Destas mãos que falam, saem gritos d'alma, gemidos de dor, às vezes, letras com amor, pedaços da vida, por vezes sofrida, d'um quase iletrado escritor. Saem inquietações, também provocações, com sabor, a laranjas ou limões. Destas mãos que falam, saem letras perdidas, revoltas não contidas, contra opressões, das nossas vidas! (Alberto João)

sábado, 19 de outubro de 2024

"PORQUÊ TANTA POBREZA?" por Henrique Neto



 

«PORQUÊ TANTA POBREZA?
No século XXI e a vivermos na Europa, um dos continentes mais desenvolvidos do planeta, muitos anos depois das diversas revoluções industriais a que a Europa assistiu e receptores das mais diversas tecnologias que aumentaram de forma sustentada o crescimento da produtividade, viver no meio da pobreza como acontece em Portugal não é de todo compreensível e justifica a pergunta, porquê?
Para o PCP e para o Bloco de Esquerda a resposta é fácil, trata-se da má distribuição da riqueza e se formos buscar o dinheiro onde ele está, nos bolsos dos ricos, todos viveremos felizes e contentes para sempre. Tese que tem apenas um pequeno problema: onde não há ricos há ainda mais pobres. Em Portugal, depois de algumas tentativas bem-sucedidas de reduzir o número dos ricos, a pobreza não desapareceu.
Por outro lado, há sociedades onde o fim dos ricos e das desigualdades foi tentada, como na União Soviética, na Polónia, na República Checa, na Hungria e, mais modernamente, em Cuba, na Coreia do Norte e na Venezuela, com os maus resultados que todos conhecemos. De facto, o fim dos regimes políticos da suposta igualdade foi obtido pela vontade dos mais pobres e mais descontentes, como está a acontecer agora na Venezuela. Que o PCP se reveja na Venezuela e em Cuba, só pode resultar dos seus dirigentes terem perdido de todo o sentido de orientação. Os países escandinavos, cuja política é acabar com os pobres e não com os ricos, têm dos melhores níveis de vida do mundo.
No caso de Portugal, a política dos últimos anos de distribuição da pouca riqueza produzida, patrocinada pelo Partido Socialista de António Costa, cristalizou a economia, enquanto os países do Leste, saídos da Cortina de Ferro, têm hoje crescimentos e rendimentos per capita superiores aos nossos e menor pobreza. A Irlanda, um pequeno país dominado pela pobreza até há poucos anos, reduziu drasticamente os impostos das empresas detidas pelos ricos e em pouco tempo obteve um dos melhores
níveis de crescimento económico, e o rendimento per capita dos irlandeses é hoje o dobro do rendimento dos portugueses.
(…)

ESTADO E PARTIDOS
Pouco a pouco, os partidos políticos portugueses no poder tornaram-se donos do Estado, desde logo criando empregos para os seus dirigentes e apoiantes, geralmente impreparados para os cargos que ocupam, com a consequência das suas decisões e omissões recusarem os portugueses mais qualificados que poderiam conduzir ao desenvolvimento da economia e do país. Em vez disso, as escolhas são feitas para servir os interesses dominantes dos partidos, pior no caso do PS por duas razões: porque o PS tem ocupado o poder há muito mais tempo e porque as escolhas de base ideológica cresceram com os anos.
A abundância de dinheiro com origem na União Europeia permitiu também que de forma crescente os partidos, através do Estado, tenham, pouco a pouco, passado a dominar as instituições supostamente livres da sociedade. Por exemplo, o dinheiro investido pelo Estado nas associações empresariais
e sociais, como outras, retiraram-lhes a necessária independência e, não poucas vezes, tornaram-se correias de transmissão do poder político
(…) »

(HENRIQUE NETO)


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"Horta do Zorate" é o blogue pessoal de Alberto João (Catujaleno), cidadão do mundo em autoconstrução desde 1958.