«Hermínio Palma Inácio nasceu em 1922, em Ferragudo, concelho de Lagoa, tendo passado a sua juventude em Tunes, no concelho de Silves.
Aos 18 anos, abandonou Tunes para se alistar voluntariamente na Aeronáutica Militar, sendo colocado na Base Aérea nº 1, em Sintra, onde tirou o curso de mecânico de aeronaves e o de piloto civil para aviação comercial. Nesta altura estabelece relações com Humberto Delgado e com os círculos contestatários a Salazar.
Amante da liberdade e resistente antifascista, Palma Inácio protagonizou algumas das mais rocambolescas acções de luta contra a Ditadura.
Em 1947, participa numa tentativa de golpe de Estado, onde o seu papel consistia em sabotar aviões, mas acabou por ser preso e encarcerado no Aljube, onde foi torturado durante doze dias sem nunca revelar o nome do chefe da operação.
Protagonizou também o primeiro desvio político de um avião, que haveria de fazer as manchetes internacionais, no dia 10 de Novembro de 1961, assaltando o avião da TAP que fazia o percurso de Casablanca para Lisboa e obrigando o piloto a sobrevoar Lisboa a baixa altitude para poder lançar panfletos antifascistas sobre a capital.
Mas foi o assalto ao Banco de Portugal da Figueira da Foz que acabou por ser considerado o maior golpe de que há memória nas finanças da ditadura. Para financiar a luta antifascista, o grupo de operacionais que acompanharam Palma Inácio, e que viriam a formar mais tarde a LUAR (Liga de Unidade e Acção Revolucionária), levaram na altura cerca de 30 mil contos, tendo fugido de avião até Vila do Bispo, de onde continuaram a fuga de carro primeiro para Espanha e depois para França.»
in DN online, última hora, 14-7-2009
Nota:
Trabalhei com Palma Inácio quando este foi o coordenador da FAUL (Federação da Área Urbana de Lisboa do Partido Socialista) na década de 80. Tive, então, a oportunidade de conhecer um homem com uma formação humanista e solidária de enorme dimensão.
Mais um amigo que partiu...
Curvo-me perante a sua memória.
(Alberto João)
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