Destas mãos que falam, saem gritos d'alma, gemidos de dor, às vezes, letras com amor, pedaços da vida, por vezes sofrida, d'um quase iletrado escritor. Saem inquietações, também provocações, com sabor, a laranjas ou limões. Destas mãos que falam, saem letras perdidas, revoltas não contidas, contra opressões, das nossas vidas! (Alberto João)

terça-feira, 18 de junho de 2024

PONTE DA FERREIRINHA



A Ponte Dona Antónia Ferreira ou Ponte da Ferreirinha vai ser uma ponte ferroviária e pedonal que vai unir Campo Alegre, no Porto, à Arrábida, em Vila Nova de Gaia, será integrada na Linha Rubi do metro do Porto, a sua construção iniciada em 2023 será concluída até ao final de 2025, segundo a Câmara Municipal do Porto.
Quem foi a Ferreirinha?
Dona Antónia Adelaide Ferreira, mais conhecida por Ferreirinha, nasceu em Godim, Peso da Régua, no dia 4 de Julho de 1811 e faleceu na mesma localidade em Março de 1896.
Ficou conhecida por se dedicar ao cultivo do Vinho do Porto e pelas notáveis inovações que introduziu.
A sua família era abastada e possuía vinhas.
O pai, José Bernardo Ferreira casou-a com um primo, mas este não se interessou pela cultura da família e esbanjou grande parte da fortuna.
D. Antónia teve dois filhos: uma menina, Maria de Assunção, mais tarde Condessa de Azambuja, e um rapaz, António Bernardo Ferreira.
Ficou viúva com 33 anos e a viuvez despertou em si a vocação de empresária, levando-a a assumir a liderança da Casa Ferreira, fundada pelo seu avô, Bernardo Ferreira, por ordens do Marquês de Pombal.
Fez grandes plantações de vinha, construiu armazéns, contratou colaboradores, comprou quintas importantes – Aciprestes, Porto e Mileu – e fundou outras – como Vale Meão –, tornando-se uma figura cimeira no sector do Vinho do Porto.
O Duque de Saldanha (um dos homens mais poderosos do seu tempo) pretendia casar o seu filho com Maria de Assunção, filha de D. Antónia.
D. Antónia recusou a proposta realizada pelo Duque e este, habituado a não ser contrariado, mandou os seus homens raptar a menina de apenas 12 anos.
Ao saber da estratégia do Duque a família de D. Antónia fugiu para Espanha e depois para Inglaterra.
Na sua ausência (viveu em Londres 3 anos) seria Joaquim Monteiro Maia, colaborador de D. Antónia, que tomaria conta do negócio.
Sabe-se que a Ferreirinha, como era carinhosamente conhecida, se preocupava com as famílias dos trabalhadores das suas terras e adegas.
Apoiada pelo administrador José da Silva Torres, mais tarde seu segundo marido, Antónia Adelaide Ferreira lutou contra a falta de apoios dos sucessivos governos.
Debateu-se contra a doença da vinha, a filoxera e deslocou-se a Inglaterra para obter informação sobre os meios mais modernos e eficazes de combate a esta peste, bem como processos mais sofisticados de produção do vinho.
Em 1880, ficou novamente viúva, intensificou o seu envolvimento em obras de benfeitoria, designadamente na construção dos hospitais de Vila Real, Régua, Moncorvo e Lamego.
A Ferreirinha investiu em novas plantações de vinhas em zonas mais expostas à radiação solar, sem abandonar também as plantações de oliveiras, amendoeiras e cereais.
A Quinta do Vesúvio, uma das suas muitas propriedades, era por ela percorrida e vigiada de perto.
Quando faleceu, em 1896, deixou uma fortuna considerável e perto de trinta quintas.
Do Douro para o mundo passou a lenda da sua tenacidade e bondade.
Em 2004 a RTP exibiu uma série, da autoria de Francisco Moita Flores, onde se retratava a sua vida.






 

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"Horta do Zorate" é o blogue pessoal de Alberto João (Catujaleno), cidadão do mundo em autoconstrução desde 1958.