Destas mãos que falam, saem gritos d'alma, gemidos de dor, às vezes, letras com amor, pedaços da vida, por vezes sofrida, d'um quase iletrado escritor. Saem inquietações, também provocações, com sabor, a laranjas ou limões. Destas mãos que falam, saem letras perdidas, revoltas não contidas, contra opressões, das nossas vidas! (Alberto João)

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Líbia: NATO diz que regime de Kadhafi está por um fio


«Seis meses de bombardeamentos da NATO tornaram possível o longo avanço dos rebeldes até Tripoli e à Praça Verde, centro simbólico do regime de Muammar Kadhafi na capital líbia, salientam hoje vários analistas na imprensa francesa.

Entretanto, os combates entre grupos rebeldes e forças leais a Kadhafi estendem-se por vários bairros da capital líbia. Desconhece-se onde se encontra o ditador, cujo palácio está cercado pelos insurgentes.

Num comunicado divulgado hoje, o secretário geral da NATO, Andrs Fogh Rasmussen, afirmou que "o regime de Kadhafi está claramente a desmoronar-se. Quanto mais cedo Kadhafi compreender que não pode ganhar a batalha contra os próprios líbios, melhor".

Ofensiva dos rebeldes vitória da Aliança Atlântica

A entrada dos rebeldes líbios na capital, no domingo, é uma vitória militar da Aliança Atlântica e, a outro nível, uma vitória política do Presidente da República francês, Nicolas Sarkozy, diz a imprensa francesa.

Até sábado, os aviões da NATO e aliados tinham realizado 20 mil missões que incluem cerca de 7 500 ataques contra alvos na Líbia, desde lança-granadas até às bases principais do regime líbio, segundo o diário "New York Times".

Philipe Gros, da Fundação de Investigação Estratégica, em Paris, salientou recentemente no jornal "Le Monde" que, apesar de a Grã-Bretanha e a França assegurarem o essencial do dispositivo militar da NATO na Líbia, "são apenas pesos-médios entre pesos-plumas", dependentes da logística e das munições norte-americanas.

Essa dependência foi nítida nos primeiros meses da campanha da NATO, salientou o especialista.

Peso dos EUA na operação

A primeira fase de intervenção, conhecida pelo nome de "Odyssey Dawn", foi realizada sob comando americano, após três dias iniciais de ataques aéreos da França e da Grã-Bretanha, "com uma coordenação mínima", diz Philipe Gros.

Nessa fase, foram destruídas as defesas antiaéreas líbias e impediu-se as tropas leais a Kadhafi de entrarem na segunda cidade do país, Benghazi, capital da rebelião.

A partir de 22 de março, a aliança ocidental realiza até 180 saídas ofensivas por dia. A 28 de março, num só dia, foram usados 600 bombas de precisão (455 americanas) e 199 mísseis Tomahawk.

A segunda fase, "Unified Protector", foi iniciada a 31 de março, com a passagem do comando das operações para a NATO.

Os alvos foram, a partir de então, os meios de artilharia pesada de Kadhafi, e as saídas da NATO baixaram para cerca de 60 por dia, e depois para 40, segundo Philipe Gros, que referiu dificuldades de coordenação dos comandos Sul da Aliança, em Poggio Renativo (Itália) e Izmir (Turquia). 

Além disso, os Estados Unidos colocaram os seus aviões de ataque na reserva, a partir de 04 de abril. No terreno, as forças leais a Kadhafi misturaram-se com a população em várias cidades e o avanço dos rebeldes foi estancado a leste e a oeste do país.

Começou depois, a meio de maio, uma terceira fase, com um duplo alargamento dos meios militares. Por um lado, um alargamento táctico com a utilização de meios suplementares e, por outro, um alargamento estratégico, recobrando a intensidade de bombardeamentos sobre instalações militares, incluindo os centros de comando.

Foi também a partir de final de maio que o apoio ocidental aos rebeldes do Conselho Nacional de Transição se tornou mais óbvio, com o envio de especialistas militares, de instrutores e, até, de forças especiais, que enquadraram o avanço rebelde.

Nas últimas semanas, os EUA intensificaram a campanha aérea na Líbia, recorrendo a aviões não tripulados para vigiar e até bombardear posições militares do regime, segundo o "New York Times".

"Massacre imperialista"

Entretanto, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, denunciou que o imperialismo norte-americano e os seus aliados europeus estão a perpretar "um massacre" na Líbia com o objetivo de se apropriarem das riquezas petrolíferas do país.

"Isso é o que estão a fazer na Líbia: produzir um massacre", com a desculpa de que o fazem "para salvar vidas", disse Chávez num discurso televisivo.

Como já o fez  reiteradamente noutras ocasiões, o Presidente venezuelano voltou a acusar os EUA e os seus aliados da Europa de estarem "enlouquecidos" pelos recursos naturais líbios e tentam um novo sistema de intervenção no país, desta vez servindo-se dos protestos populares.»


in Expresso online, 22-8-2011

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