista respondia ao ministro da Economia. Na prática, este organismo terá de convencer mais empresas a virem para o país, numa altura em que a burocracia estatal continua a travar muitos investimentos e os tribunais não dão resposta às litigações.
QREN O facto de cerca de 90% do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), que reúne os apoios da União Europeia para o desenvolvimento do país, ter ficado sob tutela de um ministro do CDS, neste caso Assunção Cristas, que ficou responsável pelo Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, também está a causar desconforto em muitos círculos do PSD. É cedo ainda para avaliar da velocidade e do deslizar desta locomotiva nos próximos meses. Porém, como dizia recentemente uma fonte do PSD ao i, “este governo tem tudo para dar errado, por isso talvez dê certo”.»
Texto in jornal "i" online, 26-7-2011
Título do post de Zorate
segunda-feira, 25 de julho de 2011
Guerra na coligação PSD/CDS: Paulo Portas irritado com escolha de Jorge Braga de Macedo
«Antes da formação do governo, Pedro Passos Coelho foi avisado de que não devia deixar que Paulo Portas e o CDS açambarcassem todos os papéis da representação de Portugal no exterior, nomeadamente na Europa - mas o "aviso" não deu grandes frutos: a verdade é que até a influente Secretaria dos Assuntos Europeus, com relações importantes com Bruxelas, ficou nas mãos do CDS.
Ao que o i apurou, o medo que o primeiro-ministro ficasse "refém" de Paulo Portas e da sua máquina nos Negócios Estrangeiros em matérias tão delicadas como as negociações europeias era grande no PSD. Mas Passos lá cedeu e deu a Paulo Portas praticamente o MNE inteiro, com a excepção do mais invisível posto de secretário de Estado das Comunidades, atribuído a José Cesário.
A vingança veio depois e vai ser consumada esta semana. Ao contrário do que Paulo Portas queria, Passos Coelho chamou a si a tutela da diplomacia económica e nomeou nada mais nada menos que Jorge Braga de Macedo, ex-ministro das Finanças de Cavaco Silva, para presidir ao grupo que vai repensar essa pasta decisiva. A questão poderia ser menor se entre Paulo Portas, o ministro, e Braga de Macedo, o agora "chefe" da diplomacia económica, não existisse um contencioso há quase 20 anos, que vem do tempo em que Paulo Portas dirigia "O Independente".
- Jorge Braga de Macedo -
Naturalmente, a notícia da nomeação de Jorge Braga de Macedo deixou Paulo Portas bastante aborrecido. Com esta decisão de Passos Coelho, uma boa parte da importância da actual diplomacia - a económica - vai escapar ao seu controlo, ficando na órbita do primeiro-ministro. Mas não só vai fugir-lhe ao controlo como a "reconfiguração" da diplomacia económica vai parar às mãos de um seu velho inimigo íntimo, dos tempos em que Portas era, enquanto director de "O Independente", o jornalista mais temido pelo governo cavaquista.
O caso Monte dos Frades remonta a 1992 e, para "O Independente" da altura, era um exemplo da "saga imobiliária do cavaquismo" e do "novo-riquismo instalado na sociedade portuguesa". "O Independente" afirmava que Braga de Macedo tinha conseguido "um subsídio de jovem agricultor no valor de 5600 contos em nome do seu verdadeiramente jovem cunhado Gonçalo Almeida Ribeiro", para a sua herdade Monte dos Frades, no concelho de Avis. O ex-ministro negou que alguma vez se tivesse candidatado a receber um subsídio do IFADAP (então dirigido por Henrique Granadeiro, actual chairman da Portugal Telecom) e que o seu cunhado Gonçalo de Almeida Ribeiro era co-proprietário do Monte dos Frades e, à altura dos factos, efectivamente jovem.
Jorge Braga de Macedo processou Paulo Portas, mas o caso andou várias anos nos tribunais. Inicialmente, o juiz mandou arquivar as queixas-crime apresentadas pelo ex-ministro das Finanças, mas Jorge Braga de Macedo recorreu. No ano 2000, o Tribunal da Relação de Lisboa acabaria por condenar Portas a pagar a Braga de Macedo uma indemnização no valor de 2 milhões de escudos (o equivalente a 10 mil euros, a preços da época).
O tribunal acabaria por concordar que "O Independente" pôs em causa "o bom nome e o crédito" de Braga de Macedo, que invocou que a propriedade Monte dos Frades era "uma herança dos seus antepassados" e que o jornal tinha tratado o seu cunhado "quase como se fosse um fantoche seu". Paulo Portas argumentou, no recurso para o Tribunal da Relação, que o seu objectivo único foi "informar o público e salientar a ostentação e o novo-riquismo que se manifestam em vários sectores da sociedade portuguesa".
A comissão presidida por Braga de Macedo será criada esta semana através de um despacho do primeiro-ministro. Além do ex-ministro das Finanças de Cavaco Silva, fazem também parte da equipa que vai redesenhar o modelo da diplomacia económica o ex-ministro das Finanças de Sócrates Luís Campos e Cunha e o embaixador António Monteiro.
Na Lei Orgânica do Governo, a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) está sob tutela do primeiro-ministro. Até aqui, a AICEP era dirigida por Basílio Horta, actual deputado do PS, que respondia perante o Ministério dos Negócios Estrangeiros e o das Finanças.
A comissão presidida por Braga de Macedo tem 45 dias para apresentar propostas para a promoção do investimento das empresas portuguesas no estrangeiro e para remodelar todo o processo da diplomacia económica, nomeadamente ao nível dos organismos estatais. Ontem, em Moçambique, Portas já avisou que não ficará à margem de nada que tenha a ver com diplomacia económica.»
Texto in "i" online, 25-7-2011
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António José Seguro: "O Governo está a tratar os jovens como jovens a dias"
António José Seguro ontem, na primeira intervenção já como secretário-geral do PS em referência à redução das indemnizações por cessação do contrato de trabalho. Correio da Manhã, 25/07/2011, reproduzido no Expresso online.
sábado, 23 de julho de 2011
sexta-feira, 22 de julho de 2011
Francisco Pinto Balsemão diz que Paulo Portas não faz isto:
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«"Sócrates está queimado", Portas "não olha nos olhos"»
Francisco Pinto Balsemão, in Expresso online, 31-5-2011
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quinta-feira, 21 de julho de 2011
quarta-feira, 20 de julho de 2011
Carlos César: "Um imposto pago por um açoriano é uma receita fiscal dos Açores."
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Carlos César, o presidente do Governo Regional dos Açores avisou ontem ao primeiro-ministro que o corte no subsídio de Natal dos açorianos não irá para o Continente, acrescentando que a proposta de lei como está é inconstitucional e que as receitas têm de ficar na região. Diário de Notícias, 20/07/2011, reproduzido no Expresso online.
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terça-feira, 19 de julho de 2011
"Não pensem que o cenário de guerra na Europa está posto de lado."
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Paulo Rangel, o eurodeputado está pessimista com o curso dos acontecimentos na Europa e acredita no risco de desintegração europeia. Jornal de Negócios, 19/07/2011, reproduzido no Expresso online.
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segunda-feira, 18 de julho de 2011
"Estas parvoíces que andam a dizer das agências de rating são monstruosas."
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João César das Neves, o economista não concorda com aqueles que responsabilizam as agências de rating pela crise atual. i, 18/07/2011, reproduzido no Expresso online.
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Baleia "agradece" aos homens que a salvaram
Uma baleia, que se encontrava em risco de morrer, foi libertada das redes de pesca por três homens e "agradeceu" o resgate com uma exibição deslumbrante de saltos. Veja o vídeo em baixo
Um grupo de observadores de baleias deparou-se com o animal preso nas redes, na costa da Califórnia, e decidiu entrar na água para ajudar o animal.
Michael Fishbach, um dos observadores, mergulhou na água e com algum esforço começou a cortar as redes que prendiam as barbatanas e a cauda da baleia. "A visão desta enorme criatura presa e tão perto da morte foi quase esmagadora", afirmou o observador.
Os três homens, que estiveram cerca de uma hora de volta do animal a tentar libertá-lo, conseguiram por fim retirar todas as redes de nylon que prendiam a baleia.
O desempenho dos observadores permitiu a libertação da baleia que começou rapidamente a nadar premiando, durante a hora seguinte, os que a salvaram com um deslumbrante espetáculo de mergulhos e saltos.
Um forma de agradecimento aos salvadores ou apenas uma manifestação de alegria da baleia, por estar livre e viva.
in JN online, 18-7-2011
O Estado não é o Cabaret da Coxa de Manuela Moura Guedes
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«O Estado não é um noticiário de Moura Guedes
Manuela Moura Guedes tinha problemas antigos na televisão onde deixou de ser locutora de continuidade com um senhor que ia ser secretário de Estado. Mandou um sms ao primeiro-ministro, conhecimento recente, sobre uns boatos a propósito do senhor. E chegou isso para o primeiro-ministro mandar as secretas investigar Bernardo Bairrão. As secretas não chegaram a nenhuma conclusão a não ser a de que os boatos, de facto, existiam. E assim um governante deixou de o ser ainda antes de tomar posse.
Em alguns países, como os EUA, há um escrutínio prévio aos governantes antes de serem nomeados. Tudo na sua vida é passado a pente fino. Não sei se adoro o sistema, que pode dar excessiva relevância ao acessório, deixando para segundo plano a política. Mas tem duas vantagens: evita escândalos mediáticos futuros e é transparente.
O que não é sério é esta forma de fazer as coisas. Se há uma denúncia, ela não se faz em sms para o primeiro-ministro. Isto ainda não é uma sociedade filarmónica. É um País. Se há uma investigação ou ela é absolutamente secreta ou é transparente e com conclusões claras. O que é indecente é fazer-se uma seminvestigação e passar para os jornais semiconclusões, lançando sobre alguém que apenas foi convidado para o governo suspeitas difusas de que não se pode defender.
Assustam, neste episódio, duas coisas. A primeira: a vulnerabilidade de um primeiro-ministro que, por causa de umas bocas despeitadas, vê abaladas as suas convicções em relação à honestidade de alguém que julgou tão sério que até convidou para dirigir as polícias. A segunda: a ligeireza de procedimentos, com investigações rapidinhas, conclusões que não o são e fugas para os jornais com matéria não provada. Andam a brincar com coisas sérias. Que Manuela Moura Guedes o faça, não espanta. Que o primeiro-ministro vá na cantiga é mais grave.
Não conheço Bernardo Bairrão. Não sei se o que dele foi dito e escrito é verdade ou mentira. Mas acho que, nesta matéria, tem razão: as conclusões do relatório que foi feito sobre ele devem ser públicas para ver o seu nome limpo. É que as secretas não podem ser o que foi o telejornal de Moura Guedes. Do Estado, exige-se algum rigor e seriedade.»
Texto de Daniel Oliveira, in Expresso online, 18-7-2011
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Título do post de Zorate
sexta-feira, 15 de julho de 2011
quinta-feira, 14 de julho de 2011
"Os portugueses e os gregos vivem à custa dos alemães."
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Hans-Werner Sinn, presidente do instituto Ifo, organismo que compila os principais indicadores económicos da Alemanha, disse que a ajuda à Grécia e a Portugal está muito acima das possibilidades dos alemães. Diário de Notícias, 14/07/2011, reproduzido no Expresso online.
quarta-feira, 13 de julho de 2011
terça-feira, 12 de julho de 2011
Um dia triste na vida do Partido Socialista
«"Não fiquei nada surpreendido com a decisão do tribunal", admite um tranquilo Ricardo Rodrigues que ficou a saber hoje que terá de responder em tribunal pelo crime de atentado à liberdade de imprensa. "Espero um julgamento justo e não quero dizer mais nada porque se trata de uma questão do foro pessoal e não político", conclui Ricardo Rodrigues que foi eleito para este mandato.
O jornalista da Sábado Fernando Esteves, informado hoje sobre a decisão do tribunal, não ficou supreendido: "É um sinal de que as entidades judiciais não funcionam tão mal como as pessoas julgam e um sinal para os prevaricadores deste tipo". O jornalista, que ficou sem o gravador, não duvida de que "Ricardo Rodrigues cometeu um crime, agravado pelo facto de ser deputado".
Uma pergunta sobre o envolvimento do deputado socialista num escândalo de pedofilia nos Açores levou Ricardo Rodrigues a levantar-se e a levar o gravador durante a entrevista. O deputado esqueceu-se que a entrevista estava a ser filmada e as imagens correram o pais. Ricardo Rodrigues foi eleito vice-presidente da banca e nenhum partido censurou o seu comportamento. "É um sinal da perda de qualidade da nossa democracia", reclama Fernando Esteves.
O crime é punível com pena de três meses a dois anos de prisão.»
Texto in Expresso online, 12-7-2011
Veja o vídeo:
Vídeo in YouTube
Não foi Passos Coelho que acusou Sócrates de aplicar medidas a 'bochechos'?
«Medidas anunciadas são positivas, mas podem ser insuficientes, diz Passos Coelho»
Texto LUSA, última hora, 12-7-2011
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Título do post de Zorate
segunda-feira, 11 de julho de 2011
Há animais que têm vergonha na cara, Fernando Nobre não...
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Notas do Zorate:
1 - Fernando Nobre considera que o cargo de deputado é um tacho.
2 - Porém, queria ser presidente da 'tachada'.
3 - Peço desculpa aos senhores Leão e Urso, por colocar as suas imagens junto à imagem desta criatura que aparenta ser da raça humana.
Imagens in Google
«Os que pensavam que estava à procura de um tacho enganaram-se»
Fernando Nobre em entrevista telefónica ao site Portugal Digital, do Brasil, onde está neste momento depois de renunciar ao cargo de deputado à Assembleia.
Notas do Zorate:
1 - Fernando Nobre considera que o cargo de deputado é um tacho.
2 - Porém, queria ser presidente da 'tachada'.
3 - Peço desculpa aos senhores Leão e Urso, por colocar as suas imagens junto à imagem desta criatura que aparenta ser da raça humana.
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domingo, 10 de julho de 2011
Dividocracia (Debtocracy)
Documentário em 5 vídeos
«Documentário que revela a crise económico-social pela qual passam os países periféricos da União Europeia, em especial a Grécia. Vemos como as políticas económicas neoliberais impostas pelos agentes financeiros da UE levam à bancarrota os países de sua periferia e os deixam maniatados às decisões das grandes corporações financeiras extranacionais. O interesse primordial é sempre a defesa dos ganhos dos grandes grupos financeiros dos países mais fortes, principalmente da Alemanha, em detrimento das maiorias populares dos países de segunda linha como Grécia e Irlanda.
O filme também nos mostra que é possível enfrentar com êxito às pressões dos aparelhos a serviço do capital financeiro mundial (FMI, Banco Mundial, etc.) quando os governantes do país ameaçado têm suficiente dignidade para colocar em primeiro lugar a satisfação das necessidades de seu povo, e não a obsessão por lucros dos magnatas financeiros. É o caso do Equador dirigido por Rafael Correa.
Este documentário expõe a crueldade que move o neoliberalismo em seu afã por ganhar cada vez mais às custas do sacrifício de todos os demais setores da população. Ele também deixa claro que, com a decidida mobilização das maiorias populares, o monstruoso aparato financeiro pode ser derrotado.»
Texto e Vídeos in YouTube
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Agências de 'rating' e órgãos de comunicação social têm uma coisa em comum:
Quando dizem bem de nós, são óptimos!
Quando mal de nós dizem, não prestam!
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sexta-feira, 8 de julho de 2011
O presidente Silva e o presidente Cavaco
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«Atacar os mercados é um erro, diz Cavaco Silva
O Presidente da República recusou hoje qualquer "retórica de ataque aos mercados internacionais", considerando que é um "erro" que prejudica a economia portuguesa.
O Presidente da República recusou hoje qualquer "retórica de ataque aos mercados internacionais", considerando que é um "erro" que prejudica a economia portuguesa.
Interrogado sobre como poderá o país "aguentar-se" no curto prazo com os juros da dívida portuguesa a rondarem os sete por cento, o chefe de Estado insistiu que "não compensa absolutamente nada para a economia portuguesa e para o emprego em Portugal estabelecer uma retórica de ataque às posições dos mercados".
"É um erro, devemos sim trabalhar, trabalhar para aumentar a competitividade da nossa economia, fazer aquilo que estas Pequenas e Médias Empresas inovadoras estão a fazer e outra pelo país fora, porque é este o caminho, não é o caminho das ilusões, nem o caminho das utopias", defendeu.
"É um erro, devemos sim trabalhar, trabalhar para aumentar a competitividade da nossa economia, fazer aquilo que estas Pequenas e Médias Empresas inovadoras estão a fazer e outra pelo país fora, porque é este o caminho, não é o caminho das ilusões, nem o caminho das utopias", defendeu.
Pois, acrescentou, o "caminho da retórica" e de "ataque aos mercados" pode dar títulos de jornais, notícias na televisão ou na rádio, "mas não resolve um único problema do nosso país". »
Texto in Expresso online, 09-11-2010
«Cavaco Silva: agências de rating "são uma ameaça"
O Presidente da República disse hoje que as decisões das agências de rating norte-americanas são "uma ameça à estabilidade da economia europeia" e considerou a descida de rating português pela Moody's "escandalosa".»
O Presidente da República disse hoje que as decisões das agências de rating norte-americanas são "uma ameça à estabilidade da economia europeia" e considerou a descida de rating português pela Moody's "escandalosa".»
Texto in Expresso online, 08-7-2011
Notas do Zorate:
É impressão minha ou a República Portuguesa teve dois presidentes nos últimos meses: O senhor Silva no tempo de Sócrates e o senhor Cavaco nos actuais dias de Passos Coelho?
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quinta-feira, 7 de julho de 2011
quarta-feira, 6 de julho de 2011
Quantos elementos da PSP conduzem com carta de condução verdadeira?
Chefe da PSP da Pontinha (Odivelas) com carta de condução falsa
«Polícia nunca entregou a carta de condução numa esquadra, o que levantou suspeitas.
Um chefe da PSP, colocado na esquadra da Pontinha, Odivelas, está a ser investigado internamente por ter trabalhado com uma carta de condução falsa. O inquérito foi desencadeado após um acidente de viação, tendo-se constatado que o chefe Paulino (elemento policial visado pela investigação) tinha uma licença de condução com o mesmo número de série de um civil residente em Ermesinde.
Esta é a terceira situação do género envolvendo polícias despoletada nos últimos dias. A primeira ocorreu em Vila do Conde, onde se descobriu que um agente com cerca de 50 anos andou anos a conduzir carros-patrulha sem carta. O segundo caso ocorreu em Aveiro, onde um polícia chegou a conduzir viaturas do comandante distrital da PSP sem ter qualquer licença.
Os contornos do caso que envolve o chefe Paulino, colocado na divisão policial de Loures, foram descobertos no final do ano passado. O graduado da PSP teve um acidente, num dia de folga, com uma viatura particular. Apanhado sem carta, foi intimado por colegas a apresentá-la numa esquadra. O CM sabe que o chefe Paulino nunca chegou a entregar a carta, o que levantou suspeitas.
Colocado na esquadra de Loures, o graduado teve então de mostrar os documentos por ordem superior, notando-se que a licença do chefe Paulino tinha o mesmo número de série de um condutor de Ermesinde. Além disso, a data de expiração do documento coincidia com o nascimento do titular. Por lei, essa data tem sempre de ser um dia após o aniversário.
Foi instaurado inquérito para apurar se o visado trabalhou com uma carta de condução falsa. Entretanto, o chefe Paulino foi transferido para a esquadra de Moscavide e depois para a Pontinha, onde começou ontem a prestar serviço.
O graduado afirma que o erro deve ser imputado ao Instituto de Mobilidade e Transportes Terrestres, entidade emissora da carta.»
in CM online, 06-7-2011
Notas do Zorate:
Com três casos conhecidos, apenas nos últimos dias, a pergunta faz todo o sentido: quantos elementos da PSP conduzem com carta de condução verdadeira?
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terça-feira, 5 de julho de 2011
Portugal deu Passos para Portas do Lixo
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Lusa, última hora, 05-7-2011
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«A agência de notação Moody’s cortou hoje em quatro níveis o 'rating' de Portugal de Baa1 para Ba2, colocando a dívida do país na categoria de 'lixo' (junk).»
Lusa, última hora, 05-7-2011
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O desNobre AMIgo da Onça
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'O inglório'
Cartoon de Henrique Monteiro
(05-7-2011)
Título do post de Zorate
Fernando Nobre, o antidemocrata
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«Fernando Nobre lá renunciou ao cargo de deputado, que os eleitores de Lisboa em grande número lhe confiaram. Razão: não foi eleito presidente da Assembleia da República pelos restantes deputados. Que pena! Coitadinho: por ser tão vaidoso, não respeita o compromisso que estabeleceu com os eleitores e assume-se como uma verdadeira fraude democrática. Se fosse para ser presidente da Assembleia da República, Fernando Nobre teria todo o tempo do mundo, toda a disponibilidade... Como era "apenas" para ser deputado, já tem muito que fazer. A AMI já chama por ele. Haverá maior lata democrática?
Este episódio, apesar de muitos considerarem lateral, é revelador da degradação a que chegou a principal instituição da democracia portuguesa: a Assembleia da República. Ser deputado já é encarado como um cargo político menor, sem importância. E Fernando Nobre, que tanto gostava de se autoproclamar como um exemplo de intervenção e virtudes públicas, contribuiu para agravar a imagem da nossa democracia: parece que, de facto, estar na política pressupõe não cumprir a palavra. Seja quem for: são todos os iguais. Este é o único contributo tangível que a fugaz passagem de Fernando Nobre pela política deixa.
Mais grave: Fernando Nobre faltou à verdade. Recordamos os caros leitores que, quando o EXPRESSO publicou a entrevista em que Fernando Nobre afirmava que, caso não fosse eleito presidente não ficaria como deputado, aceitou, de imediato, dar uma entrevista televisiva a negar tais declarações. Afinal, o EXPRESSO mostrou rigor e isenção - Fernando Nobre é que mentiu. Ele e o partido que lhe deu cobertura: no caso, o PSD. Como é que Passos Coelho foi na conversa de prometer que elegeria Fernando Nobre presidente da Assembleia da República, em troca da sua inclusão nas listas do PSD? Esta história não dignifica ninguém!
Por último, eu, que ainda dei o benefício da dúvida a Fernando Nobre, hoje sou levado a admitir que seria um péssimo presidente do Parlamento. Primeiro, porque é vaidoso até dizer chega, só pensando em si e no seu futuro político; segundo, porque iria aproveitar-se do peso institucional do cargo para lançar a sua candidatura a Belém, mantendo um espaço de manobra político próprio.
Enfim, Fernando Nobre foi uma autêntica desilusão.»
por João Lemos Esteves, Expresso online, 05-7-2011
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"(Fernando Nobre) Deve estar já a preparar a mochila e abalar para o Sri Lanka."
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Notas do Zorate:
José Lello, deputado do PS, comentando no Facebook o abandono de Fernando Nobre do Parlamento. Diário Económico online, 05/07/2011, reproduzido no Expresso online.
Notas do Zorate:
Fernando Nobre tinha, aparentemente, todas as condições para ficar na história como um grande humanista.
Mas, de repente, por vaidade ou falta de carácter, ou por ambas as coisas, ou por uma outra coisa qualquer, esta pobre criatura escolheu o caminho da aldrabice pura e dura, e corre o risco de ficar na memória dos seus concidadãos como um pantomineiro que utilizou uma CAUSA NOBRE para satisfazer o seu umbigo.
Por causa das múltiplas aldrabices de 'Nobre' já se levantam vozes a exigir uma rigorosa auditoria às contas e actividades da AMI (Assistência Médica Internacional).
Vamos lá ver no que isto vai dar...
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segunda-feira, 4 de julho de 2011
Como é possivel Fernando Nobre viver com tamanha falta de respeito por si próprio?
«Faltou ao debate do Programa do Governo e na bancada espera-se que o deputado já não volte.
Fernando Nobre faltou aos dois dias do debate do programa de Governo, alegando doença, mas na convicção de vários dirigentes da bancada do PSD, que o reafirmam ao DN, o mais provável que já não volte, estando-se a preparar para renunciar ao mandato.
Confirmando-se, será, no essencial, o concretizar da ameaça que fez pouco depois de se ter sabido (em 10 de Abril passado) que aceitara ser o cabeça-de-lista do PSD em Lisboa mas com a condição de ser também o deputado indicado pelo partido para candidato a presidente da Assembleia da República: se perdesse esta eleição renunciaria ao mandato. Em 20 de Junho, primeiro dia da nova legislatura, o Parlamento reuniu e Nobre foi a votos. Precisava de, no mínimo, 116 votos favoráveis para ser eleito presidente da AR. Falhou. Na sequência da sua não eleição, Nobre - que o DN tentou, em vão, contactar - garantiu que continuaria deputado.»
in DN online, 04-7-2011
Notas do Zorate:
Como é possivel Fernando Nobre viver com tamanha falta de respeito por si próprio?
sábado, 2 de julho de 2011
Como seria se algum dia o PCP fosse governo em Portugal?
«Jerónimo apela ao protesto e considera que o Governo pode ser derrotado pelo povo»
Texto e imagem Lusa, 02-7-2011
Notas do Zorate:
Este democrata de algibeira só diz disparates.
Então, não foi o povo que elegeu o governo, quando deu a maioria dos votos ao PSD/CDS?
Como seria se algum dia o PCP fosse governo em Portugal?
Afinal, Passos Coelho é fã de José Sócrates
«E aí está: a primeira grande medida do governo Passos Coelho é cortar 50% no subsídio de natal (podemos discutir se se trata de um corte ou um aumento no IRS, mas isso é discutir o sexo dos anjos). Compreendo que o país se encontra numa situação delicada que exige sacrifícios adicionais - todavia, objetivamente, o governo desiludiu. O centro-direita em Portugal tem uma piadola: quando está na oposição é contra o aumento de impostos, a favor da liberdade individual; mas quando passa para o governo esquece a redução da despesa e -voilá! - decide...aumentar os impostos. Ou seja, uma medida tipicamente socialista. Tipicamente socrática. Passos Coelho mentiu. É pena que não haja vergonha na política portuguesa.»
por João Lemos Esteves, Expresso online, 02-7-2011
Leia o artigo completo aqui:
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As aventuras e desventuras dos maoistas portugueses
«Estávamos em 75, no ano mais quente da revolução. Uma camioneta com mobiliário retirado da Faculdade de Direito de Lisboa chega à porta da sede do Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado (MRPP). A comandar a expropriação revolucionária está o camarada Abel (Durão Barroso). Depois de um breve confronto com "o guia do proletariado", o camarada Arnaldo Matos, o militante é obrigado a devolver o mobiliário às salas da universidade.
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O actual presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, é o mais célebre do ex-maoistas. Não porque tenha sido o maior dos adeptos de Mao Tsé Tung, mas porque é aquele que mais importante se tornou na actualidade. O ex-primeiro-ministro do PSD foi militante e dirigente da Federação dos Estudantes Marxistas-Leninistas (FEML), braço estudantil do MRPP, fundado por Fernando Rosas, que editava o "Guarda Vermelho". O MRPP tem origem nos Comités Vietname, que em 21 de Fevereiro de 1968 realizaram uma manifestação frente à embaixada dos Estados Unidos da América, posteriormente transformados na Esquerda Democrática Estudantil. No início dos anos 70, eram hegemónicos num bom número das faculdades de Lisboa. Tinham como bastião a Faculdade Direito de Lisboa, no anedotário da época transformada num pagode chinês. Um dos momentos marcantes da história do MRPP foi o assassinato pela PIDE do seu dirigente, José Ribeiro Santos, durante um plenário estudantil em Económicas (actual ISEG), a 12 de Outubro de 1972. No tiroteio fica morto Ribeiro dos Santos e ferido José Lamego, na altura militante do MRPP e que foi secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros do governo de António Guterres. O vão acusar o PCP de o ter morto a meias com a PIDE. "O fascismo apertou o gatilho e o revisionismo apontou-lhes o alvo - tal é a justa apreciação da sinistra confabulação das forças da classe contra-revolucionária que assassinaram o grande bolchevique José António Ribeiro Santos", garantia a publicação "Honra ao camarada Ribeiro Santos, o povo não te esquecerá!".
O empresário Jorge Coelho, o ministro Nuno Crato, o antigo ministro das Universidades Mariano Gago, até o ex-ministro da Administração Interna Rui Pereira, a mediática procuradora Maria José Morgado, o jornalista José Manuel Fernandes, o historiador Pacheco Pereira são alguns dos muitos ex-maoistas que atingiram posições de destaque na vida económica, académica e política. São muitos e conhecidos, pela simples razão de que os maoistas foram numerosos na década de 70. De 1964 até aos dia de hoje, há registo de dezenas de organizações maoistas no país; um estudo do investigador Miguel Cardina ("O essencial sobre a esquerda radical") recenseia cerca de 70 organizações ligadas a esta corrente ideológica.
Pacheco Pereira (ver post anterior) defende que o maoismo em Portugal provém de dois momentos diferentes: um primeiro devido à ruptura entre chineses e soviéticos, que leva a uma cisão do PCP, e um segundo momento, posterior a 1968, devido à radicalização de sectores da juventude, influenciados pela Revolução Cultural Chinesa e pelo Maio de 1968 em França.
Em 1964, a ruptura sino-soviética leva alguns militantes do PCP, como Francisco Martins Rodrigues, membro do executivo do PCP no interior do país, a romper com o partido. Numa reunião do comité central do PCP em Moscovo em Agosto de 1963, para preparação do VI Congresso, Martins Rodrigues expressa a sua divergência em três pontos fundamentais: defende um levantamento nacional para derrubar a ditadura, aposta na luta armada como uma das formas de luta e critica a estratégia de unidade do PCP com sectores da burguesia no combate ao fascismo, afirmando a necessidade de reforçar "o protagonismo do proletariado". No fundo, tratava-se de adaptar à realidade nacional os slogans da liderança chinesa, na contestação à política soviética da "coexistência pacífica" entre países comunistas e capitalistas na era das armas atómicas.
Um antigo director do "Público", o jornalista José Manuel Fernandes, tinha 11 anos quando se deu o Maio de 68. Quando entrou no liceu começou a frequentar reuniões. A adesão ao maoismo deveu-se à sua necessidade de contestar o regime de uma forma radical e por reacção a uma oposição "chata" que o PCP simbolizava. "Fui a uma ou duas reuniões, regra geral as intervenções mais chatas eram feitas por pessoas ligadas ao PCP, como o Miguel Portas, e identifiquei-me com pessoas com um discurso mais radical e apelativo." A sua militância política começa ligada à acção contra a guerra colonial, na órbita da CMLP (Comité Marxista-Leninista Português), na UEC (ML) (União de Estudantes Comunistas Marxistas-leninistas), cujos membros eram conhecidos no meio estudantil como os Pops, devido à sua plataforma por um ensino popular. Adere ao PCP (ML), facção Mendes, o mesmo em que milita Pacheco Pereira, e depois do 25 de Abril chega em 1976 ao secretariado da UEDP (União dos Estudantes Democráticos e Populares), organização de juventude da UDP, com o actual ministro da Educação, Nuno Crato.
José Manuel Fernandes diz que nas vésperas do 25 de Abril o PCP já tinha recuperado influência em algumas das faculdades (Económicas e Medicina) e dividia a popularidade com estudantes de vários sectores maoistas. "Os trotskistas ou os ''trouxas'', como a gente lhes chamava, eram muito poucos." Esta concorrência era encarniçada, mas não se fazia sem regras: "Tínhamos como adquirido que quando num plenário de estudantes criticávamos alguém do PCP não lhe podíamos chamar ''revisionista'' devido ao perigo de o estar a identificar para os bufos da PIDE. Ficávamos pelo menos claro ''reformista''." Em 16 de Dezembro de 1973, 150 estudantes do secundário reunidos na instalações da Faculdade de Medicina são cercados pela polícia e mais de 50 são detidos. Dormem uma noite na cadeia, "tirando uns poucos, como a Eugénia Varela Gomes, que ficam presos em Caxias", recorda José Manuel Fernandes. A todos os rapazes, com idades à volta dos 16 anos, é cortado pela polícia o cabelo com máquina zero. A carecada tanto é dada ao PCP Miguel Portas como ao maoista José Manuel Fernandes.
A primeira experiência de jornalismo têm-na já depois da revolução. Durante a campanha do Otelo funda-se o jornal com o pequeno título "O 25 de Abril do Povo". "Era para ser um diário, mas passa a semanário e dura só três meses." Depois disso dá-se a reorganização do jornal da UDP "A Voz do Povo". João Carlos Espada, do comité central da UDP, vai dirigir o jornal e José Manuel Fernandes acompanha-o. Diz o jornalista que na altura já não se considerava maoista. "Lembro-me de dois momentos que me fizeram mudar de ideias: o enterro de Mao, em que a nova direcção apagou das fotos a viúva de Mao e os seus apoiantes (o chamado Bando dos Quatro)" e uma das purgas do poder na Albânia, em que foi expulso e posteriormente "suicidado", o antigo primeiro-ministro albanês Mehmet Shehu. "Essas coisas impressionaram-me, acusarem o tipo de triplo espião russo, da CIA e do Vaticano. Simplesmente não podia ser verdade", diz o jornalista. Era duro ser jornalista/militante. "Recebíamos menos que o salário mínimo. Tínhamos de fazer a lista das nossas despesas e davam-nos um salário de acordo com elas. Daí as discussões homéricas entre fumadores e não fumadores, porque os primeiros recebiam mais", lembra, sorrindo.
O trabalho na "Voz do Povo" não se fez sem incidentes. "A certa altura cindimos com o PC(R), o jornal chega a estar cercado", afiança. A "Voz do Povo" continua a ser impressa mais uns meses, até acabar o dinheiro. "Na altura passámos a imprimi-lo na sede do PSR." Na sua redacção passam nomes como Henrique Monteiro, ex-director do "Expresso", ou Manuel Falcão, que chegou a chefe de gabinete de Santana Lopes, quando este foi primeiro-ministro. Durante as eleições presidenciais de 1980, João Carlos Espada apela em editorial no voto em Otelo e José Manuel Fernandes, chefe de redacção, defende o voto útil em Soares Carneiro. O ano de 1981 vai encontrar os dois na fundação do Clube da Esquerda Liberal, com Pacheco Pereira e Manuel Villaverde Cabral. José Manuel Fernandes concorda que o processo de evolução política dos maoistas portugueses tem algum paralelo com a ida para a direita dos maoistas franceses que se converteram nos "novos filósofos", que defendem a economia liberal, mas realça algumas diferenças: "Em meu entender, a maioria dos maoistas pura e simplesmente saiu da actividade política. Votam PS ou até em partidos como o Bloco." Reconheça contudo que há um grupo, ao qual ele pertence, que evolui para "posições mais à direita".
A verdade é que, se nos livrámos do maoismo, não conseguimos fugir do poder dos ex-maoistas. Fortes nas universidades, fazem parte da actual elite do poder. Que o diga José Manuel Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, que escrevia no "Luta Popular" de 2 de Abril de 1975, o artigo titulado "Que Viva Estaline", em que, para combater o desvio da "linha negra" de Maria José Morgado e Saldanha Sanches escrevia: "O camarada Saldanha Sanches é que não se demarca dos oportunistas, nem pouco mais ou menos, não resistiu à contraprova do campo magnético; mal se falou em Estaline começou a hesitar, titubeou, hesitou, indo cair no campo da contra-revolução, arrastado pelo poderoso campo magnético de que fala o Comité Lenine na sua Directiva." Se trocarmos "euro" por "Estaline", nem mudou assim tanto.»
por Nuno Almeida, jornal i online, 02-7-2011
Pacheco Pereira: "Reuni muitas vezes com um capuz enfiado na cabeça"
«Ainda bem que me faz essa pergunta sobre esse excerto do livro da Zita Seabra que sistematicamente é reproduzido e que não é verdadeiro. Bastava ler com atenção para perceber que há ali um enorme anacronismo. Os acontecimentos a que se refere a citação são de 1966 e a fundação do PCP (ML) no Norte é de 1972. Ora seis anos naquela altura são seis séculos. A citação é mais reveladora da mentalidade de um PC sobre as mudanças que se estavam a dar do que propriamente rigorosa sobre o meu caso. Conheci a Zita Seabra numa tentativa minha de levar a pró-associação de estudantes de liceu para a escola em que eu andava, a Alexandre Herculano. A pró-associação não tinha influência no Porto e era estritamente controlada pelo PCP. Participei em poucas reuniões, uma das quais na casa da família Cortesão, e foi aí que conheci a Zita Seabra. Colaborei no boletim associativo que existia, até fiz uma tradução do Paul Éluard que foi publicada. Nunca quis entrar no PCP, mas compreendo a mentalidade da citação sobre mim, é de alguém que está habituado a uma concepção burocrática do movimento estudantil, que não concebe o activismo da oposição a não ser nos quadros do PCP.
Está a falar do maoismo como uma ruptura cultural e de parte de uma geração como o PCP, mas no seus primórdios o maoismo nasce como uma cisão do PCP quanto à questão da China e é do ponto de vista cultural muito próximo da casa mãe.
No livro que eu publiquei sobre o início do movimento marxista-leninista na Europa, "O Um Dividiu-se em Dois", falo de uma distinção entre aqueles que rompem com o PCP porque são pró-chineses e aqueles que vão ser os "maoistas". Os primeiros apoiavam as teses do Partido Comunista Chinês, que renegam a coexistência pacífica, e defendem as teses da necessidade de uma revolução violenta, considerando que no plano internacional se verificava um levantamento no terceiro mundo contra os imperialismos soviético e norte-americano. O movimento pró-chinês, que é em grande parte constituído por gente que veio dos partidos comunistas, é um movimento de reforma dos partidos comunistas.
Há uma segunda fase, posterior à revolução cultural e ao Maio de 68, e aí o objectivo já não é combater o revisionismo dos partidos comunistas, mas muito mais do que isso. Os seus activistas reivindicam novas formas culturais e de organização. Essa diferença expressa-se pela imitação de algumas práticas que pareciam estar a passar na Revolução Cultural Chinesa ou daquilo que na Europa se imaginava: algumas frases, slogans e textos. Sobretudo uma ideia de espontaneidade e de intervenção directa das massas.
A distinção não se faz também em relação à origem de classe dos sectores sociais que aderem a estes dois tipos de maoismo?
Também. Uma das grandes fragilidades do esquerdismo português, que era muito forte à data do 25 de Abril, é que era essencialmente estudantil e, usando uma categoria em voga na época, "pequeno- -burguês", e não conseguia competir em todos os terrenos com o PCP, que tinha operários, camponeses, intelectuais, gentes das profissões urbanas liberais, empregados. As razões de recrutamento dos pró-chineses, da primeira fase, são diferentes das dos maoistas. Estes últimos são recrutados no meio da revolta estudantil geral que se manifestou nos EUA e na Europa.
O que atraía esses estudantes?
Uma certa interpretação anti-estalinista do estalinismo, que era uma coisa que seduzia muito os intelectuais da época. Contavam-se histórias emblemáticas sobre isso, como o caso da edição do livro de Li Shao-Chi (presidente da China entre 1960 e 1965, caído em desgraça durante a Revolução Cultural). O livro dele "Como Ser Um Bom Comunista" teria sido reeditado em milhões de exemplares com uma faixa a dizer: "Ler para criticar". Estas historietas indiciavam uma diferença em relação ao estalinismo, em que no livro pura e simplesmente desapareceria.
Isso parece contraditório em relação ao facto de na ruptura sino-soviética um dos argumentos de fundo ser a afirmação de que os russos teriam traído os ensinamentos de Estaline.
A China tinha sofrido com a tentativa de Estaline de controlar o Partido Comunista Chinês. A Revolução Cultural chinesa é vista por muitos jovens como um processo de rectificação num país socialista. Esta mescla de ideias, slogans e mitos era muito atractiva para os estudantes e também para muitos jovens operários. O recrutamento fora das universidades é sobretudo feito em sectores mais jovens da classe operária. Essa influência geracional explica que nas vésperas do 25 de Abril o PCP tivesse perdido grande parte da sua influência na universidade, embora tentando, com a criação da UEC, retomar esse controlo. Na maioria das faculdades o PCP tinha perdido a hegemonia que tinha desde os anos 30. É preciso relembrar que se assistia ao fim da liberalização caetanista, um número importantes de jovens começa a politizar o movimento estudantil e a entrar em organizações clandestinas. O que explica o crescimento do MRPP em Lisboa e do PCP (ML) e do Grito do Povo a Norte. São organizações todas elas posteriores a 1970.
Mas são organizações importantes na época?
Nos trabalhos que tenho feito sobre a extrema-esquerda, na parte das biografias, estou a trabalhar com 3 mil a 3500 biografias. Não são todas de maoistas, retirando outros elementos da extrema-esquerda, trotskistas, guevaristas, etc., que são menos de 500. Restam uma grande maioria que são maoistas. A fragmentação das organizações faz com que a sua força pareça menor. Se os juntássemos a todos, veríamos que o esquerdismo em Portugal tinha uma grande importância. Aliás, veja, Portugal é o único país europeu que elegeu um deputado pró- -albanês.
Nessa segunda geração de organizações maoistas a oposição ao PCP era tão forte como contra o regime, ou mais.
Tinha-se a ideia de que havia dois inimigos: os fascistas e os revisionistas. A maioria das pessoas não tinha passado pelo PCP. Não tinham o molde da cisão pró- -chinesa, esses ou estavam presos ou exilados. As pessoas metem tudo no mesmo saco, mas estas organizações tinha identidades distintas: MRPP, CMLP, o Grito do Povo, PCP (ML). Tinham identidades próprias. E todos eles achavam que o PCP era a face do regime na oposição. O Partido Comunista Português reagiu com extrema violência ao aparecimento do esquerdismo. Os quadros do PCP não compreendiam o que se estava a passar. Achavam que uma provocação quase pidesca. As coisas estavam sempre no limiar da violência física.
Mas o PCP, como fez em outros assuntos, não teve uma dupla táctica: denunciar os esquerdistas e apropriar-se parcialmente de algumas das suas bandeiras?
Sem dúvida. O grande erro dos esquerdistas em relação ao PCP é não perceberem que a direcção de Cunhal era diferente da de outros partidos comunistas. Quando Cunhal sai da cadeia, criticando o desvio anarco-liberal de direita, está em contraciclo com o movimento comunista internacional, em que se assiste ao apogeu das teses de Krutchev da coexistência pacífica. As teses de Cunhal eram mais parecidas com as teses chinesas que com as teses soviéticas. O que não significa que Cunhal, como homem realista que era, não percebesse que tinha de estar do lado dos soviéticos. Mas em todos os momentos em que teve a oportunidade de fazer uma diferença Cunhal foi muito mais esquerdista que todos os dirigentes comunistas europeus. Cunhal tenta criar muito cedo uma organização para a luta armada, que mais tarde veio ser a ARA (Acção Revolucionária Armada). Os textos de Cunhal mostram que ele tinha uma enorme preocupação com os esquerdistas e com o apelo da luta armada. Sabia que havia militantes do PCP que tinham participado na tentativa de golpe de Beja.
Usando a frase imortal do Baptista Bastos, onde é que estava no 25 de Abril?
[Risos] Estava no Porto, a organizar a transferência de um copiógrafo de uma casa segura para umas casa ainda mais segura. Os copiógrafos eram as verdadeiras preciosidades que as organizações tinham. E encontrei-me de manhã com um camarada meu que tinha carro. Ele chegou muito preocupado a dizer que tinha um golpe do Kaúlza. Estacionámos numa mata, para tentar ouvir o que se estava a passar na rádio. Na altura não havia telemóveis e as comunicações eram mais complicadas. Resolvemos, portanto, voltar. Eu só me apercebi da mudança radical quando assisti a uma cena ao princípio da tarde. No porto havia um edifício na Avenida do Aliados que era do Comércio do Porto. E lá fora vemos muita gente em frente do placard informativo. O papel pequeno dizia que em Matosinhos havia uma revolta popular. Eu sabia que esses papéis não podiam durar muito. Apareceu a polícia, em carrinha, mas nesse momento apareceram três ou quatro militares e a polícia fugiu. Lembro-me perfeitamente de ver a carrinha subir a avenida de portas abertas com os polícias cheios de medo.
Qual foi a vossa posição política?
Nós estávamos fragmentados, mas a nossa posição foi a tradicional, que o 25 de Abril não passava de um golpe burguês. E insistirmos na questão da Guerra Colonial. Na altura essa questão não parecia em vias de ser resolvida. Mas depressa a realidade ultrapassou isso, e o que fez a minha organização, como outras, foi manter parte da organização clandestina, e as pessoas que vieram de França construir uma frente legal, o Partido da Unidade Popular e o jornal "Verdade".
Em poucos anos parte das organizações maoistas confluíram no PC(R), restando este, o MRPP e pouco mais. Qual é o seu papel nesta fase?
Eu sou uma espécie de pioneiro da saída. Sou dos primeiros a sair. Toda a gente acha que sou um maoista empedernido porque eu falo destas coisas, não tenho nenhum problema em saber, e admitir que sei muito sobre estas coisas. É uma experiência de comunidade de risco. As pessoas não têm nenhuma consciência disso, porque depois do 25 de Abril o máximo de risco que têm é perder um lugar num partido. Na altura o risco era total, podiam até perder a vida. Eu não concordava com a unificação no PC(R) e tinha uma análise diferente do PCP. Enquanto a maioria tinha a ideia de que eles eram reformistas, eu achava que o PCP queria mesmo tomar o poder. Escrevi dois longos textos sobre isso, sob pseudónimo, assinei como Rui. Afastei-me em Abril de 76, abandonei. Não se pode confundir o realismo do discurso da direcção do Cunhal, que tinha sempre um pé em cada sítio, com o que o PCP verdadeiramente queria. Os textos soviéticos da altura também mostravam que havia uma cisão quanto à situação. Por mais burocratas que fossem, homens como o Suslov não abandonaram a perspectiva revolucionária.
O processo de normalização democrática não leva muitos deles a normalizar também as suas convicções?
Acho que há uma análise mais fina do que essa. Há um conjunto de pessoas que se integram no sistema democrático, mas trazendo-lhe algumas coisas que eles não tinham. Por exemplo, não havia uma verdadeira crítica da União Soviética enquanto poder totalitário.
Em Portugal, quem fez as audiências Sakarov? A ala do PS ligada ao Soares e os antigos maoistas. Em França foi a mesma coisa com os "novos filósofos". Quando analisamos os motivos que levaram uma geração a entrar no maoismo e depois a sair dele vemos uma grande continuidade. Um dos motivos de crítica ao PCP era a rejeição do neo-realismo. Havia uma reivindicação do surrealismo. Era um programa liberal e libertário.
Isso não é uma espécie de justificação a posteriori?
Não. Posso dar-lhe o meu exemplo, tinha um enorme conflito com o Mário Vieira de Carvalho por causa da música que passava na secção cultural da associação de estudantes. Eles só passavam discos do Chant du Monde [editora do PCF].
Qual era a sua playlist?
A gente passava música do Xenakis, música concreta, que assustava muita gente. Estas gerações têm elementos de identidade, apesar da suas mudanças políticas. Veja, a maioria das pessoas desta geração nunca foram reaccionárias em matéria de costumes.
Uma das plataformas que intelectualizaram a passagem para a direita dos maoistas foi o Clube de Esquerda Liberal.
O Clube da Esquerda Liberal é em grande parte uma construção de três pessoas: eu, o João Carlos Espada e o Manuel Villaverde Cabral. Todos com percursos diferentes. Eu conheci o Espada de capuz. Numa reunião em casa da Vieira da Silva em que eu, como pertencia ao sector clandestino, estava de capuz, o que além de ser ridículo criava um enorme problema. Muitas vezes dormíamos no chão das casas em que reuníamos e mesmo nessa altura tinha de usá-lo. Reuni muitas vezes com um capuz enfiado na cabeça. Nessa altura conheci o Espada e o António Costa Pinto, que estavam como dirigentes da UEC (ML). O Manuel Villaverde Cabral veio do PC, aproximou-se da FAP e depois teve uma relação com sectores da extrema-esquerda italiana. É responsável por uma publicação que tem uma grande importância no esquerdismo português, os "Cadernos de Circunstância". Nós os três, que tínhamos vindo do esquerdismo, começamos a ler autores como Karl Popper, com discussões épicas com o Fernando Rosas, de quem sou amigo. O Clube da Esquerda Liberal, em que participou em debates o próprio Mário Soares, teve uma grande importância na introdução de uma visão liberal na política portuguesa.
Esse tipo de conhecimento e percurso é obviamente uma vantagem...
Uma desvantagem é que sei perfeitamente o percurso das pessoas. Tive uma altercação com o Sócrates em que ele me disse: "Uma vez radicais, sempre radicais." Eu respondi-lhe: "Olhe para o seu governo: tem um PC que saiu quase directamente do PC para o executivo, e vários do MRPP."
Com o governo do seu companheiro Passos Coelho e o programa da troika há condições para a radicalização social?
Claro que há. Felizmente, não tem havido mais, porque o PCP e a CGTP têm tomado uma posição moderada, impedindo a radicalização. Impedem que o protesto social ganhe uma faceta violenta. Por isso é que eu digo à gente do meu partido que tenha cuidado com a forma como fala com o PCP.
Há quem diga que nada vai acontecer porque somos um país de brandos costumes.
Isso é uma treta. Portugal nunca teve brandos costumes. O que não teve no século XX foi guerras civis como em Espanha ou na Grécia. Mas teve no século XIX guerras liberais e usaram-se todos os mostruários do catálogo da violência possível. Estes novos radicais serão radicais de dois tipos: anarquistas e populistas da direita política e demagógico, e estes dois tipos entendem-se muito bem. A ideologia presente das acampadas tem uma base antidemocrática e contra os partidos.»
por Nuno Almeida, jornal i online, 02-7-2011
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