Cardeais católicos, entre os quais o futuro Papa Bento XVI, acolheram um padre que molestou mais de 200 rapazes surdos, apesar das repetidas advertências dos bispos norte-americanos.
Os ficheiros eclesiásticos agora tornados públicos devido a uma acção judicial contêm uma carta escrita pelo padre Lawrence C. Murphy, acusado de pedofilia, ao cardeal Joseph Ratzinger, em 1996, quando este presidia à Congregação para a Doutrina da Fé, antes de se tornar no Papa Bento XVI.
"Quero simplesmente viver o tempo que me resta na dignidade do meu sacerdócio", escreveu o reverendo Murphy ao cardeal Ratzinger. "Peço a sua ajuda neste assunto", acrescentou. Entre os documentos do processo, a que o "The New York Time" teve acesso, não consta qualquer resposta de Joseph Ratzinger. O padre Lawrence C. Murphy morreu dois anos mais tarde, em 1998, ainda como padre, acrescenta o jornal.
(cartoon de Rodrigo, in Expresso)
O caso de Wisconsin envolve um padre americano, o reverendo Lawrence C. Murphy, que trabalhou numa conceituada escola para crianças surdas, entre 1950 e 1974. Este será apenas um dos milhares de casos que os bispos fizeram chegar ao Vaticano e à Congregação para a Doutrina da Fé, presidida pelo cardeal Ratzinger de 1981 a 2005, escreve o "The New York Times". Este organismo é o responsável por decidir se as acusações seguem para julgamento canónico ou se os padres devem ser despadrados.
Os documentos do Wisconsin mostram, ainda, que três arcebispos do Estado sabiam que Lawrence Murphy abusava de crianças mas essa situação nunca foi comunicada às autoridades civis.
O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, disse ao “New York Times” que este novo caso é "trágico", considerando que o reverendo Murphy abusava de crianças "particularmente vulneráveis", sublinhando a notificação tardia ao Vaticano e que inquéritos preliminares a este assunto foram afastados.
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