Destas mãos que falam, saem gritos d'alma, gemidos de dor, às vezes, letras com amor, pedaços da vida, por vezes sofrida, d'um quase iletrado escritor. Saem inquietações, também provocações, com sabor, a laranjas ou limões. Destas mãos que falam, saem letras perdidas, revoltas não contidas, contra opressões, das nossas vidas! (Alberto João)

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Há cada vez mais jovens com a "Doença de Crohn" em Portugal...

Já são 300 e estima-se que venham a ser diagnosticados anualmente 100 novos casos entre jovens dos dez aos 20 anos.






Em Portugal existem 300 jovens diagnosticados com a doença de Crohn, e estima-se que venham a ser identificados a cada ano 100 novos casos entre os 10 e os 20 anos. Os números são do Grupo de Estudos da Doença Inflamatória Intestinal (GEDII), criado em 2006, e apontam para um aumento da prevalência da doença entre os mais novos. Mudanças no estilo de vida podem ser uma das explicações e, embora cada vez se saiba mais sobre a inflamação crónica do tracto intestinal, ainda não há forma de controlar o seu aparecimento.

"Não havia forma de prevenir este aumento da prevalência", explica Jorge Amil Dias, director do Serviço de Pediatria e Gastrenterologia Pediátrica do Hospital de São João, no Porto, e especialista do GEDII. "Sabemos que a modificação de hábitos alimentares, o uso de fármacos e vacinas influencia a forma como nos relacionamos com as bactérias. Essas modificações têm vantagens mas também alguns riscos, como as alergias e outras doenças", revela.

O problema é comum a outras doenças auto-imunes, neste caso o sistema imunitário ataca o intestino delgado. "A sociedade tem sofrido numerosas e rápidas modificações no estilo de vida, infecções, imunizações... Os nossos mecanismos biológicos, nomeadamente o sistema imunitário, necessitam de muito mais tempo para se ajustar também. Da relação mais ou menos equilibrada com a flora bacteriana do nosso intestino pode decorrer um estado inflamatório crónico, como a doença de Crohn."

Embora a susceptibilidade genética seja considerada um factor a ter em conta em alguns doentes, "não é suficiente para prever ou desencadear a patologia", explica Jorge Amil Dias. No Hospital de São João, onde trabalha, há 70 crianças e jovens em tratamentos e vários casos diagnosticados antes dos dez anos, o mais novo com quatro anos.

Maria João Abreu é uma das adolescentes que frequenta as consultas. Foi diagnosticada há um ano e dois meses: tinha 11 anos, pesava 23 quilos e não crescia - um dos sinais mais visíveis na infância. E não era conhecido nenhum caso na família. Há ainda outros sintomas que ajudam a despistar a doença, como dor abdominal, diarreia, emagrecimento, aftas recorrentes, febre, astenia ou anemia. O crescimento acaba por ser uma das maiores preocupações nesta faixa etária, revela Jorge Amil Dias: "Esses doentes têm risco de perturbação do crescimento pela inflamação intestinal crónica mas desejamos que o tratamento não seja um factor adicional que perturbe esse crescimento, que só ocorre numa fase da vida."

Os medicamentos biológicos são uma das ferramentas estudadas, uma vez que actuam nos mecanismos moleculares da inflamação e podem ajudar a substituir a medicação tradicional à base de antibióticos ou cortisona. Jorge Amil Dias defende que o seu uso deve reservar-se a casos com indicações específicas: "Sem as indicações correctas torna-se num despesismo e expõe os doentes a riscos desnecessários."

Texto in "i" online, 24-02-2010

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"Horta do Zorate" é o blogue pessoal de Alberto João (Catujaleno), cidadão do mundo em autoconstrução desde 1958.