Foi um momento inesquecível, aquele que vivi na noite de 4 de Dezembro de 1980.
Tinha combinado com os meus sócios José e David, fazermos um serão depois do jantar para seleccionarmos os modelos para a colecção Primavera/Verão 1981 da nossa fabriqueta de confecções, de nome Sandalber.
Antes de partir para este compromisso profissional, desloquei-me a um Café que frequentava, para aí fazer a habitual, daquela vez rápida, partida de bilhar com o meu amigo João Neves.
Tacada para cá, tacada para lá, de repente o Café fica em silêncio a ouvir Raul Durão da RTP1 a comunicar ao país que o primeiro-ministro de Portugal, ministro da Defesa e outros acompanhantes, tinham falecido num acidente de aviação em Camarate. Ali a 3/4 km do local onde nos encontrávamos.
Eu e o meu amigo Neves, largámos imediatamente os tacos, e passados 10 minutos estávamos no Bairro das Fontainhas, junto ao Bairro de Angola, em Camarate (zona oeste/norte do aeroporto de Lisboa).
A polícia tentava fazer o habitual isolamento da área, mas a multidão começava a engrossar. De repente alguém me tocou no ombro, como que a convidar-me para o acompanhar. Era o meu amigo Severiano Falcão (falecido em 2004), na altura presidente da Câmara Municipal de Loures.
Alguns metros à frente, eis-me diante daquilo que restava de alguns seres humanos.
Se fosse hoje, acho que não me atrevia a ser tão curioso.
A imagem que me acompanha há 39 anos, é demasiado pesada. Mesmo sendo de gente pela qual não nutria qualquer simpatia política. Mas eram pessoas...
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