«Costa Martins, um dos poucos militares da Força Aérea que se envolveu na Revolução de Abril, morreu no sábado, quando a avioneta onde seguia com um amigo caiu em Montemor-o-Novo. O outro piloto, Sousa Monteiro, ex-comandante da TAP, também faleceu.
José Inácio Costa Martins, 72 anos, nascido em Messines, Silves, e actualmente a dividir o seu tempo entre o Algarve e Lisboa, foi um dos peões da Revolução de 25 de Abril de 1974. Nessa madrugada, o capitão da Força Aérea tomou sozinho a base aérea de Figo Maduro e o aeroporto da Portela, dois pontos estratégicos para o sucesso do golpe de Estado, mercê de um bluff com que iludiu os oficiais de serviço, leais ao Governo. Disse--lhes que a revolução estava em curso e que a base se encontrava cercada por militares, mas a verdade é que, ao contrário do que tinha sido combinado, as forças terrestres, provenientes de Mafra, não tinham ainda chegado.
A sua "acção dedicada" e "coragem enorme" - qualidades ontem realçadas por Otelo Saraiva de Carvalho, que dirigiu as operações a partir do Quartel da Pontinha - valeram-lhe o convite do presidente da República, António de Spínola, para integrar os conselhos de Estado e da Revolução. Entre Julho de 1974 e Setembro de 75, viria a ocupar o cargo de ministro do Trabalho nos quatro governos provisórios liderados por Vasco Gonçalves.
Teve como secretário de Estado Carlos Carvalhas, ex-líder do PCP, que o recorda como homem "corajoso", que se pautou pela "justiça social" e por defender "com grande equilíbrio os interesses dos trabalhadores e da Democracia". Basílio Horta, presidente da AICEP, que o conheceu nos anos "conturbados" de 74 e 75, quando era dirigente da Confederação da Indústria Portuguesa, elogia-lhe a "correcção". "Era um homem impulsivo, mas com uma grande vontade de equilibrar as coisas", disse ao JN, recordando reuniões que decorriam com manifestações sindicais à porta.
Apontado como um dos mentores do 25 de Novembro, golpe que foi travado pelos militares moderados, Costa Martins foi "demitido" da Força Aérea. E viu o seu nome envolvido no que classificaria como a "sórdida cabala" do "Dia do Salário para a Nação", boato que o indicava como tendo fugido do país com os 13 mil contos da iniciativa.
Refugiou-se em Angola, de onde regressou em 1978. Ilibado da acusação pela Justiça, avançou com uma acção contra o Estado e não descansou enquanto não voltou a ser integrado na Força Aérea e recebeu todos os vencimentos e o posto de coronel, a que tinha direito se a sua carreira não tivesse sido interrompida. »
in JN online, 08-3-2010
Nota do Zorate:
Sou Cristão.
Por isso, gosto mais desta versão do que daquela que aqui editei ontem.
Mas...a vida já me ensinou que em qualquer conflito há, regra geral, três versões.
Uma de cada lado do conflito, e uma terceira: a verdade.
Paz à sua alma...
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