Henrique Sotero, o confesso "violador de Telheiras", vai ser defendido em tribunal por José António Pereira da Silva, 60 anos. Trata-se de um advogado habituado a processos mediáticos. Ao serviço do Benfica vários anos, representou o clube, entre outros casos, no processo Ovchnikov, que culminou com a prisão de Vale e Azevedo. Actualmente defende Carlos Cruz num processo contra a TVI.
Parecendo enfrentar agora uma complexa batalha jurídica, José António Pereira da Silva tem a seu favor, no entanto, o facto de a maior parte dos crimes apontados ao seu cliente terem já prescrito. Na verdade, apesar de ter confessado dezenas de violações, Henrique Sotero deverá responder apenas por cinco - tantos quantas as queixas apresentadas às autoridades. Tratando-se de crime semipúblico, as vítimas têm de participar no prazo de seis meses. A maioria optou por não o fazer e os crimes prescreveram.
Desde ontem que aquele engenheiro, de 30 anos, está a ser defendido por um advogado com muita experiência na barra. Ainda antes de ter passado pelo Benfica, José António Pereira da Silva já se havia destacado quando contribuiu para a prisão do conhecido advogado Reinaldo Guerra Madaleno, que foi presidente do clube Ginásio de Alcobaça. Esteve ainda envolvido na absolvição de vários militares da Brigada de Trânsito da GNR acusados de corrupção.
A sua nomeação para este caso foi sugerida por António José Albuquerque, o psiquiatra que há seis meses acompanha Henrique Sotero. "Fui indicado por uma pessoa que me conhece há muitos anos e que conhece o modo como trabalho", disse o advogado ao DN.
Sobre o processo que agora abraça, admite que "vai provocar muitas incompreensões em muitos meios". Mas - adiantou - "o advogado deve exercer a sua profissão a pensar no interesse dos outros. Nós somos o último reduto a que normalmente as pessoas recorrem para se defenderem".
Neste caso, tratando-se de um violador confesso, não será um trabalho confortante. Mas "a defesa não passa sempre por livrar uma pessoa da prisão. Passa também pela garantia de que os seus direitos, enquanto arguido, são respeitados", frisou o advogado.
Recorde-se que o denominado "violador de Telheiras" chegou a confessar a prática de crimes sobre mulheres desde que frequentava a faculdade, ou seja, desde, presumivelmente, o ano 2000. Aquando da sua detenção na sexta-feira passada e numa primeira fase, Henrique "negou terminantemente os factos e chegou a agredir um investigador da PJ", garantiu fonte da Judiciária. Mas, mais tarde, e frente ao juiz, admitiu ter praticado cerca de 40 violações.
Porém, Henrique Sotero deverá ser acusado apenas por cinco crimes de violação, correspondentes às queixas. Segundo a lei, "quem, por meio de violência ou ameaça grave, constranger outra pessoa a sofrer ou a praticar, consigo ou com outrem, cópula, coito anal ou coito oral, ou a sofrer introdução vaginal ou anal de partes do corpo ou objectos, é punido com pena de prisão de três a dez anos."
in DN online, 12-3-2010
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