Destas mãos que falam, saem gritos d'alma, gemidos de dor, às vezes, letras com amor, pedaços da vida, por vezes sofrida, d'um quase iletrado escritor. Saem inquietações, também provocações, com sabor, a laranjas ou limões. Destas mãos que falam, saem letras perdidas, revoltas não contidas, contra opressões, das nossas vidas! (Alberto João)

sexta-feira, 13 de março de 2009

Pensava que isto não acontecia numa Câmara gerida por "comunistas", mas...aconteceu em Almada!

Casal e três filhos dormiram ao relento

"Mantas e cobertores serviram de tecto a um casal e três filhos, que viram esta quinta-feira a casa onde viviam há 13 anos ser demolida, no Feijó, Almada. Dormiram na rua, porque nem a Câmara nem a Segurança Social lhes deram apoio.

Paulo e Célia Maia, ambos de 36 anos, e os três filhos, de 1, 8 e 13 anos, foram alvo de uma acção de despejo e alegam ter sido enganados pelo assistente social que lhes tem acompanhado e pela proprietária. "Esta família que foi desalojada foi coagida. O senhor não sabe ler e a Segurança Social veio cá com um papel há um mês para ele assinar", adiantou, ao JN, Sara Delgado, advogada que está a tentar ajudar a resolver o caso.

"Foi-lhe dito para assinar, que era para o bem dele. O bem dele é estar agora na rua com os filhos", adiantou, lembrando que há 13 anos foi feito um pedido de realojamento à Câmara de Almada. "Daqui não saio até à Câmara resolver o meu caso", diz Paulo Maia, garantindo que a família vai continuar a dormir na rua até que seja encontrada uma solução.

"Temos uma família a dormir na rua à espera que alguém decida ajudá-la. E andam todos no jogo do empurra. A Segurança Social diz que não tem nada a ver com o assunto e remete para a Câmara e esta para a Segurança Social", contesta Cristina Sousa, uma residente na zona.

As famílias referem que o terreno em causa será em breve doado à Câmara de Almada, mas a autarquia nega qualquer responsabilidade pela demolição. "É perfeitamente alheia à Câmara. Foi uma acção de um particular que interpôs uma ordem de despejo, que foi aceite pelo tribunal", adiantou, ao JN, o vereador da Habitação Social, Rui Jorge.

O motivo para o despejo terá sido a ocupação não autorizada das construções, o que é negado pelas cinco famílias. "São arrendatários. A senhoria neste momento não quer aceitar as rendas, mas pelo menos dois deles já criaram uma conta onde depositam o dinheiro todos os meses", explica a advogada Sara Delgado.

Contabilizando a família desalojada ontem, estão em risco 20 pessoas, metade das quais crianças, cujas habitações deverão ser demolidas.

"Mesmo que não houvesse demolição, é desumano a forma como vivemos. Eu, por exemplo, tenho uma fossa a céu aberto dentro de casa", conta Hugo Maia, de 34 anos, que vive há 13 anos na Quinta das Amoreiras.

A Câmara de Almada garante que para já não pode assegurar o realojamento. "Temos pedidos de habitação para aquelas pessoas, mas não temos capacidade para realojar toda a gente", diz o vereador Rui Jorge."

in JN online, 13-3-2009



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