Destas mãos que falam, saem gritos d'alma, gemidos de dor, às vezes, letras com amor, pedaços da vida, por vezes sofrida, d'um quase iletrado escritor. Saem inquietações, também provocações, com sabor, a laranjas ou limões. Destas mãos que falam, saem letras perdidas, revoltas não contidas, contra opressões, das nossas vidas! (Alberto João)

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Hugo Chávez: Um ditador democraticamente eleito...


O Presidente venezuelano ganhou o referendo de domingo que lhe permitirá recandidatar-se automaticamente e sempre a partir de 2012. Assim que o resultado começou a tomar forma definitiva, uma maré humana de vermelho invadiu as ruas de Caracas e outras cidades.
Contados 94,2 por cento dos votos, o “sim” soma 54,36 por cento e o não apenas 45,63. O resultado provisório foi anunciado pelo responsável da Comissão Nacional de Eleições, Tibisay Lucena.
“É uma nítida vitória do povo e da revolução”, declarou Chávez. “A verdade triunfou sobre a falsidade, a dignidade da pátria ganhou aos que a negam, a constância venceu”, acrescentou, triunfal.
Mal os números foram conhecidos, milhares de partidários do Presidente que tem como programa a “refundação” da Venezuela saíram às ruas, na capital e outras cidades, para festejar a vitória, extensiva aos principais aliados. As emendas constitucionais aprovadas permitirão a reeleição também de vários aliados tácticos – governadores, presidentes de câmara e vereadores.
“As portas do futuro estão bem abertas”, lançou o Presidente aos seus apoiantes. “Em 2012 haverá eleições presidenciais, e a não ser que Deus decida de outra maneira, a não ser que o povo decida de outra maneira, este soldado já é candidato”. De acordo com as regras existentes, o Presidente estava limitado a dois mandatos de seis anos. Agora, a população deu a luz verde para uma mudança constitucional que acaba com esse limite.
A AFP descreve o momento do anúncio dos resultados oficiais como uma explosão de alegria e uma chuva de fogo-de-artifício. “Chávez estará no poder até o povo o desejar, porque aqui o povo é quem manda. Não há lugar para a ignorância. Os bons governantes têm a aprovação do povo, e quando são maus, serão punidos”, resumiu à agência francesa José Rodríguez, estudante universitário, e um dos que se vestiram de encarnado (a cor dos chavistas) para apoiar o Presidente.
Foi espontaneamente que centenas de pessoas convergiram para o palácio Miraflores e milhares enchiam as ruas da capital. Diazmelis Benítez, trabalhadora numa clínica do bairro popular Catia, explicava o porquê da festa: “Chávez é um Presidente que ama o seu povo e lutou por ele. É verdade, rodeou-se de pessoas más, mas ele deseja o melhor para nós”.
Uma grande parte da popularidade do Presidente vem do investimento na educação, saúde e apoio à alimentação nos bairros mais desfavorecidos de Caracas e outras zonas mais remotas do país. Há dez anos que governa a Venezuela, agora recebeu luz verde dos eleitores para prolongar a sua permanência no poder.
Chávez prometeu usar esta vitória no combate ao crime - são 13 mil os homicídios por ano - e à corrupção, e para consolidar o socialismo. A sua popularidade tem sido paga com os lucros da venda de petróleo, que têm vindo a decair abruptamente devido à recessão global. Por isso, o Presidente teve que avisar que novas medidas terão de ficar adiadas até ao próximo ano.
Os observadores internacionais afirmaram que a votação foi transparente e justa, e os opositores não pretendem contestar os resultados. O que não significa que todos tenham considerado o processo acime de toda a suspeita. O líder da oposição Leopold Lopez afirmara à BBC que a campanha foi tendenciosa: “Em dez anos tivemos 15 eleições, 15. E esta foi a mais desigual, a mais abusiva de todas... Por isso é que vimos mais propaganda para votar sim”.
.
in Público online, 16-02-2009

Sem comentários:

Contador, desde 2008:

Localizador, desde 2010:

Acerca de mim

A minha foto
"Horta do Zorate" é o blogue pessoal de Alberto João (Catujaleno), cidadão do mundo em autoconstrução desde 1958.