Cerca das 17 horas do dia 23 de outubro de 1975, pelos altifalantes da Fábrica de Malhas Trancão, em Sacavém, a inesquecível Ana Maria Henriques solicita: "Atenção, Alberto, é favor atender o telefone".
Era habitual ouvir este pedido da Ana Maria, pois a fábrica tinha várias extensões telefónicas nos dois pisos, e eu percorria a fábrica para saber em que posição se encontravam as encomendas de clientes que ligavam a reclamar eventuais atrasos na entrega, e aproveitava para meter a conversa em dia com colegas.
Naquele dia, uma quinta-feira, a voz da Ana Maria nos altifalantes não tinha a habitual simpatia e alegria, e quando atendi o telefone percebi a razão do seu tom de voz: "Alberto, o senhor Idílio Vilela do Catujal quer falar contigo. Vou passar a chamada."
Eu tinha 17 anos de idade e naquele momento recebi a notícia mais dramática da minha vida: o meu Herói tinha partido para outra dimensão, aos 58 anos de idade.
Partiu cedo, muito cedo, e levou com ele um pedaço irrecuperável de mim.
Na primeira foto estou ao colo da minha Mãe, com o meu Pai ao lado, no dia do meu Batizado, em 1958, na Capela de Nossa Senhora da Saúde (segunda foto, por mim tirada em 2014), em Sacavém.
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