A reserva portuguesa de sangue pode entrar em ruptura a qualquer momento. O sangue só chega para dois dias e os responsáveis fazem agora um apelo urgente à população para que dê sangue, ainda hoje ou durante o fim-de-semana. O objectivo é reforçar a reserva antes do Carnaval.
Ao Expresso, o presidente do Instituto Português do Sangue, Gabriel de Olim, explica que a escassez se deve a uma redução gradual das dádivas e ao aumento do consumo ao longo de 2009 e durante este ano.
"A média diária de consumo de sangue nos últimos 90 dias foi de 1034 sacos e só temos conseguido colher 970 sacos. Portanto, a reserva vai esgotando-se".
Grupo A é o mais deficitário
O sangue tem sido mais procurado porque estão a ser realizados mais actos médicos em que é necessário fazer transfusões. "Há mais transplantes de órgãos e estão a ser feitas mais operações, no âmbito do programa de recuperação da lista de espera cirúrgica", acrescenta Gabriel de Olim.
Para dar resposta ao apelo, vários hospitais alargaram o horário de funcionamento e os postos móveis foram reforçados. Durante o dia de hoje, os dadores podem dirigir-se ao IPO de Lisboa, aos hospitais Amadora-Sintra, São José e Egas Moniz e às unidades móveis na Loja do Cidadão das Laranjeiras e na Gare do Oriente. O grupo sanguíneo A é o mais deficitário.
Gabriel de Olim explica ainda ao Expresso que a recente paralisação dos enfermeiros durante três dias aumentou o risco de ruptura da reserva. "Fomos prejudicados porque a greve impediu que fossem recolhidos mais três mil litros de sangue que nos permitiriam aguentar até Março, quando as dádivas aumentam".
Frio e chuva afastam dadores
Segundo o responsável, "o frio e a chuva afastam os dadores". No ano passado, Portugal tinha mais de 300 mil dadores, um número que este ano rondará os 500 mil. Contudo, "a maioria esquece-se que é preciso fazer dádivas com regularidade", diz Gabriel de Olim. Ainda assim, "este é o primeiro apelo que fazemos em três anos porque temos tido auto-suficiência", acrescenta.
Em Portugal, há 24 hospitais que fazem colheitas de sangue, mas há 100 a consumir. Do total das necessidades hospitalares, dois terços do sangue é fornecido pelo Instituto Português do Sangue e um terço pelos próprios hospitais.
in Expresso online, última hora, 12-02-2010
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