Em média, um homem com ejaculação precoce atinge o orgasmo no máximo em três minutos, quando a mulher precisa de sete. Uma solução é trabalhar o 'pára-arranca'.
Há muito mais de instinto de sobrevivência no homem do que se pensa. No que diz respeito ao acto sexual, os homens mais "apressados" não conseguem evitar a ejaculação após três minutos de penetração. E isso separa-os da mulher, que precisa de uma média de sete para ter satisfação. "Nunca se encontram", refere o urologista Vaz Santos. O médico descarta, no entanto, que este intervalo seja uma doença e aconselha a trabalhar o que separa o homem do animal: o erotismo. Simplificando, o pára- -arranca durante o acto sexual.
A ejaculação precoce afecta um em cada cinco homens dos 18 aos 64 anos. O urologista do Hospital de São José e da Pelviclinic, em Lisboa, é taxativo: "Não é uma doença. O homem está apenas mais próximo da escala animal, porque este é um momento em que pode ser atacado e morrer", refere. Actualmente, já existem drogas para atrasar este processo. Mas "apenas o fazem por dois minutos, o que significa que há sempre incompatibilidade com a mulher", refere.
Este é um dos vários problemas que afectam o "diálogo sexual", um idioma que só as duas pessoas envolvidas entendem. "Nem todos os casais estão vocacionados para fazerem sexo. Pode não funcionar e faltar a tal química. Há algo mais do que a parte psicológica. Há uma parte orgânica."
Esta constatação diz tudo sobre a postura do médico. A sua visão é fisiológica, orgânica e contraria o que é um atraso no País: "Uma visão demasiado centrada na abordagem psicológica." A mesma que tem atrasado o conhecimento da mulher e dos seus problemas.
Vaz Santos refere que o pénis é "o termómetro da saúde. Quando falha é porque geralmente está doente. Muitas mulheres dizem que se ele não consegue é porque tem outra. Mas isto é mentira em 80% dos casos. Se estiver saudável e mesmo que não goste da mulher cumpre o dever, porque o período refractário (período entre a ejaculação e a capacidade de ter uma nova relação sexual) oscila entre uma e cinco horas aos 30 anos, até 24 horas se o homem for muito mais velho", refere.
A produção de óxido nítrico, que propicia o relaxamento muscular e a libertação de sangue para os corpos cavernosos, é essencial à erecção. Há substâncias conhecidas que propiciam essa libertação. "Quando isso não acontece, pode haver doenças cardiovasculares. A erecção deixa de ser o problema, mas a sobrevivência." Ao que tudo indica, o uso de medicamentos como o Viagra "podem ajudar a resolver muitos problemas associados à rigidez das artérias. Em muitos casos, não só tratam o problema da erecção como reduzem os riscos cardiovasculares dos doentes", afirma.
Fazer a mulher 'salivar'
O médico refere que 30% das mulheres sentem desejo sexual, mas são incapazes de sentir um estímulo mental para iniciar a actividade sexual. O universo é demasiado grande. Mas o urologista acredita que também não é uma doença. "São as mulheres que não estão para aí viradas na cama. No caso, não sentem o estímulo propiciatório, seja ele visual ou acústico. E compara o sexo a uma refeição: "A mulher pode ter fome, mas olha para os pratos e não tem vontade de comer. Se isso não causa sofrimento, não é doença", refere.
O problema é resolvido "dando a provar o prato. Começa a comer e até se torna agradável. Sente a estimulação local e começa a salivar". Se a mulher não se excitar, aí sim, estamos perante doença, que afecta 5% a 10% das mulheres e tem de ser tratada. "Algumas têm dor antes da relação, só de pensar", adianta Vaz Santos, que enumera os casos de vaginoses e outras infecções que também causam dor e têm de ser tratados (ver caixa em baixo).
Apenas 5% das mulheres não conseguem atingir o 'clímax'
Sobre o orgasmo, "apenas 5% é incapaz fisicamente de o ter e sofrem porque sabem que existe", explica o médico. Neste grupo, incluem-se as mulheres que conseguem dar prazer a si próprias. Uma percentagem de 5% sente um pico de prazer intenso, que não é orgasmo. Mas há 10% das mulheres que representam boas notícias. Ao contrário do homem, retomam o ciclo do acto sexual e têm vários orgasmos. Preocupante é o caso das mulheres com dispareunia, a dor durante a relação ou apenas por sugestão de uma relação. "Há casos menos frequentes, que são os das vaginoses. Outros casos de infecções também têm de ser tratadas."
in DN online, 28-3-2010
Sem comentários:
Enviar um comentário