Destas mãos que falam, saem gritos d'alma, gemidos de dor, às vezes, letras com amor, pedaços da vida, por vezes sofrida, d'um quase iletrado escritor. Saem inquietações, também provocações, com sabor, a laranjas ou limões. Destas mãos que falam, saem letras perdidas, revoltas não contidas, contra opressões, das nossas vidas! (Alberto João)

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Afinal, havia outra…Justiça lenta.

Vale e Azevedo: Processo de extradição prolonga-se há dois anos nos tribunais britânicos



O processo de extradição de Vale e Azevedo do Reino Unido para Portugal iniciou-se faz hoje dois anos, na sequência de um mandado europeu de detenção. A duração média destes casos são seis meses, mas o prolongamento do processo não é totalmente invulgar, segundo um perito britânico.



“Podem existir razões legítimas, como a falta de disponibilidade dos juízes ou dos advogados ou dificuldade na apresentação de provas”, sustenta o advogado Andrew Smith. Este causídico esteve à frente do caso de extradição que mais tempo se prolongou no Reino Unido, que envolvia um empresário dos Emirados Árabes Unidos e que durou dez anos.

Todavia, o caso de Vale e Azevedo, que Andrew Smith afirmou desconhecer, “deveria ser rápido” pois é regulado pela legislação europeia.

“O mandado de detenção europeu foi desenhado de forma a necessitar de um tipo de prova reduzida e há menos oportunidade para o réu argumentar”, vincou.

Vale e Azevedo apresentou-se pela primeira vez num tribunal britânico a 08 de Julho de 2008, após detenção pela polícia na sequência do mandado de detenção europeu emitido a 11 de Junho pela Procuradoria-geral da República.

Na origem está uma condenação em Portugal pelos crimes de falsificação e burla qualificada, a uma pena de sete anos e seis meses de prisão efectiva, no caso de venda de um imóvel no Areeiro, em Lisboa, conhecido por “caso Dantas da Cunha”.

Vale e Azevedo foi libertado pelas autoridades britânicas sem ter de pagar uma caução mas ficou sujeito a diversas medidas de coação, nomeadamente a de termo de identidade e residência e foi-lhe retirado o passaporte, estando impedido de viajar para o estrangeiro.

O tribunal de magistrados de Westminster, de primeira instância, deu provimento a 27 de Novembro de 2008 ao pedido de detenção das autoridades portuguesas, mas poucos dias depois Vale e Azevedo apresentou recurso junto do tribunal superior de justiça de Londres.

Desde então, a análise do caso foi adiada sete vezes, a última das quais no passado dia 22 de Junho a pedido do réu, não estando marcada ainda nova audiência. De acordo com fonte do Ministério Público britânico, o juiz Christopher Pitchford aceitou um requerimento para adiar a data até ser conhecido o resultado do recurso ao cúmulo jurídico no Tribunal Constitucional português.

Na base do requerimento está a convicção do ex-presidente do Benfica de que já não tem mais tempo de prisão a cumprir.

O Tribunal da Boa Hora, em Lisboa, calculou em Maio de 2009 uma pena unitária de 11 anos e meio de prisão pelas diversas condenações nos casos “Dantas da Cunha”, “Ovchinikov”, “Euroárea” e “Ribrafria”. Todavia, o juiz aceitou retirar os três anos e meio já cumpridos de prisão efectiva por Vale e Azevedo a este cúmulo jurídico, pelo que lhe restariam ainda cumprir oito anos de prisão.

Em Março deste ano, um acórdão do Supremo Tribunal de Justiça reduziu este tempo para cinco anos e seis meses.


Texto in http://www.destak.pt/, 08-7-2010

Imagens in Google



A Justiça e a Lesma - A fábula

No tempo em que os animais falavam e as outras coisas também, encontraram-se certo dia a Justiça e a Lesma num qualquer cruzamento de caminhos.

Regozijando-se por se reencontrarem, logo cedo acordaram em fazer uma corrida. Sem falsas modéstias ou quaisquer presunções, apenas e tão somente acordaram em correr até uma qualquer definida meta.

Ao som da largada iniciaram a sua cruzada.

A Justiça, num arranque súbito, muniu-se, no seu amplo ministério e saber, de secretarias e acessorias, magistraturas e advocacias. Definiu regras, regulamentou novos trilhos, fechou os mais sinuosos (pelo menos em seu entender), estabeleceu jurisprudências, doutrinas e outras ciências e correndo, seguia, concentrada o seu complexo caminho.

Enveredou por labirinticas sucatas, rodopiou em inconsequentes furacões, perdeu-se em infantis amores, mas sempre rumo à sua ambicionada meta... justo era o seu saber e o seu querer!

A Lesma - esse invertebrado animal - fez-se, como é seu apanágio, em vagaroso e viscoso caminho rumo ao seu destino.

O tempo foi passando, passando, e a Justiça e a Lesma não mais se cruzaram... passaram-se meses, anos, talvez mesmo décadas ou séculos... ao certo não sabemos... e um dia a Lesma cruzou a linha da meta.

Espantada por não ver a Justiça por ali - convicta que a corrida estaria para si perdida desde o primeiro momento em que vira tão formosa e inteligente amiga - perguntou a um jumento que por ali passava: "-Viste a Justiça por aqui?"

"Por aqui não vi, não!" - respondeu, pachorrento - " mas além, para lá dos vales e montes, antes do cruzamento dos rios com o mares, dos prados verdes e dos desertos, vi!"

Andava pois a Justiça bem perto do sítio onde a encontrara a Lesma naquele dia em que combinaram a corrida...

Estava, pois e assim, na meta a Lesma e a Justiça na mesma...

Sendo a segunda cega e sendo certo que não dormiu, não lhe bastou a sua ciência para sair do ponto onde se encontrava. Triste sina a sua, que ainda hoje, segundo se crê, perdura.

Numa história sem moral, intemporal e nada maioral, fica uma coincidente semelhança com uma outra, popularmente conhecida, de uma corrida entre uma esperta Lebre e uma Tartaruga...

Autor: Rui Maurício in http://www.portalforense.com

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"Horta do Zorate" é o blogue pessoal de Alberto João (Catujaleno), cidadão do mundo em autoconstrução desde 1958.