"Desnudo, hojas verdes y busto"
Foi amante, modelo, mãe e chegou a andar aos estalos com outra mulher por causa de Picasso. Mas a musa do quadro mais caro de sempre acabou pobre, suicidando-se quatro anos depois da morte de Picasso. Marie-Thérèse Walter é a loira que aparece deitada, sem roupa, em "Desnudo, hojas verdes y busto", de 1932, arrecadado ontem por 80 milhões de euros na Christie's, de Nova Iorque. O retrato da francesa faz parte de uma série de obras mais sensuais e foi comprado em nove minutos.
Marie-Thérèse Walter já é conhecida no mercado de arte. O seu nome é sinónimo de milhões de euros. Os retratos da amante de Picasso são sempre mais luminosos, alegres e sexuais. Em "La Rêve" o artista pintou a amante sentada, com um seio de fora. Os mais atentos encontram, no rosto da musa, um pénis que simboliza Picasso. A obra chegou aos 108 milhões de euros, mas a venda nunca se concretizou. O dono do quadro estragou-o por acidente, ao enfiar um cotovelo na tela, antes de o entregar. A obra foi recuperada, mas nunca vendida.
À pancada por amor Marie-Thérèse Walter tinha 17 anos quando viu pela primeira vez o espanhol Pablo Picasso à porta das Galerias Lafayette, em Paris. O pintor de 45 anos era casado, já tinha um filho, mas não resistiu aos encantos da loira.
Até 1935 mantiveram a relação em segredo. Marie-Thérèse morava perto da casa de Picasso e da sua primeira mulher, Olga Khokhlova, uma bailarina russa. A francesa trabalhava como modelo do pintor, quer para quadros ou esculturas e era uma espécie de sombra da família. Marie chegou até a fazer de enfermeira do filho do casal, Paulo. Olga descobriu tudo graças a um amigo que não aguentou mais mentiras. Na altura, Marie já estava grávida de Maya. Olga não hesitou e deixou o marido.
Picasso separou-se e foi viver com Marie e a primeira filha. O romance só durou um ano, até o pintor encontrar outra musa. Mais uma vez uma modelo, desta vez, Dora Maar. Marie-Thérèse começou a desconfiar e reza a história que quando a viu pela primeira vez chegou a andar aos estalos com ela. Picasso queria ficar com as duas e contou mais tarde que a cena de pancadaria era uma das suas "memórias favoritas".
Em 1940, Marie e a filha mudaram-se para Paris e continuaram a ser sustentadas por Picasso. A modelo correspondia-se com o pintor, mas a última vez que se viram foi em 1955. As razões do suicídio da modelo são um mistério. Segundo a neta, Marie era muito sentimental e emocionalmente perturbada. Os biógrafos de Picasso têm outra explicação: nunca esqueceu o artista.
Texto in "i" online, 06-5-2010
Imagens in Google
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