by Vincenzo Salerno -
Durante a cerimónia de reinauguração do castelo construído no século 11, que acaba de passar por uma restauração, o prefeito da cidade de Carini, Gaetano La Fata, informou que uma equipe de peritos internacionais vai trabalhar em conjunto com a polícia local para desvendar a morte da baronesa.
Se a versão oficial diz que Laura foi morta por ter desonrado sua família, uma lenda local defende que, na verdade, ela foi morta por causa da ganância de seus executores.
Revelar o caso, portanto, seria uma forma de a cidade resgatar a honra da baronesa, uma figura histórica importante para Carini – além de chamar a atenção para a cidade, que tem no turismo uma fontes de divisas.
O caso
A história oficial conta que o pai dela, Cesare Lanza, teria flagrado Laura e Vernagallo juntos na cama e por isso assassinou os dois. Lanza confessou o crime em uma carta que enviou ao rei da Espanha.
Porém, como a lei da época permitia que, se flagrasse o adultério, um pai poderia matar a filha e o amante para defender sua honra, Lanza foi absolvido em um julgamento.
Mas a lenda local conta uma versão diferente. Lanza teria tido a ajuda de seu genro e marido de Laura, Dom Vincenzo La Grua, o Barão de Carini, para cometer o homicídio. Mais do que isso, eles não teriam matado o casal para resguardar a honra da família, mas sim por motivos financeiros.
O jornal italiano La Stampa conta que o historiador Calogero Pinnavaia revelou que o caso extraconjugal da baronesa não era novidade para ninguém.
O relacionamento entre Laura e Vernagallo já duraria há quatorze anos e gerado oito filhos. Tudo isso com o consentimento do Barão de Carini, que não podia ter filhos e mantinha um casamento apenas de aparências. Por isso, a tese de crime motivado por honra seria falsa.
Na verdade, a nova hipótese é de que La Grua queria a esposa morta porque pretendia casar-se novamente. Além disso, ele teria interesse em livrar-se também de Vernagallo, porque o amante teria direito a parte da herança de sua mulher por ter tido filhos com ela. Já o pai da vítima estaria de olho no dote da filha, relata o jornal italiano.
447 anos depois
O criminologista italiano Marco Strano, que está à frente da investigação, contou à agência de notícias Reuters que a ideia de reabrir o caso partiu de uma brincadeira. "Eu visitei Carini em Junho e quando encontrei La Fata eu o provoquei por não ter resolvido esse assassinato ainda. Então, ele me desafiou a resolvê-lo", contou.
Entre os dias 22 e 25 do próximo mês de Março, um grupo de investigadores da Associação Internacional de Análise Criminalística (ICAA, na sigla em inglês) trabalhará com a polícia siciliana para tentar trazer luz ao caso. O público interessado poderá acompanhar parte dos procedimentos.
Após exumar as ossadas dos amantes assassinados, supostamente enterrados em uma vala sob a cripta da igreja de Carini, os investigadores pretendem usar exames de DNA para confirmar suas identidades.
Examinando os ossos dos dois, eles esperam descobrir se os crimes foram cometidos com duas armas, o que indicaria a presença de dois assassinos, ou com apenas uma.
O grupo também pretende reconstruir no computador a parte do castelo em que o quarto dos amantes ficava, já que esse lado da construção desmoronou. Com base nisso, os investigadores querem retraçar os passos do eventual assassino dentro do castelo até o local do crime.
Além disso, documentos da época serão vasculhados e o perfil psicológico dos envolvidos será desenhado.
"O castelo de Carini vai transformar-se em um verdadeiro encontro de técnicas de investigação, aberto ao público, com seminários e cursos de treinamento", disse Strano em comunicado oficial, revelando que o evento servirá também para atrair atenção para a cidade.
A lenda da baronesa
Por séculos, o assassinato da baronesa tem sido parte da história de Carini.
O castelo da cidade, recentemente restaurado, agora conta com uma visita guiada que conta a lenda do assassinato.
À Reuters, o prefeito La Fata contou que medidores de ondas eletromagnéticas identificaram possíveis sinais de que fantasmas habitam o castelo.
O caso foi dramatizado duas vezes pela rede de televisão italiana RAI em 1975 e 2007, além de ter gerado um poema, livros e a pintura acima.
Imagens in Google
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