Destas mãos que falam, saem gritos d'alma, gemidos de dor, às vezes, letras com amor, pedaços da vida, por vezes sofrida, d'um quase iletrado escritor. Saem inquietações, também provocações, com sabor, a laranjas ou limões. Destas mãos que falam, saem letras perdidas, revoltas não contidas, contra opressões, das nossas vidas! (Alberto João)

quarta-feira, 4 de março de 2009

Manuel Alegre escreve 'Fado dos Contentores'...


O poeta e deputado socialista Manuel Alegre publicou hoje no seu blogue (www.manuelalegre.com) um poema intitulado 'Fado dos Contentores' no qual se manifesta contra o alargamento do terminal de contentores de Alcântara.

Ainda no ano passado, Manuel Alegre havia questionado o Governo sobre quais os motivos para ampliar o terminal de contentores de Alcântara e para prorrogar agora a concessão à empresa Liscont, do grupo Mota-Engil.

'Não sei que benefícios o projecto de ampliação do terminal de contentores do porto de Lisboa em Alcântara pode trazer aos cidadãos; sei que lhes tira rio, espaço, paisagem, bem-estar. E também o direito à beleza que faz parte dos direitos de cidadania', escreve o deputado num requerimento então entregue na Assembleia da República.




Fado dos Contentores
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Já ninguém parte do Tejo
Para dobrar bojadores
Agora olho e só vejo
Contentores contentores.
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E do Martinho Pessoa
Já não veria o vapor
Veria a sua Lisboa
Fechada num contentor.
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Por mais que busques defronte
Nem ilhas praias ou flores
Não há mar nem horizonte
Só contentores contentores.
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Lisboa não tem paisagem
Já não há navegadores
Nem sol nem sul nem viagem
Só contentores contentores.
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Entre o passado e o futuro
Em Lisboa de mil cores
O sonho bate num muro
De contentores contentores.
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Por isso vamos cantar
O fado das nossas dores
E com ele derrubar
O muro dos contentores.
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(Manuel Alegre/Janete Frazão)
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in CM online, 04-3-2009

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