Destas mãos que falam, saem gritos d'alma, gemidos de dor, às vezes, letras com amor, pedaços da vida, por vezes sofrida, d'um quase iletrado escritor. Saem inquietações, também provocações, com sabor, a laranjas ou limões. Destas mãos que falam, saem letras perdidas, revoltas não contidas, contra opressões, das nossas vidas! (Alberto João)

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Passei por 'Aqui e Agora' do juiz Helder Fráguas e...não gostei daquilo que encontrei!

'COM DUAS CANTIGAS'



«Há casos em que o juiz fica convencido de que o arguido está genuinamente arrependido, preparado para pagar pelo que fez e disposto a minimizar as consequências do seu erro.

Isso tanto pode ocorrer em crimes de tráfico de droga, assaltos à mão armada ou burlas. Mas também em situações de menor importância.

Certa vez, eu tinha como arguida uma conhecida cantora. Ela iniciou-se muito cedinho na vida artística. Ainda adolescente, apresentou o programa infantil “Buereré”. Actualmente, é um ícone feminino e tem uma legião de fãs, que lhe aprecia os seus dotes vocais e as qualidades enquanto modelo.

A queixosa era uma senhora que seguia ao volante de um carro, na faixa “bus”, destinada aos transportes públicos. Ao pretender passar a circular na via mais à esquerda, deparou-se com a viatura onde se encontrava a cantora.

Não houve colisão, mas gerou-se um certo conflito. Ambas as senhoras saíram das respectivas viaturas e iniciou-se uma altercação.

No julgamento, a arguida demonstrou uma grande humildade, sem tiques de vedeta.

Determinei que ela iria pagar uma indemnização à queixosa. Além disso, concedi-lhe um prazo de 30 dias para entregar a quantia de três mil euros à Cruz Vermelha. Estabeleci que, no prazo de dois anos, ela não poderia cometer mais nenhuma infracção, sob pena de poder ser presa. Modestamente, ela garantiu-me: eu poderia estar certo de que nada aconteceria. E assim foi. Nunca mais se envolveu em qualquer quezília.

Muito antes de decorrer o prazo estabelecido, efectuou o donativo à Cruz Vermelha.»




Notas do Zorate:
Quem conhece o meio artístico percebe que a condenada foi Ana Malhoa.
Aliás, Helder Fráguas di-lo expressamente no seu Facebook.
Não conheço pessoalmente a condenada, nem sou admirador do seu estilo musical. 
Na minha modesta opinião, Helder Fráguas ao divulgar este caso na internet, esteve mal e confundiu Justiça com Humilhação.
Não é bonito ver um Magistrado gabar-se nas redes sociais de ter condenado Fulano e Sicrano.
Já li e apreciei relatos seus, de acontecimentos passados em Tribunal, mas onde teve o cuidado de omitir os nomes dos intervenientes.
Estou convencido que Helder Fráguas tem qualidades humanas para se afirmar na vida, sem estas caganças.


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"Horta do Zorate" é o blogue pessoal de Alberto João (Catujaleno), cidadão do mundo em autoconstrução desde 1958.