"Numa altura em que o encerramento do Quarteto é certo, três gerações de realizadores falaram ao Correio da Manhã sobre a situação daquele que foi o primeiro multiplex em solo português. As opiniões, porém, dividem-se: se para Joaquim Leitão o que está a acontecer é inevitável, José Fonseca e Costa considera o facto lamentável e insolúvel, ao passo que Tiago Guedes apela a que se encontrem rapidamente formas de apoiar salas de cinema alternativo.'Vi, no Quarteto, algumas jóias do cinema mundial', diz o jovem realizador de ‘Coisa Ruim’. 'E de uma coisa tenho certeza: há cinema que é fundamental que seja feito e visto e que nunca terá retorno económico. Nesse contexto, o subsídio deve ser encarado', sublinha Tiago.Para Joaquim Leitão – que admite que nos últimos tempos já não frequentava o Quarteto – a situação em que se encontra aquela sala de cinema é sinal dos tempos. 'Averdade é esta: questões afectivas à parte, o cinema é um negócio e tem de ter determinada audiência, se não perde dinheiro. Eu não tenho problemas nenhuns em ir aos centros comerciais: é onde me oferecem maior oferta e onde tenho mais conforto.'José Fonseca e Costa, cuja história pessoal está intimamente ligada ao Quarteto (o seu ‘Kilas, o Mau da Fita’ estreou aí e esteve oito meses em exibição, com lotações esgotadas), acha que o encerramento é 'triste'. 'Já quase não vou ao cinema: em todo o lado, dão-me os mesmos filmes para ver, e são todos maus. Não vejo solução para isto.'
CÂMARA QUER SALVAR ESPAÇO
O Cinema Quarteto, situado numa rua paralela à Avenida Estados Unidos da América, estava encerrado desde Novembro do ano passado, porque, segundo a IGAC(Inspecção-Geral das Actividades Culturais), não oferecia segurança aos frequentadores. As obras de remodelação exigidas, porém, não podem ser pagas nem pelo proprietário, Pedro Bandeira Freire, nem pelo explorador, a Associação Cine-Cultural da Amadora, razão pela qual, na quarta-feira passada, o Quarteto foi fechado a cadeado. A vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa (CML), Rosália Vargas, apressou-se a comunicar que está a estudar a possibilidade de classificar o Quarteto como espaço de interesse cultural, evitando que se transforme em espaço comercial."
Ana Maria Ribeiro, Correio da Manhã, 24-3-2008
1 comentário:
Não sabia! Deixa-me muita pena..
cumprimentos
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