«O presidente da Associação Sindical dos Juízes diz que há uma perseguição dos políticos aos magistrados: "Estamos a pagar a factura de ter incomodado, nas investigações e no trabalho jurisdicional que fazemos, os boys do Partido Socialista."
Temos assim que para o juiz António Martins o Estado português se explica como uma luta entre polícias e ladrões. Cá de baixo, sinto-me pequenino. Amanhã, uns colegas do Martins investigam e processam um ministro ou um deputado, e vejo o acusado a responder à la Martins: "Eu não fiz nada! Esses procuradores e esses juízes é que se estão a vingar porque eu pertenço ao Governo [ou ao Parlamento] que lhes tirou 20% de subsídio de renda de casa." Bola de pingue-pongue é o que me sinto entre raquetas de chantagistas. Com uma diferença. Se os deputados no dia 29, aprovando o Orçamento do Estado, cortarem os tais 20% aos magistrados, estão a zelar pelas contas públicas. Bem ou mal, é discutível, mas fazem aquilo para que são pagos. Já o juiz Martins quando se refere à actividade dos seus escolhe um verbo peculiar: incomodar. Mas eu pago-lhes para incomodar?! Eu pago aos magistrados para investigarem os criminosos e condenar. Qual a lista dos deputados e ministros condenados? É que isso de incomodar não é de órgão de soberania, é de quem sopra acusações e depois nada prova. E a esses eu tirava 100% do subsídio de renda.»
in DN online, 20-10-2010
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