«Quando recebeu o convite do ex-ministro da Economia Manuel Pinho para participar no jantar de despedida, não hesitou em aceitar? Apesar de pertencer à Comissão Política do Bloco de Esquerda e disso poder ser de difícil gestão para o partido?
Quis saber em que qualidade era convidado. Como o convite era feito em termos pessoais não hesitei em aceitar. Não tenho inimigos na política, tenho adversários.
Francisco Louçã demarcou-se das suas declarações, segundo as quais Pinho fez muito pela indústria automóvel e reputou o jantar de carácter pessoal. Já foi abordado pela direcção do BE?
Comigo ninguém falou e quando falarem estou à vontade para responder. Estou num partido em que os militantes têm a máxima liberdade e foi nesse sentido que eu agi. Estive ali de boa-fé.
Hoje percebe o real impacto da sua presença no jantar?
Percebo que, infelizmente, as pessoas em Portugal confundem muito as coisas. Utilizam muito o lema, segundo o qual, o que parece é. Mas comigo nem sempre o que parece é. E na maioria das vezes, não é mesmo. Posso dizer que nem medi as consequências políticas de ter participado no jantar. Quem quiser que retire as consequências políticas.
Sente-se de pedra e cal no BE?
Sinto, porque até hoje ninguém pôs em causa a minha continuidade. O BE é o partido com que mais me identifico em termos ideológicos. É um partido onde não se ensina a odiar ninguém, contrariamente a outro onde eu militei [PCP].
Tem pena da saída de Pinho?
Face à acção não havia outra saída e eu próprio lhe disse. Mas, para a Autoeuropa, se isto tivesse acontecido mais longe das eleições podia ser complicado, já que estamos à beira de ultrapassar os nossos problemas em torno do lay-off para concorrer a outro produto, sem o qual não temos futuro. Precisamos de um ministro igual a este.
A Autoeuropa e outras empresas que trabalham para a Volkswagen de Palmela devem os postos de trabalho a Pinho?
Desde 2005 que o ministro se empenhou na continuidade da Autoeuropa em Portugal, bem como na manutenção de empresas importantes para a Autoeuropa, assegurando os nove mil postos de trabalho que dependem desta empresa. Falávamos regularmente, esteve sempre muito atento e nunca se poupou a esforços entre Portugal e a Alemanha para ajudar no que podia. »
Entrevista publicada no DN online, 08-7-2009
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