O Paraíso Perdido de África tem estreia marcada para este domingo.
“Nós, americanos, amamos a National Geographic e todos sonhamos fazer parte, um dia, de uma das suas equipas de filmagens. Partir à aventura”, dizia Greg Carr, presidente da Fundação Carr, filantropo e principal motor do projecto de reabilitação do Parque Nacional da Gorongosa, durante a apresentação em Lisboa do mais recente documentário produzido pela National Geographic Television. “E quando eles chegaram à Gorongosa foi um sonho que se tornou realidade”, rematou com um sorriso de satisfação.
“Africa’s Lost Eden”, ou “O Paraíso Perdido de África”, teve um longo período de produção: dois anos no total, 100 horas de filme e cerca de um ano em trabalhos de edição. O resultado tem estreia marcada para dia 7 de Fevereiro (20h00), no canal da National Geographic e não desilude – abre, antes, o apetite (e vai abrir também o Environmental Film Festival que se realiza entre 16 e 28 de Março Washington DC). Ao longo dos quase 60 minutos de documentário, impressionam as paisagens e o regresso dos animais selvagens, mas sobretudo o esforço e dedicação investidos neste projecto de recuperação de um dos parques africanos que já foi considerado um dos melhores de todo o continente e que a guerra civil moçambicana quase destruiu.
“Existem 900 parques nacionais em toda a África e é também em África que está um terço de toda a biodiversidade do planeta”, explicou Greg Carr. “Todos estes parques estão em perigo.” Ou seja, o sucesso do projecto Gorongosa “pode ser o sinal de esperança de que as pessoas precisam para acreditarem que é possível” recuperar estes tesouros naturais de forma sustentada - não apenas a favor da fauna e da flora, mas, mais importante do que isso, a favor das populações locais. “Precisamos ajudar as pessoas a sair da pobreza”, explicava Carr em Lisboa, justificando o objectivo com um argumento simples e definitivo: “Porque gostamos delas e essa é, na verdade, a razão principal” – neste caso, o que acontece na Gorongosa tem o poder de influenciar a vida de cerca de 200 mil pessoas das comunidades rurais nos distritos em volta. E a par da revitalização da fauna e da flora do parque, avançam também projectos na área da saúde e da educação.
A chave para um parque económicamente viável e capaz de se auto-sustentar será o turismo. No Chitengo já se recebem turistas para pernoitar com qualidade de 5 estrelas, mas o projecto vai ainda no adro. Para recuperar esta área protegida de 3.970 km2, a Fundação Carr e o governo de Moçambique selaram um acordo de 20 anos. Contas feitas, o filantropo norte-americano estima investir um total de 40 milhões de dólares para fazer renascer a Gorongosa, contando com a contribuição de outros doadores, como a Cooperação Portuguesa, por exemplo, que apoia com meio milhão de dólares por ano o novo centro educativo do parque.
“O Paraíso Perdido de África” conta o princípio desta aventura em Moçambique – do sonho aos contra-tempos e às pequenas e grandes conquistas. E serve de convite para começar a pensar em voar rumo aos pés do grande vale do Rift, passar o portão à responsabilidade dos guardas Escova e Pereira e seguir ao vivo o dia-a-dia da nova Gorongosa que promete ser um caso de sucesso africano.
in "i" online, 07-02-2010
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