A última grande busca do Google não foi na internet. Quando em Abril uma cobra pitão com cerca de um metro desapareceu de um dos escritórios da empresa em Nova Iorque, o pânico instalou-se. Imediatamente um email foi enviado para todos os trabalhadores do edifício: "Se virem a cobra não tentem agarrá-la. Chamem a segurança. O dono e a nossa equipa já estão à sua procura."
Kaiser, a simpática cobra, foi encontrada um dia depois "a relaxar atrás de um armário", como alguém afirmou no blog oficial do Google. "O dono já a levou para casa." Com este episódio, a empresa, que este ano ficou em quarto lugar no ranking publicado pela revista "Fortune" como um dos melhores sítios para trabalhar, deu um passo atrás na sua política. A partir desse dia os cães são os únicos animais domésticos que podem entrar diariamente nos escritórios. Lá fora a conversa é outra, já que a empresa trouxe 200 cabras para pastar e fertilizar o relvado da sede principal, na Califórnia.
Inspirada por este comportamento americano, a sede da Nestlé, em Linda-a-Velha, decidiu organizar uma semana dedicada aos cães. Durante a "Pet Week" (de 29 de Junho a 3 de Julho) os donos puderam trazer os seus bichos para o escritório. E a adesão foi grande. "Começámos com três cães no primeiro dia do evento e terminámos com mais de 20", explica João Nunes, responsável pela organização da "Pet Week". O objectivo foi promover um dos valores da marca de comida Purina: a paixão pelos animais.
RONCAR NA REUNIÃO
A reunião da manhã de sexta-feira passada decorria normalmente na Nestlé quando um ronco enorme irrompeu pela sala. Era um dos quatro labradores presentes que tinha adormecido. Os donos provavelmente também gostariam de fechar os olhos, se é que não o fizeram, mas pelo menos sem dar tanto nas vistas. O ressonar foi o barulho máximo dos animais. Nada de ladrares agressivos, nada de dentadas, nem de estragos nos escritórios.
"Os cães portaram-se muito bem durante a semana. Deitaram-se e ali ficaram", explica Madalena Costa da organização. E os donos também sentiram as vantagens, tanto que gostavam que este evento fizesse parte da rotina.
Lourdes Polainas, dos Recursos Humanos da Nestlé, trouxe o cão Sancho para a sua sala durante a "Pet Week". "O trabalho correu muito melhor, foi menos stressante e conheci mais gente em poucos dias do que durante anos de trabalho", diz.
Se nos Estados Unidos esta prática é incentivada pelas empresas (segundo um estudo da American Pet Products Manufacturers Association, uma em cada cinco permite cães no trabalho), em Portugal os cachorros não são tão bem-vindos. Marta Cidraes, de 35 anos, leva a cadela Béu Béu para todo o lado. "Ela até espera por mim à porta do cinema e dos restaurantes", conta. Só não pode levá-la para o trabalho, numa produtora de cinema. "Ainda a levei duas ou três vezes. Mas depois proibiram-me. Ela porta-se sempre bem, mas tinham medo de abrir um precedente e de criar confusão."
Texto e primeira foto, in jornal "i" online, 08-7-2009
Sem comentários:
Enviar um comentário