Soltar a Franga
Como daqui a bocado joga o Benfica, pareceu-me boa altura para lembrar algumas palavras do treinador do clube da 2ª Circular - aquele cujo estádio não foi inaugurado num feriado salazarista e cuja inauguração não contou com a presença e patrocínio de personalidades destacadas do Estado Novo.
Todos sabem que, mais interessante que ver o jogo de uma equipa treinada por Jorge Jesus, é ver a peroração do treinador na flash interview no fim dos jogos. Independentemente dos méritos de treinador de Jesus, são as suas caneladas na língua sublimada pelo vate que o tornam uma figura a caminho do Olimpo futebolístico luso.
Depois das titubeantes exibições do novo guarda-redes do Benfica, recheadas de suculentos e apetitosos frangos, os adeptos adversários não pouparam nos considerandos sobre o galináceo atleta. Quer-se dizer, sempre que alguém pronunciava o étimo "frango" - ainda que à mesa, no talho, ou etc., tanto faz - era Roberto que vinha a baila, necessária e obrigatoriamente.
O Moyle acha mesmo que os benfiquistas festejaram ligeiramente a vitória sobre a lagartagem porque registaram apenas a expressão jesuítica «há muito frango para virar». E devem ter ficado a pensar: "Este gajo não bate com a caixa toda!", ou ainda, "Em Espanha não devem chamar às fífias dos guarda-redes pollos, de certeza, senão o rapaz nunca mais se endireita!"
De qualquer das formas, o Moyle não quis deixar passar em claro a extrema sensibilidade de Jorge Jesus no manejo da língua portuguesa, o seu tacto na escolha das palavras, e a facilidade na elaboração de bonecos.
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