Destas mãos que falam, saem gritos d'alma, gemidos de dor, às vezes, letras com amor, pedaços da vida, por vezes sofrida, d'um quase iletrado escritor. Saem inquietações, também provocações, com sabor, a laranjas ou limões. Destas mãos que falam, saem letras perdidas, revoltas não contidas, contra opressões, das nossas vidas! (Alberto João)

quinta-feira, 23 de novembro de 2023

O BRINCADOR



 

O BRINCADOR
Quando for grande, não quero ser médico, engenheiro ou professor.
Não quero trabalhar de manhã à noite, seja no que for.
Quero brincar de manhã à noite, seja no que for.
Quando for grande, quero ser um brincador. (…)
A mãe diz que não pode ser, que não é profissão de gente crescida.
E depois acrescenta, a suspirar: “é assim a vida”.
Custa tanto a acreditar.
Pessoas que são capazes, que um dia também foram raparigas e rapazes, mas já não podem brincar.
A vida é assim? Não para mim.
Quando for grande, quero ser brincador.
Brincar e crescer, crescer e brincar, até a morte vir bater à minha porta.
Na minha sepultura, vão escrever: “Aqui jaz um brincador.
Era um homem simples e dedicado, muito dado, que se levantava cedo todas as manhãs para ir brincar com as palavras.
Álvaro Magalhães, in 𝘖 𝘉𝘳𝘪𝘯𝘤𝘢𝘥𝘰𝘳
Imagem de John Henry Hintermeister (Suiça,1869-1945)

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"Horta do Zorate" é o blogue pessoal de Alberto João (Catujaleno), cidadão do mundo em autoconstrução desde 1958.