A prática é conhecida e comentada em surdina por todos os que frequentam os estabelecimentos de restauração da Cidade Velha onde fica situado o edifício da Câmara Municipal. Mas foi o social-democrata Macário Correia quem colocou o dedo na ferida ao ser o primeiro autarca em Portugal a acusar publicamente os funcionários de passarem “horas do tempo de serviço pago pelos contribuintes em amena conversa nos bares”.
O autarca do PSD assinou um despacho interno proibindo as pausas prolongadas. O aviso é claro: qualquer situação do género que seja detectada “será tratada como ausência injustificada e resolvida nos termos da lei”. ´
A justificação prende-se com o facto de haver “milhares de processos em atraso” e de cidadãos e empresas à espera “ansiosamente por respostas a que têm direito”. Enquanto isso e em vez de estarem nos seus postos de trabalho, “dezenas de funcionários passam horas do tempo de serviço pago pelos contribuintes em amena conversa nos bares”, lê-se no despacho assinado pelo presidente da Câmara.
“Se você estivesse meses e meses à espera de um despacho e não o tivesse porque o funcionário que deveria tratar disso passava a maior parte do tempo no café, certamente não gostaria”, exemplificou Macário Correia, ao JN. Foi precisamente por ter detectado algumas destas situações que o autarca decidiu cortar o mal pela raiz.
O presidente da Câmara Municipal de Faro esclarece que “são admitidas pausas para comer, beber e fazer as necessidades fisiológicas, desde que disciplinadas”. No entanto, diz, “cabe às pessoas ter sentido de responsabilidade para usar essas pausas com parcimónia”.
Na nota interna é também definido um novo horário para o funcionamento do bar existente no interior dos Paços do Concelho.
Se antes o bar funcionava em horário contínuo, desde manhã até às 16 horas, a partir de agora passa a abrir portas das 7 às 10 da manhã e das 12 às 14.30 horas. E garante: “em caso de abuso reiterado, será reduzido o horário ou encerrado” aquele espaço.
A mão pesada de Macário Correia em relação a este tipo de casos já se fazia sentir quando era líder da Câmara de Municipal de Tavira.
Um funcionário relatou ao JN um episódio que é disso exemplo. Provavelmente farto dos abusos de alguns trabalhadores, Macário Correia deslocou-se pessoalmente a um estabelecimento onde um grupo de funcionários municipais ingeria bebidas alcoólicas durante o horário de trabalho. "Cumprimentou-os e sem lhes dirigir mais palavras, foi ao balcão do estabelecimento comercial, pediu a conta da mesa onde estavam os trabalhadores da autarquia e pagou. Quando os funcionários regressaram à Câmara, tinha acabado de lhes ser instaurado um processo disciplinar", contou a fonte, sem se identificar.
in JN online, 22-6-2010
Hino dos Encostados Públicos de Portugal:
Nota do Zorate:
A essência deste vídeo é-nos revelada logo no inicio: "ás duas da tarde, é tempo de entrar, outra vez, e esperar pelas cinco e meia"...
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