(Mano Silva, primeiro da esquerda em cima, com a equipa de Iniciados do clube)
"O presidente do Grupo Desportivo Ericeirense começa a ressentir-se do cansaço ao fim de dois dias de greve de fome, a que recorreu por estar a ver os seus bens pessoais a serem penhorados por dívidas do clube.
"Sinto-me muito cansado, em especial depois de estar a falar aos jornalistas e às centenas de pessoas que aqui têm passado e me têm dado o seu apoio", disse hoje à Lusa, cerca das 16h, Mano Silva. "A médica alertou-me que a minha tensão está mais baixa e mandou-me dosear o açúcar na água e dormir no mínimo 12 horas, mas tenho dormido pouco", acrescentou.
Mano Silva, "consciente do risco de vida", iniciou a greve de fome às 11h00 de terça-feira, como forma de pedir ao Governo e à Câmara Municipal de Mafra, que "foram parte dos problemas" do clube, que sejam agora "parte da solução". O dirigente acusa as duas entidades de terem contribuído para a falta de receitas no clube da 1ª Divisão Distrital de Honra de Lisboa.
Contactada pela Lusa, a Câmara Municipal de Mafra escusa-se a comentar.
"Estivemos seis anos à espera que a Câmara autorizasse a instalação de uma superfície comercial em terrenos anexos ao estádio", justifica o dirigente. Por outro lado, acusa a autarquia e o Governo de não terem dado estatuto de utilidade pública ao Grupo Desportivo Ericeirense, condição necessária à instalação de um espaço para se jogar bingo, que iria em 2003 não só "cobrir as dívidas" do clube como garantir uma receita mensal, cujo valor não foi avançado.
As dívidas à banca, avaliadas em um milhão de euros, foram contraídas em 2001 através de dois empréstimos, que tiveram como fiador o próprio presidente do clube. O dinheiro destinava-se a financiar as obras do complexo desportivo e a aquisição do terreno para a superfície comercial.
Devido à falta de verbas do clube, os bens pessoais do dirigente estão a ser penhorados por ordem judicial devido a uma dívida que, com os juros, subiu para os dois milhões de euros. "Já vendi dois apartamentos para honrar os compromissos do clube e está já em execução a penhora de um prédio de quatro pisos, um apartamento e um terreno", diz Mano Silva, que em Maio corre o risco de ficar sem casa e sem quaisquer bens pessoais.
Mano Silva, que está dia e noite no estádio do Ericeirense, tem ingerido apenas água e um chá com açúcar. O dirigente tenciona, "a partir de segunda-feira, deixar de ingerir quaisquer líquidos", se não forem encontradas as soluções para o pedido de ajuda que tem vindo a fazer.
O empresário foi hoje visitado pelo presidente da Liga de Clubes de Futebol Não Profissionais, Dias Ferreira, que foi ao local manifestar apoio ao dirigente desportivo."
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in Expresso online, 16-4-2009
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