Destas mãos que falam, saem gritos d'alma, gemidos de dor, às vezes, letras com amor, pedaços da vida, por vezes sofrida, d'um quase iletrado escritor. Saem inquietações, também provocações, com sabor, a laranjas ou limões. Destas mãos que falam, saem letras perdidas, revoltas não contidas, contra opressões, das nossas vidas! (Alberto João)

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Namorados de Barcelos disputam em Tribunal prémio do Euromilhões...

Podiam ter uma vida milionária, mas são a prova de como o dinheiro pode mudar a vida para pior. Um casal de namorados de Barcelos ganhou o Euromilhões e digladia-se, há dois anos, pelos 15 milhões de euros em tribunal.

A verba, que daria para viver faustosamente, está bloqueada numa conta comum, por ordem do Tribunal de Lisboa, depois de os namorados, ambos na casa dos 22 anos, terem terminado a relação, movidos por desentendimentos quanto à propriedade legítima do dinheiro.

As partes envolvidas não quiseram falar ao JN, mas as conversas nos cafés e em toda a vizinhança revelaram os segredos que as duas famílias, a custo, tentaram manter. As bolas sorteadas saíram no dia 19 de Janeiro de 2007, através de um boletim preenchido no Café Brandão, em Alvelos, mesmo a meio do percurso que separa as casas dele, em Courel, e dela, em Remelhe.



Quem o registou? Conhecidos da rapariga dizem que foi ela, amigos do rapaz dizem que foi ele. Sabe-se, no entanto, que era uma prática semanal do casal, antes do arrufo. "O dinheiro é como o diabo que se mete no corpo. Se não fosse o Euromilhões, já estavam casados", conta um vizinho. Muita coisa mudou desde o dia em que o prémio foi festejado. "Ele perdeu o namoro, foi ela que terminou, mas ela também não ficou melhor, porque vive com medo. A mãe até andou receosa que a raptassem", assegura uma vizinha.

No Café Brandão, que se vangloria de ter dado o prémio dado através de um cartaz colorido, nem sequer se conhecem os intervenientes desta história rocambolesca. "Só soube que o recibo premiado tinha sido registado cá, pela listagem da Santa Casa. Eles foram directamente buscar o prémio a Lisboa", conta o proprietário. À capital, foi uma comitiva composta pelo rapaz, a namorada e os pais desta, que assinaram, logo depois, uma conta com quatro titulares, de onde só terão gozado o primeiro ano de juros.

Há quem diga que os pais não deviam ter-se metido ao barulho. Quer numa como noutra freguesia, as duas famílias quiseram, por precaução, esconder o facto de serem euromilionários, mesmo quando os rumores aumentavam de consistência. Conta-se que foi quando o jovem de Courel demonstrou ter intenção de dar algum dinheiro aos irmãos e ao pai, mais por partilha do que por necessidade, que a família dela se opôs.




Terminou-se o namoro e no epicentro da discussão passou a estar: afinal de quem é o dinheiro? De quem registou o boletim, de quem o encomendou ou de quem escolheu os números? "O miúdo teve de pôr uma providência cautelar porque a outra parte quer o dinheiro todo e não metade", contam. A conta está, desde então, bloqueada, à espera que o processo, que pode vir a transitar para o Tribunal de Barcelos, chegue ao término.

"Isto é um pandemónio. Agora, sem nome, o prémio é de quem levar o recibo. Antes, o Totoloto levava o nome, hoje em dia é tudo à balda", insiste um habitante de Courel.
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in JN online, 11-02-2009

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"Horta do Zorate" é o blogue pessoal de Alberto João (Catujaleno), cidadão do mundo em autoconstrução desde 1958.