«O ex-líder da Líbia Muammar Kadafi ainda estará na residência em Bab Al-Aziziyah, Tripoli. O coronel Kadhafi "continua em Tripoli e está actualmente na residência em Bab Al-Aziziyah", disse um diplomata. Na capital Líbia, existem ainda "bolsas de resistência" fiéis a Kadafi que trocam tiros com os rebeldes.
Segundo a estação de televisão Al-Jazira, os rebeldes líbios, que ocupam a quase totalidade de Tripoli, continuam sem saber o paradeiro de Kadafi e adianta que ainda existem "bolsas de resistência" na capital, estimando que "entre 15 e 20%" da cidade continue sob controlo do regime.
Violentos combates estavam a ser travados hoje manhã em redor da residência do ex-líder líbio em Tripoli, depois de os rebeldes terem assumido no domingo o controlo de vários bairros da capital, observou um jornalista da AFP no local.
Vários combates estavam também a ser travados no sul da capital e cerca das 6:30 horas locais (5.30 horas em Portugal continental) eram ouvidos tiros junto ao hotel Rixos, onde está alojada a imprensa internacional, de acordo com o repórter da AFP em Tripoli.
Os rebeldes líbios assumiram, durante a noite, o controlo da Praça Verde em Trípoli e anunciaram a detenção de três filhos de Muammar Kadafi. Um deles é Seif al-Islam, acusado de crimes contra a humanidade e que será esta segunda-feira transferido para o Tribunal Penal Internacional, em Haia. A população saiu de imediato às ruas da capital e Benghazi para festejar. Combatentes fiéis ao regime despiram os uniformes e a abandonaram posições. O paradeiro do coronel líbio é desconhecido.
A detenção de Kadafi foi confirmada na televisão al-Arabia por um porta-voz do Tribunal Penal Internacional, que não adiantou pormenores nem revelou quem teria a custódia do líder líbio. A agência Reuters também difundiu a informação, mas pouco depois fez uma rectificação, dizendo que a detenção confirmada é de um dos filhos do coronel.
A captura de dois filhos do líder líbio, Seif al-Islam e Saadi, numa zona turística a oeste de Trípoli, foi anunciada por um dos porta-vozes da força rebelde, Aboubakr Traboulsi, na televisão al-Jazeera.
Posteriormente, o procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI), Luis Moreno-Ocampo, confirmou a detenção de Seif al-Islam, que era o "braço direito" do regime e alvo de um mandado de prisão do TPI por crimes contra a humanidade cometidos na Líbia. Será transferido, esta segunda-feira, para Haia, acrescentou. Também o filho mais velho de Kadafi, Mohamed, está sob custódia dos rebeldes depois de se ter rendido. "Estão em lugar seguro", disse um porta-voz dos rebeldes à televisão al-Jazeera, já de madrugada.
O anúncio da detenção dos filhos de Kadafi foi divulgado quando os rebeldes conquistavam Trípoli e a Praça Verde, local onde os partidários de Kadafi costumavam juntar-se para manifestar apoio ao coronel. Há indicação de que a guarda presidencial optou pela rendição. E a Internet foi restabelecida, seis meses depois do início da ofensiva contra o líder líbio.
"Regime está a colapsar"
Sinais de que a queda do regime é inevitável, aos quais se juntam as declarações da NATO. "O regime de Kadafi está claramente a colapsar", defendeu o secretário-geral da NATO, Anders Fogh Rasmussen, em comunicado. "É tempo agora de criar uma nova Líbia, um Estado assente na liberdade, não sobre o medo, sobre a democracia, não sobre a ditadura, conforme a vontade de todos e não ao sabor do capricho de alguns", considerou.
O secretário-geral da NATO prometeu ainda ajudar os rebeldes na reconstrução de uma Líbia democrática, após cerca de 40 anos de ditadura de Kadafi. Já durante o dia, este era o desfecho previsto. "O que estamos prestes a assistir esta noite é o colapso do regime", disse a porta-voz da Aliança Atlântica, Oana Lungescu.
Kadafi não cede
Os rebeldes garantem que os combates só param assim que Kadafi renuncie ao poder. Mas o coronel líbio, cujo paradeiro é desconhecido, não cede. "Vida ou morte", declarou numa mensagem àudio difundida pela televisão, na qual voltou a pedir à população que salve a capital. "Receio que se não agirmos ele incendeiem Trípoli", disse. "Não haverá água, alimentos, electricidade ou liberdade", acrescentou.
O porta-voz do governo líbio, Moussa Ibrahim, anunciou que pelo menos 1667 pessoas morreram nas últimas 24 horas em Tripoli, com o início da ofensiva dos rebeldes sobre a capital. Defendeu ainda um cessar-fogo e garantiu a existência de milhares de combatentes dispostos a defender o regime.
A televisão líbia continuou a passar imagens gravadas de apoiantes de Kadafi. Mas as imagens em directo de Trípoli não deixam dúvidas: a população saiu à rua para festejar, disparando tiros para o ar e pisando fotografias de Kadafi. "Deus é grande", "Liberdade, liberdade" e "Kadafi caiu" grita a multidão em euforia.
Fim de seis meses de ofensiva
A "conquista" de Trípoli pelos rebeldes aconteceu depois do lançamento de uma acção que estava a ser planeada há meses e que juntou os rebeldes líbios - os que combatem abertamente no terreno e os que actuam em segredo na capital. A oposição juntou os seus esforços aos de diversos imãs islâmicos que, aos altifalantes das mesquitas, incitaram o povo líbio a sair à rua para se revoltar contra o regime.
A denominada "Operação Sereia" arrancou no sábado à noite e teve um dos pontos altos, domingo, com o bombardeamento, por parte dos aviões da NATO, do quartel-general de Kadafi e do aeroporto de Maitika. Os rebeldes conseguiram ultrapassar as defesas montadas pelo regime nos limites exteriores de Trípoli e avançaram em carrinhas e camiões em direcção à capital, iniciando o assalto final ao reduto de Kadafi, seis meses após o início da ofensiva.»
in JN online, 22-8-2011
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