Cavaco Silva "é Presidente da República há quatro anos e deixa Portugal bem pior do que quando começou". A frase é do médico Fernando Nobre, até agora o único candidato presidencial oficialmente assumido. Em entrevista ontem em directo ao SAPO Notícias, com direito a perguntas dos internautas, o presidente da Assistência Médica Internacional atinge também o principal adversário no espaço socialista: "Gostava de saber que iniciativas o Manuel Alegre tomou em 34 anos de mandato como deputado."
A uma pergunta do jornalista do i sobre como comenta as críticas de apoiantes de Alegre que classificam de "divisionista" a candidatura de Fernando Nobre, podendo facilitar a reeleição de Cavaco Silva, o médico respondeu em tom irónico: "Isso faz-me rir. Para já, que eu saiba, sou o único candidato declarado" e "se alguém vem dividir são aqueles que vêm depois de mim". Além disso, acrescenta Nobre, "há quatro anos, quando o PS teve um candidato oficial, isso não impediu Manuel Alegre de se candidatar e dividir todo o eleitorado do seu partido". Mais: "Isso foram foguetes que foram sendo lançados, e tenho muita pena que ele tivesse começado por aí, que eu fui empurrado por a, b, c ou d." Em suma: "É até triste que se vá por aí."
O Presidente da República é, porém, o alvo preferencial das críticas de Fernando Nobre. Por exemplo quando ataca Cavaco Silva pelo seu silêncio durante a visita à República Checa perante as críticas do homólogo Václav Klaus a países com défice excessivo: "O Presidente checo fez considerações ofensivas sobre a economia portuguesa. Eu não permitiria a nenhum dos meus homólogos que dissessem mal do meu país."
O caso das escutas a Belém também serve de campo de batalha eleitoral para o presidente da AMI: "Se o o Presidente da República tinha a certeza que estava a ser escutado pelo primeiro-ministro, só podia fazer uma coisa, que que era demiti-lo. E acrescenta: "Com desconfiança no topo do Estado não há governação possível. Se não tinha a certeza, tinha de ficar calado."
Manuel Alegre volta a ser atingido por Fernando Nobre a propósito de uma pergunta do jornalista do SAPO Notícias Marco Leitão Silva sobre se existem culpas a atribuir pelo actual rumo do país, com o défice público e o desemprego a crescerem: "Alegre e Cavaco estão na política há mais anos que eu. Têm mais responsabilidades que eu na actual situação do país", responde o presidente da AMI, repartindo as responsabilidades entre os dois adversários.
Cavaco Silva é ainda acusado de poder ser parcial no modo como exerce o cargo, desde logo a favor do PSD, de que foi militante durante muito tempo: "O Presidente tem de ser efectivamente supra-partidário. Se eu for jogador do Benfica ou do Sporting durante 20 anos e depois passar a árbitro, não vou ser objectivo. São fenómenos humanos."
"Estamos numa situação em que o normal funcionamento do Estado não está a acontecer, e isso também por culpa do senhor Presidente da República", dispara Fernando Nobre, justificando que "termos tido eleições separadas prejudicou o calendário do Estado", no que diz respeito, por exemplo, à aprovação do Orçamento do Estado. O médico referia-se aqui ao facto de as eleições legislativas e autárquicas não terem decorrido em simultâneo. Curiosamente, o PS rejeitou essa hipótese na altura.
"Tenho o objectivo determinado de não perder a minha alma e de não deixar de ser quem sou", declara o candidato, que se afirma independente e diz estar para além da esquerda e da direita.
1 comentário:
Fernando Nobre é uma personagem admirável, com uma profissão das mais importantes na sociedade´e cuja acção é motivo de orgulho para todos os Portugueses.
Não vejo necessidade de ele atacar outros candidatos.
Helder Fráguas
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